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“100% da produção perdida”: o drama vivido pelos agricultores na Ilha dos Marinheiros

A agricultura familiar que chega à mesa dos rio-grandinos, é uma das áreas mais afetadas durante as cheias e as tempestades em Rio Grande. De acordo com o IBGE, no Rio Grande do Sul, 81% dos estabelecimentos rurais, são de agricultores familiares. As pequenas propriedades rurais, base econômica de municípios gaúchos, contribuem para compor o café, o almoço e o jantar de milhares de famílias.

A Sidneiva Ferreira, 56 anos, possui uma chácara na Ilha dos Marinheiros, na localidade do Porto do Rei. Durante a cheia da Lagoa dos Patos, Sidneiva perdeu toda a sua plantação de brócolis, couve, alface e temperos.

Três hectares de plantações com produções que eram comercializadas no centro de distribuição no hortifrutigranjeiros, em mercados e que faziam parte da merenda escolar das escolas públicas, foram perdidos. “100% da produção perdida. Perdi todo o tipo de hortifrutigranjeiros. Nós plantávamos de tudo um pouco, para suprir a necessidade das escolas”, lamentou. A agricultora participa do Programa Nacional de Agricultura Familiar (PNAE) que garante a alimentação da educação básica com o repasse de alimentos às escolas, adquirindo os produtos, preferencialmente, da agricultura familiar.

O drama vivido por Sidneiva não é uma realidade única. Assim como ela, todos os moradores da Ilha dos Marinheiros tiveram perdas em suas plantações. Há agricultores que perderam 100% da plantação de cebola e a totalidade da plantação de alface.

A localidade é uma das mais prejudicadas, porque vinte e sete rios oriundos do centro e do norte do estado, desaguam na Lagoa dos Patos. O desague do Vale do Taquari já era esperado na Lagoa dos Patos, após as enchentes da região, no dia 04 de setembro. Desde então, Rio Grande e os municípios do entorno, convivem com o medo de serem atingidos pelas cheias. Além disso, o volume de chuvas elevado, superior a 400 mm na cidade, durante 21 dias, colaborou para as inundações. O nível da água na Lagoa dos Patos, chegou a ficar a 100 cm acima no normal. Uma circunstância desoladora que impactou levando o trabalho e meio de sobrevivência de muitas famílias.

Sem apoio e acesso à políticas públicas que ajudem a minimizar os danos provocados, os agricultores familiares da Ilha dos Marinheiros convivem com as perdas, sem saber o que fazer a partir de agora: “Até o momento ninguém nos procurou pra saber nada. Nem na minha chácara e nem na chácara dos vizinhos, porque estão todos os agricultores aqui na Ilha na mesma situação. Até agora não veio nenhum órgão público pra ver os estragos e pra mais nada”, disse Sidneiva.

A Defesa Civil de Rio Grande informou, nesta sexta-feira, 22 de setembro que há mais de 80 pessoas desalojadas e 24 desabrigadas.

Jornalista Thuanny Cappellari/RIO GRANDE TEM

Foto: Arquivo Pessoal/Sidneiva Ferreira

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