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Bustos e esculturas do Palácio Piratini são digitalizados em projeto da UFRGS

Obras serão disponibilizadas em ambiente virtual

Um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tem trabalhado em formas de conservação, arquivamento e acesso ao patrimônio histórico do Estado. Por meio da digitalização tridimensional, prédios, monumentos e objetos da história gaúcha são recriados em ambiente virtual. Bustos e estátuas que fazem parte do patrimônio do Palácio Piratini estão entre as peças em processo de escaneamento pelo Laboratório de Design e Seleção de Materiais (LDSM) da UFRGS.

O diretor de Conservação e Memória do Palácio Piratini, Mateus Gomes, ressalta a importância de possibilitar que trabalhos como o desenvolvido pelo LDSM sejam executados dentro dos diversos prédios públicos ocupados pela administração. “Estamos buscando, cada vez mais, abrir o Palácio Piratini para acadêmicos usufruírem do nosso acervo em suas pesquisas. Proporcionar isso à comunidade universitária é fomentar a ciência, a cultura e a educação em sua plenitude”, afirma.

Para fazer as digitalizações, os integrantes do LDSM utilizam scanners a laser, de curto e de longo alcance, dependendo da qualidade e da quantidade de detalhes que se deseja capturar, e também conforme a peça. “Em monumentos e fachadas, que são peças maiores, usamos o scanner de longo alcance. Temos aparelhos de altíssima precisão, mas, para utilizá-los, a peça precisa ser levada até o laboratório. Assim, conseguimos fazer um trabalho com resolução mais alta”, explica o professor e pesquisador do LDSM Fábio Pinto da Silva. “Também temos o scanner mais geral, que usamos para médio alcance e precisão média, e que acaba sendo o mais utilizado.”

Ainda conforme o professor, no caso do Palácio Piratini, para digitalizar as esculturas do pelotense Antonio Caringi, bem como o busto O Gaúcho, de autoria do uruguaio Federico Escalada, foi usado o scanner de médio alcance, já que se trata do equipamento de maior mobilidade.

A digitalização e recriação das obras históricas, segundo Silva, servem como uma forma de salvaguardar o patrimônio do Rio Grande do Sul, além de possibilitar maior acessibilidade e contato direto com o objeto em exposição. “Se as peças originais sofrerem alguma avaria ou forem furtadas, temos, com a digitalização, dados para poder reconstruí-las. Além disso, por meio da produção de réplicas táteis para pessoas com deficiência visual, podemos aumentar a acessibilidade”, explica o líder do projeto. “Vale destacar também a possibilidade de aproximar o item do espectador, já que a peça no museu fica sempre em um expositor, fora do alcance.”

O projeto de digitalização tridimensional atualmente busca realizar o registro da figura do gaúcho tradicional representada no patrimônio do Estado. No caso desse objetivo específico, os integrantes já digitalizaram peças presentes nas coleções do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) e do Museu Julio de Castilhos (MJC).

“Na intenção de buscar a constituição da imagem do gaúcho tradicional, realizamos uma pesquisa histórica e contextual para identificar esculturas relacionadas a isso, como o Laçador, que poderíamos digitalizar para formar uma coleção e ir além da peça icônica”, conta o doutorando em design e integrante do LDSM, Victor Dantas. “Assim, identificamos o Gaúcho, do Vasco Prado, e mais outro gaúcho, ambos no Margs. Já no Julio de Castilhos, digitalizamos a escultura em gesso do Duque de Caxias e o busto do Alcides Maya.”

Imersão tecnológica

Do acervo do Palácio Piratini, quatro obras passaram pelo processo de digitalização 3D: a versão em escala menor d’O Laçador; a escultura de Bento Gonçalves e o busto de Getúlio Vargas, ambos de autoria de Caringi; e o busto O Gaúcho, de Escalada. Junto aos membros do LDSM, a neta do escultor pelotense e responsável pela gestão do acervo de seu avô, Antonella Caringi, acompanhou o trabalho de escaneamento.

“O escaneamento digital 3D abre caminhos e poderá levar a uma imersão tecnológica que contemple visualização do acervo e acesso à obra para questões educativas, além de ajudar com o problema das possíveis vulnerabilidades em que as obras se encontram. No caso, situações de risco, furtos, vandalismo e até mesmo destruição das obras públicas, que podem levar ao sumiço da peça original”, comenta Antonella, que trabalha na catalogação dos trabalhos como representante da família Caringi.

As obras de Caringi catalogadas pela neta do escultor e itens documentados anteriormente por outros familiares são publicados em uma conta do Instagram, na qual a Antonella mostra o trabalho que vem sendo feito. “A ideia é registrar obras que não estão nos livros, mas nas ruas e em acervos particulares”, explica Antonella.

Após finalizados os processos necessários, as digitalizações tridimensionais executadas pela equipe do LDSM ficarão disponíveis para visualização no repositório 3D do grupo. Em razão do extenso trabalho que precisa ser feito para que isso ocorra, a data de disponibilização das obras ainda está para ser definida.

SECOM RS

Foto: Alvaro Bonadiman/Palácio Piratini

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