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Boto é registrado na região do Albardão

A equipe técnica do Projeto Pinípedes do Sul realiza, com o patrocínio da Petrobras, o monitoramento mensal da praia em seu trecho sul, que compreende uma faixa de 225 quilômetros a porção sul da Barra de Rio Grande e a Barra do Arroio Chuí, na divisa com o Uruguai. Na região do Albardão, que inicia no quilômetro 120 ao sul do Molhe Oeste, foi registrado o boto (Tursiops gephyreus), que desde 2005 vem sendo monitorado sistematicamente por instituições brasileiras e uruguaias.

Os registros de ocorrência desta espécie são realizados com uso da metodologia conhecida pela comunidade científica como “foto-identificação”, caracterizada pela obtenção de fotografias da nadadeira dorsal dos botos. Com este material, os pesquisadores são capazes de identificar cada indivíduo a partir das cicatrizes na suas nadadeiras dorsais, que resultam de interações com indivíduos de sua própria espécie ou com atividades humanas – como a pesca e atividades portuárias. A partir destes registros, é possível acompanhar o crescimento das populações e o desenvolvimento de suas futuras gerações.

Durante o monitoramento realizado em 8 de Fevereiro de 2019, foi registrada a ocorrência de um grupo de botos que nadavam na região do Albardão, próximos à zona de arrebentação. Um destes botos apresentava marcas conspícuas (com aspecto notável) na nadadeira dorsal, permitindo fácil reconhecimento. A partir da análise da fotografia deste indivíduo, constatou-se que se tratava de um exemplar registrado previamente nas águas do Uruguai e do sul do Brasil. Registros fornecidos pela pesquisadora Paula Laporta, da Yaqu Pacha Uruguay, confirmam que a ocorrência deste boto foi registrada pela primeira vez em 1° de abril de 2008 e posteriormente no dia 11 de fevereiro de 2010, sempre no balneário uruguaio de La Coronilla, localizado 30 quilômetros ao sul da fronteira com o Brasil. Segundo o pesquisador  Rodrigo Genoves, do Museu Oceanográfico de Rio Grande/FURG, este exemplar também foi avistado nos anos de 2008, 2009, 2010 e 2013, perto dos Molhes da Barra do Rio Grande ou na praia do Cassino.

De acordo com o coordenador do Projeto Botos da Lagoa dos Patos, Pedro Fruet, “este é um animal que se movimenta muito ao longo da costa, parecendo pertencer a um grupo intermediário entre a Lagoa dos Patos e o Uruguai. É um grupo que ajuda na conexão entre as populações, configurando como uma metapopulação” (conjunto de subpopulações de uma mesma espécie que possuem um certo grau de conectividade reprodutiva, mas que funcionam de forma independente sob o ponto de vista demográfico).

O Projeto Botos da Lagoa dos Patos é parceiro do Projeto Pinípedes do Sul e tem o objetivo de atuar e contribuir na conservação de botos que ocorrem no estuário da Lagoa dos Patos e em águas costeiras adjacentes.

Sobre a espécie

O boto (Tursiops gephyreus), também conhecido como golfinho-nariz-de-garrafa, é um animal aquático de cor cinza e que pode atingir 3,8 metros de comprimento, atingindo 350 quilos. Suas características mais marcantes são o focinho em formato de “garrafa” e a nadadeira dorsal, alta e situada no meio de seu corpo.

No Rio Grande do Sul, a maior população dessa espécie encontra-se no estuário na Lagoa dos Patos. Embora o boto costeiro seja considerado uma espécie Vulnerável (à extinção) pelo Decreto estadual N.º 51.797/2014, seu status de conservação ainda não é reconhecido pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).  Isto se deve ao fato de que até pouco tempo considerava-se esse boto costeiro do sul do Brasil, Uruguai e Argentina como pertencente à espécie Tursiops truncatus, tendo sido o Tursiops gephyreus apenas recentemente revalidado como outra espécie.

 A região do Albardão

A região do Albardão é localizada na planície costeira do município de Santa Vitória do Palmar, sendo um espaço que agrega um conjunto único de ecossistemas de elevada diversidade biológica. Em sua região oceânica, atrai centenas de animais marinhos, que buscam completar ali seu ciclo de vida, como o boto recentemente avistado.

Devido à sua relevância, a região do Albardão é definida pelo Ministério do Meio Ambiente como uma Área prioritária para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira. O NEMA, através do Projeto Pinípedes do Sul, integra a iniciativa de proteção dos tesouros de biodiversidade do Albardão e apoia a criação de um Parque Nacional na região.

Sobre o Projeto

O Pinípedes do Sul, que tem o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, objetiva reduzir as ameaças à conservação das espécies de Pinípedes – o grupo de mamíferos marinhos que inclui as focas, leões e lobos-marinhos – e de tartarugas marinhas no sul do Brasil. Além disso, o projeto visa aumentar o nível de proteção de duas Unidades de Conservação onde há grande concentração desses animais – Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste (São José do Norte, RS) e Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos (Torres, RS) – e desenvolver atividades de educação ambiental voltadas para comunidades pesqueiras.

Assessoria de Comunicação Projeto Pinípedes do Sul

Foto: Divulgação/Equipe NEMA

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