1500
Muito tempo atrás, o mesmo céu limitava o espaço sobre nossas cabeças e o mar ainda era azul, profundo e inexplorado. As caravelas rompiam as ondas e sua tripulação tinha sede. A força motriz era o vento do Atlântico que tomava rumos desconhecidos, ou apenas acalmava, mandando as embarcações para onde somente séculos mais tardes poderiam ser reencontradas, caso resistissem às intempéries do fundo do oceano.
Bravos eram os que mantinham o curso; ou ricos, por terem braços fortes queimados pelo sol, pelo nascimento e pelo ferro em seus porões para superar a calmaria de Netuno, Thor, ou a vontade Divina do Espírito Santo.
O cheiro encantador da virgindade desnuda, carregado pelas correntes do fim do mundo, atingia as narinas dos exploradores e aquecia seus corações; reafirmava suas convicções e inspirava os bardos, poetas e trovadores.
Como uma descoberta da adolescência, o verde se ergue no horizonte e a mata imaculada terá seu âmago deflorado. Haverá choro, haverá dor, e, ao final, apontarão os dedos, deixando para sempre a pergunta:
“Será que valeu a pena?”
Autor: Pedro Porciúncula/Inspira
Foto: Pixabay