Boletim sobre a epidemia por COVID-19 aponta melhoras em Rio Grande e Pelotas
Rio Grande apresentou pequena diminuição na aceleração, enquanto Pelotas melhorou sensivelmente, indicando desaceleração
Professores da FURG-IMEF e do IFRS estão divulgando semanalmente boletins informativos sobre a evolução da epidemia por COVID-19, especificamente para as cidades de Pelotas e Rio Grande, incluindo previsões para o crescimento do número de casos. Segundo os professores responsáveis (Sebastião Gomes e Igor Monteiro, do Instituto de Matemática, Estatística e Física da FURG, Carlos Rocha, do IFRS), entre os dias 11 e 17/12, com relação à curva de crescimento do número acumulado de casos, Rio Grande apresentou uma pequena diminuição na aceleração, enquanto Pelotas melhorou sensivelmente, indicando desaceleração.
Os professores informam que a realização de simulações para uma determinada cidade envolve os seguintes processos: os dados reais da epidemia na cidade passam por uma fase inicial de processamento; posteriormente estes dados processados são inseridos no sistema de identificação paramétrica; uma vez os parâmetros do modelo identificados, estes são atualizados no modelo e, posteriormente, realizam-se simulações e análises de cenários. Nas figuras a seguir são mostrados resultados para Pelotas e Rio Grande, com os dados reais destas cidades obtidos no dia 17/12/2020.
Os pontos em vermelho correspondem ao número acumulado de casos reais, enquanto a curva em azul é a simulação com o modelo. A continuação da curva em azul para além dos pontos em vermelho corresponde à previsão para os próximos 8 dias. O modelo prevê que Pelotas passará de 13113 casos confirmados em 17/12/2020 para 14103 em 25/12/2020, enquanto Rio Grande passará de 6821 casos confirmados em 17/12/2020 para 7417 em 25/12/2020. Estas previsões poderão se confirmar se não houver mudanças nas situações atuais dos municípios, principalmente correlatas ao isolamento social. O parâmetro mais significativo de uma epidemia é o Índice de Reprodução Basal (R0). No dia 17/12 Pelotas estava com R0=0,76 (significa que 100 novos infectados infectam 76 outros indivíduos, ou seja, a contaminação estava com aceleração negativa). No dia 17/12 Rio Grande estava com R0=1,11 (significa que 100 novos infectados infectam 111 outros indivíduos, ou seja, a contaminação estava com uma pequena aceleração positiva). O ideal é que o índice R0 esteja inferior a 1, provocando assim desaceleração no crescimento do número de casos e, para que isso ocorra, são necessárias medidas de prevenção, sendo a principal delas a ampliação do isolamento social. O distanciamento social em lugares públicos, o uso obrigatório de máscaras e atitudes frequentes de higienização das mãos também contribuem para a diminuição do índice R0.
As Tabelas I e II mostradas a seguir resumem as evoluções nas cidades de Pelotas e Rio Grande, com dados atualizados nos dias 26/11, 03/12, 10/12 e 17/12/2020. O objetivo é tentar prever como estará a situação no natal, bem como avaliar se as medidas de prevenção estão contribuindo para desacelerar o crescimento do número de casos. Pode-se perceber que, na última semana, a situação melhorou um pouco em Rio Grande, enquanto melhorou significativamente em Pelotas.
Em 17/12/2020 o R0 identificado para Pelotas estava menor do que 1, indicando desaceleração, comportamento que pode ser observado na atenuação do crescimento da curva do número de casos, vista na figura relativa a Pelotas. É muito provável que haja uma correlação direta entre os decretos municipais de restrição de circulação e a queda na aceleração da contaminação. O último decreto fechou todas as atividades não essenciais durante cinco dias. A grande repercussão na imprensa da bandeira vermelha e posteriormente da preta para a região também pode ter contribuído para diminuir a aceleração da contaminação em Pelotas: as bandeiras devem causar mais apreensão em parte da população, que passa naturalmente a adotar mais ações de proteção.
O R0 de Pelotas oscilava em torno de 1,2 e na última semana passou a ficar abaixo de 1, situação considerada ideal. Porém, com o término da validade do decreto que fechou as atividades não essenciais, ainda não há como prever se essa boa situação continuará. Há um retardo no tempo entre a adoção de alguma medida administrativa e a sua repercussão na curva de crescimento da contaminação, de forma que ao final da próxima semana, provavelmente já será possível saber por quanto tempo Pelotas continuará com desaceleração na contaminação.
Os resultados indicam que em Rio Grande a aceleração da contaminação tem diminuído gradativamente ao longo dos últimos 30 dias. Porém, em 17/12 esta aceleração continuava positiva, embora pequena.]
Um aplicativo desenvolvido pelos pesquisadores das duas instituições está disponível gratuitamente para download, o Simcovid 2.0, com o qual o usuário não precisa ser especialista em matemática ou computação para realizar suas próprias simulações e análises de cenários. Este aplicativo pode ser baixado aqui.
Os professores informam ainda que os boletins sobre as situações de Pelotas e Rio Grande são atualizados semanalmente, às sextas-feiras, disponibilizados no espaço COVID-19 da página do Imef. Neste espaço encontram-se um livro e dois artigos científicos já publicados sobre a modelagem matemática que dá origem aos resultados apresentados nos referidos aplicativo e boletins informativos. O professor Sebastião também ressalta o trabalho da aluna da Engenharia de Computação da FURG, Marina Zanotta Rocha, pelo auxílio na obtenção dos dados reais para as cidades de Rio Grande e Pelotas.
Assessoria de Comunicação Social da FURG
Foto: Divulgação FURG