Abertura do Seminário Municipal de Formação sobre Saúde da População Negra em Rio Grande
Na semana que se destaca pela data de 20 de novembro – Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, primeira vez como feriado nacional –, o Programa de Saúde da População Negra da Secretaria da Saúde (SMS), a Coordenadoria Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Social e Cultural da Comunidade Negra, realizaram na manhã desta segunda-feira (18) a abertura do Seminário Municipal de Formação sobre Saúde da População Negra, com o tema “O racismo como marcador epidemiológico”. O evento está ocorrendo no Salão Nobre Deputado Carlos Santos, prédio do Executivo Municipal.
A mesa de abertura do evento foi composta pela presidente da RENAFRO, Marli Charão, pela secretária de Saúde, Zelionara Branco, pelo vice-prefeito Sérgio Weber que representou o prefeito Fábio Branco no ato, pelo coordenador do Programa Municipal de Saúde da População Negra, Sávio Ribeiro, pelo secretário de Cidadania e Assistência Social, Evandro Silveira e pela presidente do COMDESCCON, Débora Nilce Alencastro.
A saúde da população negra é uma importante questão de saúde coletiva
Pela manhã, a programação abriu com o credenciamento dos participantes. Na sequência ao cerimonial de abertura, aconteceu uma explanação sobre o Programa Saúde da População Negra da SMS feita pelo coordenador Sávio Ribeiro. O coordenador apresentou as ações e atividades do programa e destacou o fato de que discutir e pensar sobre a saúde da população negra é uma questão importante de saúde coletiva. Ele destacou, ainda, a relevância de discutir o racismo não apenas como uma questão penalizadora, mas como um problema estrutural que afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas.
Por essa razão, o coordenador também refletiu sobre como a comunidade negra foi historicamente marginalizada: “A comunidade negra foi empurrada para um lugar de carência. Vamos começar lá no tempo da assinatura na lei áurea, que ‘libertou’ as pessoas negras, mas não deu condições nenhuma para eles viverem em igualdade nesse país”, lembra. Ele ressaltou que as condições socioeconômicas atuais, e portanto também as de saúde, são resultado de um legado histórico que precisa ser reconhecido. “O Brasil só aboliu a escravatura porque se não o fizesse não poderia comercializar com outros países que já o tinham feito. Nosso país não teve escolha, e então aconteceu”, complementou Sávio, enfatizando a necessidade se construir políticas públicas para a população negra que considerem esses contextos.
A população negra enquanto destinatária das políticas públicas de saúde
As atividades prosseguiram com uma palestra formativa, às 10h, com a psicóloga e especialista em Saúde na Secretaria Estadual de Saúde (SES/RS), Djeniffer Rodrigues Coradini, cuja abordagem junto aos participantes do seminário foi justamente tratar sobre a equidade do acesso à Saúde para as diferentes populações que compõem a nossa sociedade, entre elas a população negra.
A especialista que atua e pesquisa essa área, afirma que as políticas de saúde devem ser específicas para atender às necessidades diferenciadas de cada grupo. “É verdade que o SUS é um sistema que visa atender a todos, mas a realidade é que as desigualdades sociais e geográficas afetam o acesso e a qualidade do atendimento. Quando falamos que todas as pessoas são iguais, muitas vezes ignoramos as barreiras que certas populações enfrentam”, explicou destacando o fato de que pessoas que vivem nas periferias, em áreas rurais ou em comunidades indígenas geralmente tem dificuldades de acesso aos serviços de saúde devido à distância ou à falta de transporte.
Além disso, de acordo com a especialista em Saúde, as questões culturais e históricas também devem ser levadas em conta ao se criar políticas de saúde. “Não se trata apenas de acessar uma unidade de saúde, trata-se de garantir que todos tenham as condições necessárias para isso, respeitando suas particularidades”, frisou acrescentando que a população LGBT e as pessoas privadas de liberdade também enfrentam desafios únicos em relação à saúde.
Também estiveram presentes na atividade o Conselho Municipal dos Povos de Terreiro, representado pelo seu vice-presidente Luís Otávio Borges, o CORENSDRAB, representando pelo seu presidente Babalorixá Jorge de Xangô Nogueira Martins e o mandato do Dep. Federal Alexandre Lindenmeyer, representando por seu chefe de gabinete, Paulo Rodrigues.
Durante todo o dia, uma extensa programação foi preparada pelo setor de Saúde da População Negra da SMS.
À tarde, com início às 13h30min, está prevista outra apresentação cultural, desta vez, com a dançarina Lauren. Às 14h, o jurista e historiador Fábio Gonçalves palestra sobre aspectos históricos da população negra. Às 15h30min, o mestre de capoeira Saci fará uma apresentação cultural. Por sua vez, a doula Valesca Soares traz para debate em uma palestra, às 16h, o tema “Racismo e Violência Obstétrica: entre a dor e a invisibilidade”.
Às 17h30min, a professora Ingrid Costa, titular da Coordenadoria da Igualdade Racial da Prefeitura do Rio Grande, fará a apresentação do Ponto de Cultura Boneca Africana Rana-Abayomi. Ela também falará sobre a importância da Coordenadoria.
Outra manifestação programada será a do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra do Rio Grande (COMDESCCON), feita por Débora Nill, a partir das 18h30min. O encerramento do Seminário está marcado para as 19h30min, com a apresentação da banda Toque de Malícia.
Assessoria de Comunicação Social Prefeitura Municipal do Rio Grande
Foto: Divulgação
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