285ª Festa de São Pedro: celebração eucarística e carreata marcam a festa do padroeiro
Na gélida e ventosa manhã desse 29 de junho, aconteceu às 10h, na Catedral, a Missa Festiva em honra a São Pedro, padroeiro da cidade do Rio Grande. As leituras propostas traziam reflexões da Vigília da Solenidade de São Pedro e São Paulo que será celebrada por toda a Igreja no próximo domingo. Mas em Rio Grande, como já é tradição, essa liturgia é antecipada no dia do padroeiro.
Para Dom Ricardo Hoepers, Bispo da Diocese do Rio Grande, as respectivas narrações dos primeiros momentos da igreja primitiva são carregadas de aprendizados relacionados às vidas de São Pedro e São Paulo. “Uma das frases mais belas de São Pedro que, inclusive, eu utilizo muito, é ‘Não tenho ouro e nem prata, mas o que eu tenho eu te ofereço’. Ao homem que encontrou pelo caminho, Pedro ofereceu a cura pela fé em Jesus Cristo”, explicou o bispo, afirmando que Jesus Cristo é a nossa maior riqueza. Segundo ele, a mensagem de Pedro é que não são os bens materiais, nossas conquistas, nossas capacidades, o mais importante, embora sejam instrumentos para sermos servos de Deus.
Já São Paulo afirmou ‘não recebi nem aprendi de homem algum, mas por revelação de Jesus Cristo’. Ele não se auto anunciava, mas foi um instrumento para as comunidades cristãs iniciais. “Tanto São Paulo como São Pedro não chegaram a esse momento de um dia para o outro”, revelou o bispo. São Paulo era judeu e, a serviço do judaísmo, perseguia os cristãos; só depois se tornou um grande missionário evangelizador da Igreja. Da mesma forma, em algum momento, Jesus disse a Pedro que se tornaria a pedra onde iria construir a sua Igreja. Para Dom Ricardo, essas considerações trazem a primeira lição dessa solenidade, ou seja, que a vida de toda pessoa que encontra Jesus Cristo muda radicalmente. “Chamamos isso de conversão, Kerigma, aquela flechada no coração, uma paixão que brota por Jesus. Assim, a gente segue o caminho do bem, do perdão, enfim, os passos que Jesus ensinou”, observou.
Ele alertou, porém, que isso ainda não é tudo. A segunda parte é o que de chama de metanoia. “Não basta só você dizer eu creio em Jesus. É preciso uma mudança de mentalidade. Porque, às vezes, dizemos que somos católicos, que acreditamos, mas o nosso modo de pensar ainda é pagão. Ainda acreditamos em ideologias, defendemos filosofias alheias a nossa fé, defendemos grupos que vão contra a Igreja. Não basta dizer que eu sou convertido, eu preciso também purificar a minha alma”, discorreu Dom Ricardo.
Exemplificando com Pedro, que negou Jesus três vezes, mesmo já sendo discípulo, convertido, e convivendo ao lado de Jesus 24 horas por dia, Dom Ricardo afirmou que a segunda lição é que também precisa uma mudança profunda de mentalidade. “Se sou católico, vivo segundo a fé católica. Não posso ser um católico de discursos”, enfatizou.
Depois de nos convertermos todos os dias, de mudar a nossa mentalidade segundo a vontade de Deus, vem a terceira lição, dada inclusive por São Pedro e São Paulo, que se tornaram missionários evangelizadores. “Pois quem realmente faz a experiência com Jesus Cristo, anuncia, fala de Deus. Nós falamos de tantas coisas, damos valor a tantas outras e esquecemos o que é essencial. Então vamos falar mais de Deus em nossa casa, reunir os nossos filhos para rezar mais. Senão vamos perder o fio da meada, perder a meta que nós temos nesse mundo e que não é esse mundo”, destacou o bispo.
Para Dom Ricardo, o caminho de santidade traçado em sua pregação, com os exemplos de Pedro e Paulo, serve para fortalecer os cristãos para ganharem o verdadeiro tesouro, encontrando o sentido de suas vidas, que é a eternidade, não é este mundo. “Portanto, evangelizar significa transmitir essa Boa Nova, lembrar as pessoas os valores eternos, as virtudes, os mandamentos, a fé e a esperança. E principalmente, a caridade, pois a fé não pode ser vazia de fazer o bem aos outros”, refletiu. Pelo simples fato de que os olhos dos que se apaixonam por Jesus se tornam olhos misericordiosos que não deixam ninguém de lado. Que não abandonam a família, os filhos, os idosos. Por isso, concluiu Dom Ricardo, que a negação de Pedro se tornou a sua profissão de fé, e quando ele repetiu três vezes ‘eu te amo, Senhor’, respondendo a questionamentos de Jesus Cristo, aí ele entendeu de fato o que era a eternidade e fez a ponte para o céu.
Ao final da missa, a procissão motorizada com São Pedro saiu do Largo Dr. Pio, com um cortejo de cavalarianos tradicionalistas. No seu prosseguimento, passou em alguns locais, para bênçãos, como na Colônia de Pescadores Z-1, no Hospital Universitário, na Santa Casa, nos barcos das docas do Mercado Público e na Prefeitura de Rio Grande. De volta ao Largo Dr. Pio, os carros foram abençoados, com arrecadação de alimentos, roupas e cobertores.
Pastoral da Comunicação Diocesana
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