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Autor do livro “Sonhos de Pedra”, Klécio Santos, bate papo sobre a confecção da obra com estudantes da rede municipal

Na tarde de ontem (16), no auditório da Alfândega, turmas do 6º ano da EMEF Sant’Ana – e a população em geral – tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre os bastidores por detrás da elaboração do livro “Sonhos de Pedra – a história da construção dos Molhes”, do jornalista rio-grandino Klécio Santos que veio à cidade para participar da Semana do Patrimônio 2023 da Prefeitura do Rio Grande. Os alunos e alunas da rede municipal foram o público especial do bate-papo, já que utilizam o livro como ferramenta pedagógica em sala de aula.

O escritor é especialista em Artes e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Foi correspondente e colunista dos jornais Zero Hora e Diário Catarinense. Também foi editor-chefe da sucursal multimídia e executivo do Grupo RBS/Zero Hora. Em Rio Grande atuou no Jornal Agora e escrevia sobre cinema no suplemento cultural O Peixeiro. Os seus livros publicados são “Sete de Abril- o teatro do Imperador” e “Sonhos de Pedra”.

Na plateia, um público atento e curioso de estudantes ouviu do autor os motivos que o levaram a escrever o livro, cujo sucesso de vendas se reflete na sua recente 3ª edição, resultado da grande procura pelo exemplar. O escritor contou que as razões que o levaram a elaborar a respectiva obra foram fundamentalmente duas.

A primeira, a sua leitura pessoal de que os Molhes da Barra sempre foram muito retratados pelo viés de ponto turístico de Rio Grande (o que não discorda que é), entretanto, para ele, representa muito mais que isso, representa um grande feito da engenharia naval mundial, numa época em que os recursos para isso ainda eram escassos.

O segundo motivo, revelado pelo jornalista, foi a ocasião de uma viagem sua ao Canal do Panamá e o contato que teve ali com a literatura sobre a história da construção do famoso canal. Descobriu que ela aconteceu em meados da mesma época que os Molhes (início do século XX), passando inclusive por contextos que se assemelhavam. “Perguntei a mim mesmo, por quê o nosso Molhes da Barra, obra tão gigante e igualmente grandiosa, não tinha uma representação escrita tal qual aquela do Canal do Panamá?”, destaca o autor, que daí em diante começou a pesquisar mais sobre a história dos Molhes e a garimpar em sebos e leilões, por conta própria, registros do período da construção dos quebra-mares, que durou de 1908 a 1915.

O autor destacou que, junto das imagens que traduzem a história, buscou usar de uma linguagem jornalística acessível aos mais variados públicos. Além disso, disse que a sua vontade inicial – na idealização da obra- era de que todas as iconografias (parte imagética a obra) estivessem presentes no livro, mas a certa altura seu deu conta que isso não seria possível, na medida em que sempre estão surgindo novas descobertas e imagens sobre aquele período.

Apesar da beleza que salta aos olhos de quem vê – seja por fotografias, seja por visita aos Molhes-  Klécio não se furtou de debater junto aos ouvintes o que chamou de “lado sombrio” da construção. Para ele, isso está representado nas pedreiras que existiam em Capão do Leão (retratadas no livro), de onde foram retiradas e transportadas, via viação férrea, as milhares de pedras (algumas pesando até dez toneladas) que estruturam os quebra-mares.

“Eram trabalhadores com condições de vida, e de trabalho, insalubres. Além disso, achei importante ressaltar a presença e o trabalho dos operários negros nessa grande obra, o que não é muito difundido quando se conta sobre os responsáveis por sua construção”, finalizou o autor completando que em sua perspectiva a construção dos Molhes da Barra são um marco para o desenvolvimento do município de Rio Grande a partir do início do século XX, gerando condições e interesse para a instalação do Porto que aqui temos e para a estruturação do balneário Cassino como lugar de lazer e veraneio procurado na região sul do Estado.

Assessoria de Comunicação Social Prefeitura Municipal do Rio Grande

Foto: Divulgação

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