Audiência pública e seminário fortalecem ações do Comitê Municipal contra o HIV em Rio Grande
A criação do Comitê Municipal de Enfrentamento à Infecção pelo HIV e Hepatites Virais do município do Rio Grande, suas ações e avanços foram destacados nos debates realizados no Salão Nobre Deputado Carlos Santos, na sede do Executivo, segunda-feira (16). Nesta data, ocorreu uma audiência pública, seguida do seminário com o tema Indetectável = Intransmissível, realizado em uma parceria da Câmara de Vereadores com a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria da Saúde (SMS) e do Comitê Municipal. Todos os debatedores foram unânimes em elogiar e, em certos aspectos, comemorar o que tem sido proporcionado à população rio-grandina desde a criação do Comitê.
Como parte das atividades programadas pelo Comitê Municipal para o Dezembro Vermelho, mês da campanha nacional que visa conscientizar a população sobre o HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), tanto a audiência pública como o seminário mobilizaram gestores da Secretaria da Saúde, da FURG, pesquisadoras e outros órgãos públicos envolvidos com essa pauta que integram o Comitê Municipal. Proponente da audiência e idealizadora do Comitê, a vereadora Regininha (PT) iniciou os debates indicando que a ação mais importante neste momento é levar esse assunto, de forma muito mais efetiva e participativa, para dentro das escolas e falar com a juventude. Disse que esse assunto precisa ser mais inserido nas periferias da cidade e que há necessidade de se oferecer mais PrEP e PEP, Profilaxia Pré-Exposição e Profilaxia Pós-Exposição, respectivamente.
Para a vereadora, a ciência avançou bastante, mas o maior problema em relação ao HIV ainda é o preconceito, pois afasta e impede que as pessoas cheguem aos locais de testagem, aos postos de Saúde em busca de informações/orientações e de tratamento. Argumentou que “o preconceito faz com que as pessoas morram, porque ainda é o maior obstáculo dentro da nossa sociedade e a comunidade LGBT chama isso de sorofobia (o preconceito, medo, rejeição e discriminação contra as pessoas que vivem com HIV)”.
Representando o prefeito Fábio Branco e a própria Secretaria da Saúde, Zelionara Branco argumentou que as manifestações durante a audiência conseguiram expressar as vivências de cada segmento, tanto na área da Educação, como da pesquisa, da assistência e do atendimento. Lembrou que o movimento pela criação do Comitê foi iniciado pela perseverança da vereadora Regininha.
“Antes, havia a preocupação com o HIV, com o Dezembro Vermelho, tinham muitos setores envolvidos, mas não a visibilidade para nossas ações. Com a formação do Comitê, conseguimos abrir uma cortina que às vezes abria e outras fechava. Agora, temos muito mais estampado essa face do que fazemos e, mais do que isso, conseguimos dialogar e construir novas possibilidades para avançar em outras frentes”, frisou a secretária.
Uma dessas frentes é o envolvimento e atuação mais forte dentro das escolas. Para isso, afirma Zelionara, “precisamos cutucar mais a Educação para que digam quais são suas dificuldades e nos possibilitem adentrar no espaço escolar, a fim de fortalecermos as ações que são executadas.” Uma das propostas do Comitê visa capacitar professores das escolas municipais com objetivo de que levem mais orientações aos estudantes sobre a importância do uso de preservativos e dos cuidados em relação a várias doenças sexualmente transmissíveis.
Ao se manifestar em nome da reitoria da FURG e do setor de Infectologia do Hospital Universitário, a médica Rossana Basso recordou a primeira audiência pública, realizada em 1º de dezembro de 2021, após 35 anos de epidemia de HIV no município. Com a criação do Comitê Municipal, ano passado, “saímos de um estado de latência para atuarmos, de forma significativa, envolvendo vários setores da sociedade, mas, infelizmente, a Educação não contribuiu muito para esse envolvimento”, criticou.
A médica disse: “É preciso que as pessoas deixem de ver o HIV como um problema dos outros; o HIV deve ser uma pauta de todos. Enquanto acharem que apenas as populações chaves têm risco de infecção pelo HIV, não vamos cessar essa pauta.” Otimista com o trabalho do Comitê, acredita que o Rio Grande vai melhorar não só os números sobre HIV, mas a saúde da população rio-grandina.
Ainda na audiência, a representante do Comitê Municipal, Dioneli Reis agradeceu o envolvimento de todas as pessoas que compõem esse órgão e, em especial, a Secretaria da Saúde que abraçou a ideia. Citou que o Comitê planeja, propõe e executa suas ações de forma compartilhada e que ainda há muito para se avançar, mas “temos o que comemorar”. Para ela, o Comitê é o principal articulador das ações do município (Prefeitura) com toda sua rede de assistência.
Uma das ações do Comitê foi sugerir a descentralização para o uso da PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), medicamento que previne a infecção pelo HIV. Atualmente, sete unidades de Saúde no município são pilotos nessa ação. Dioneli Reis enumerou, ainda, o aumento significativo de testagens para HIV, por meio do Programa IST da Secretaria da Saúde, “que dobraram”, e a ampliação do número de trabalhadores que participaram de ações de educação continuada, o que considera como excelentes resultados. Acredita que o principal desafio continua sendo reduzir o estigma da sociedade em relação à infecção pelo HIV.
Outras manifestações
Também se manifestaram na audiência a presidente da Associação Rio-grandina LGBT, Fabíola Weykamp, a representante da 3ª Coordenadoria Regional da Saúde, Mara Fredes, e a bióloga e professora da FURG, que é investigadora principal do estudo de prova de conceito de vacina terapêutica para o HIV, Vanusa da Hora. Mara citou a importância deste tema que deve estar presente em ações o ano inteiro. Disse que o Rio Grande do Sul é o estado que apresenta o maior número de casos de mortes e de transmissão por HIV entre gestantes e concordou que a Educação é o melhor caminho para se reduzir os índices e que as informações precisam chegar ao público jovem.
Proposta semelhante foi defendida por Fabíola, que aposta que se inicie a testagem nas escolas, a partir do próximo ano. Já a pesquisadora Vanusa da Hora apresentou, mais detalhadamente, o estudo que desenvolve, há vários anos, junto com outras pesquisadores da FURG sobre um subtipo de vírus do HIV que circulava quase que exclusivamente no município. “Os estudos da academia parecem distantes, mas são eles que nos guiam na busca de melhores tratamentos”, acentuou.
Assessoria de Comunicação Social Prefeitura Municipal do Rio Grande
Foto: Divulgação
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