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Dia Mundial de Combate à Tuberculose serve de alerta para elevada incidência da doença no Estado

A data de hoje (24/3) é considerada o Dia Mundial de Combate à Tuberculose e tem como objetivo difundir informações sobre a doença e dar visibilidade aos esforços dos órgãos oficiais para eliminá-la, já que ela ainda é um problema de saúde pública. Por ano, no Brasil, são cerca de 4,5 mil mortes e aproximadamente 70 mil novos casos. Com taxa de incidência acima da média nacional, o Rio Grande do Sul enfrenta o desafio de frear a propagação da doença, já que é possível evitá-la e curá-la.

O Dia Mundial de Combate à Tuberculose expõe a relação direta da tuberculose com a pobreza e a vulnerabilidade social, ocasionadas pelas desigualdades econômicas. Isso significa que condições precárias de moradia, de higiene e de saúde colocam grupos específicos em uma situação que amplia os riscos de exposição à doença. Indígenas, pessoas privadas de liberdade e em situação de rua, além daquelas que convivem com vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) acabam sendo as mais afetadas.

A diretora técnica do Hospital Sanatório Partenon, referência estadual no tratamento da doença, Carla Jarczewski, diz que a tuberculose não é uma doença do passado, como muitos acreditam. “No Rio Grande do Sul, os índices relacionados à doença são maiores que os registrados nacionalmente. Desde o início dos anos 2000, a taxa de incidência tem se mantido estável, com pequenos aumentos”, constata.

O Rio Grande do Sul (RS) tem mantido uma média de aproximadamente 5 mil novos casos de tuberculose por ano, considerando apenas pacientes que não trataram da doença anteriormente. Esse número significa que a incidência no Estado é de 40 pessoas infectadas para cada 100 mil habitantes. Além disso, a cada ano, cerca de 1,5 mil pacientes que já fizeram o tratamento precisam retomá-lo.

“São vários os fatores que colaboram para que a doença continue circulando por aqui acima da média nacional: taxas baixas de cura, altas taxas de abandono do tratamento e o acometimento de populações vulneráveis cujo controle é mais complexo”, explica a diretora. Ela também ressalta que, em muitos locais, o tratamento é centralizado. “Isso dificulta o tratamento diretamente observado (TDO) e se torna um agravante para a alta incidência da doença no Estado”, complementa.

A Tuberculose

Doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria conhecida como bacilo de Koch, a tuberculose afeta prioritariamente os pulmões, embora possa atingir outros órgãos ou sistemas do corpo, podendo levar um indivíduo à morte em casos mais avançados.

A transmissão se dá por via respiratória, quando o indivíduo suscetível inala aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa infectada e sem tratamento.

Os principais sintomas são: tosse por três semanas ou mais, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento. Caso uma pessoa apresente os sintomas, é fundamental que procure uma unidade de saúde para avaliação e realização de exames. Se o resultado for positivo, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível.

Prevenção

Uma das formas de prevenir a tuberculose é a vacinação com a já conhecida BCG (Bacillus Calmette-Guérin), que está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante deve ser dado às crianças quando nascem, ou, no máximo, até completarem 5 anos de idade. Ela protege contra as formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a meníngea.

Tratamento

O SUS disponibiliza tratamento totalmente gratuito para a tuberculose. O diagnóstico logo no início dos sintomas e o acompanhamento do paciente pelas equipes de saúde são estratégias para identificar as fontes de infecção e descontinuar a transmissibilidade para a rede de contatos.

O tratamento é longo e dura, no mínimo, seis meses, exigindo o uso de medicação contínua, mesmo havendo melhora logo nas primeiras semanas. Ele deve ser realizado, rigorosamente, até o final, já que a administração irregular das medicações pode levar a complicações e provocar o desenvolvimento da tuberculose resistente aos remédios utilizados.

Além disso, a adesão ao tratamento é um importante para barrar a cadeia de transmissão. Carla, que também coordena o Programa Estadual de Controle da Tuberculose, explica que o diagnóstico e o tratamento dos pacientes de forma adequada retiram fontes de infecção das comunidades, evitando novos adoecimentos.

Referência no tratamento

O Hospital Sanatório Partenon, em Porto Alegre, é a referência estadual para o tratamento da tuberculose drogarresistente (TBDR) e microbacterioses não tuberculosas (MNT). O Ambulatório de Tisiologia do hospital recebe pacientes encaminhados das unidades de saúde de todo o Estado. São atendidos principalmente aquelas pessoas que apresentam maior vulnerabilidades social ou que não conseguem manter o tratamento ambulatorial. Além dessas possibilidades de acolhimento oferecidas, o hospital também realiza o TDO Ampliado, uma modalidade intermediária de vínculo entre pacientes e equipes de saúde, que foi considerada uma experiência exitosa pelo Ministério da Saúde.

Brasil livre da tuberculose

A campanha do Dia Mundial de Combate à Tuberculose em 2023 traz o slogan: Sim! Podemos acabar com a tuberculose. Ele está em sintonia com o Plano Global para Acabar com a Tuberculose (2023-2030), cujo objetivo é eliminar a doença até 2030. O plano prevê ações prioritárias e uma estimativa detalhada de recursos financeiros necessários e investimentos em prevenção, para que seja cumprido o compromisso firmado pelos estados membros na Reunião de Alto Nível das Nações Unidas de 2018 sobre tuberculose.

Durante todo o mês de março, o Estado e os municípios vêm desenvolvendo inúmeras atividades alusivas ao dia 24 de março. O Programa Estadual de Controle da Tuberculose, em parceria com o Ministério da Saúde, realizará uma capacitação à distância (on-line) para as equipes de saúde de todos os municípios e coordenadorias regionais de saúde do Rio Grande do Sul no dia 27 de março.

Desde 2017, o Brasil assumiu o compromisso de eliminar a doença com o estabelecimento do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública. As metas principais do plano são: reduzir em 95% o número de mortes pela doença e diminuir em 90% o coeficiente de incidência da doença até 2035.

Ascom SES RS

Foto: Pixabay

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