Cresce atendimento e internações de jovens de 22 a 40 anos com a covid-19 no HU-Furg
Ainda não há dados epidemiológicos que expliquem a situação, mas já é possível notar uma diferença em relação a 2020 sobre o perfil de pacientes que buscam atendimento com sintomas gripais. É o que se observa no Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. De acordo com a Instituição, na enfermaria Covid-19, era frequente a ocupação de leitos por pacientes acima de 60 anos e com comorbidades. Mas desde meados de fevereiro esse perfil mudou, o HU-Furg/Ebserh, têm notado procura maior do público jovem, na faixa etária de 22 até 40 anos e inclusive sem comorbidades ou sem comorbidades graves.
A médica do Serviço de Pronto Atendimento Covid-19, Luciana Plasse Lima, conta que tem um paciente atleta, sem comorbidades, internado. O principal motivo das hospitalizações, segundo a profissional, é falta de ar ou baixa saturação. Pode ocorrer de o paciente estar com baixa saturação e não ter falta de ar, mas normalmente apresenta cansaço e sonolência. Geralmente quem está com baixa saturação, com a respiração comprometida ou que apresenta alterações em tomografia do pulmão, é que necessita de internação, explica.
“Precisar de internação varia conforme o estado clínico do paciente, se tem comorbidades, por exemplo, mas a maioria é internado devido a problemas respiratórios e baixa saturação. Antes recebíamos pacientes com 60 anos ou mais com comorbidades, agora recebemos pacientes com menos de 50 anos. Estamos com paciente com menos de 50 anos entubado, o que não acontecia antes”, relata Luciana.
Aumento do número de leitos
Diante do aumento do número de internações, o HU irá reabrir 10 leitos de enfermaria da covid-19 a partir deste sábado (06/03).
Novo protocolo para detectar variante
Nesta quinta (04/03), a Fiocruz detectou mutação associada a “variantes de preocupação” do Sars-Cov-2 em diversos estados do país. O alerta é alta prevalência nas três regiões do Brasil avaliadas (Sul, Sudeste e Nordeste). O anúncio foi realizado em comunicado técnico. No Rio Grande do Sul há prevalência de mutação associada às variantes de preocupação em 62,5% do Estado.
As análises que permitem identificar a variante considerada de preocupação fazem parte novo protocolo de RT-PCR, desenvolvido pela Fiocruz Amazônia, utilizado nas unidades de apoio ao diagnóstico e centrais analíticas da Fiocruz para avaliação de cerca de mil amostras dos estados de Alagoas, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O protocolo detecta a mutação comum em três das ‘variantes de preocupação’ (P1, identificada inicialmente no Amazonas, B.1.1.7, no Reino Unido e B.1.351, na África do Sul), que são potencialmente mais transmissíveis. A avaliação contou com o apoio do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e da Coordenação Geral de laboratórios de Saúde Pública.
O novo protocolo de RT-PCR já havia sido testado em janeiro, em 500 amostras do Amazonas, onde a taxa de prevalência da variante foi de 71%. A Fiocruz ressalta no comunicado, “importante destacar que, embora o teste seja capaz de detectar uma mutação comum a três variantes de preocupação, há indicações de que a prevalência que está sendo observada nos estados esteja associada à P.1, uma vez que as outras duas variantes não têm sido detectadas de forma expressiva no território brasileiro”. O comunicado ressalta, “ainda que até o momento não tenha sido observada uma clara associação dessas variantes com uma evolução clínica mais grave, torna-se fundamental a necessidade de estudos adicionais para determinar o real impacto e possível influência dessas variantes na dinâmica de ocorrência da Covid-19.”
Jornalista Thuanny Cappellari/RIO GRANDE TEM
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