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Especialistas alertam sobre cuidados com contaminações, doenças e como fazer desinfecção das casas após enchentes

“São variadas as formas de contaminação por água de enchente, já que nela estão presentes resíduos urbanos, incluindo produtos químicos tóxicos e óleos”, afirma a médica infectologista do Hospital Universitário de Santa Maria, da Universidade Federal de Santa Maria, administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HUSM-UFSM/Ebserh), Liliane Pacheco.

A médica esclarece que, de acordo com observação destes cenários e anos de estudos, os surtos de adoecimentos podem ser divididos em três fases. “As primeiras doenças que surgem são infecções de pele, infestações de piolhos, sarnas e pulgas, infecções respiratórias, as diarreias associadas ao consumo da água e alimentos contaminados”, coloca. Após essa primeira fase, Liliane Pacheco reitera que doenças como leptospirose, toxoplasmose, hepatite A e cólera tendem a aparecer. E, num terceiro período, surgem as doenças transmitidas por mosquitos, “em especial a dengue, doença que já estava em surto nas nossas cidades, mas que neste momento podem ser amenizadas pela chegada do frio”.

Como forma de prevenção, a médica sugere que as pessoas estejam muito atentas à imunização, pois parte dessas doenças podem ser evitadas mantendo a vacinação em dia. Infecções respiratórias, como as síndromes gripais causadas por influenza, Covid-19 e outros vírus, além das sinusites e pneumonias, são enfermidades que podem ser prevenidas com vacinas disponíveis na rede pública e, além delas, o tétano, a hepatite A e dengue.

Leptospirose e toxoplasmose são enfermidades que surgem em decorrência da água suja das enchentes, além da ingestão de água e alimentos contaminados. Neste sentido, a infectologista alerta para o consumo da água. “Caso não saiba qual a procedência da água, é importante que antes do consumo ela seja filtrada ou fervida. Para reforçar, as pessoas podem adicionar duas gotas de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) para cada litro de água e aguardar 30 minutos antes de beber ou usar para cozinhar. A água que entrou em contato com a enchente não pode ser consumida em nenhuma hipótese”, pontua a médica.

Para todas essas enfermidades é importante estar ciente dos sintomas e procurar atendimento médico. No caso das infecções respiratórias: espirros, dores no corpo, nariz escorrendo, tosse e febre. “Se há febre alta e falta de ar é necessário que as pessoas procurem imediatamente atendimento médico, sobretudo para os grupos mais vulneráveis, como crianças pequenas, idosos, gestantes e as pessoas com comorbidades”, alerta Liliane Pacheco. Se houve contato com água ou alimentos contaminados com urina de rato ou fezes de gato há um risco considerável para adoecimento por leptospirose ou toxoplasmose. Nestes casos os sintomas são: febre e dores no corpo. “Ao detectar esses sintomas por si só, as pessoas já devem buscar atendimento médico, pois podem evoluir com piora progressiva ou agravamento com risco de óbito”, destaca Liliane.

Limpeza de ambiente

Para aquelas pessoas que já estão retornando para casa e precisam fazer toda a limpeza do ambiente, Débora Luiza dos Santos, enfermeira do HUSM-UFSM/Ebserh, explica sobre formas eficientes de desinfecção deste ambiente. “Um produto eficiente para usar em superfícies e de baixo custo é a água sanitária, pois atua eliminando microrganismos, e deve ser usada após a remoção da sujidade visível com água e sabão”, afirma.

Conforme a especialista, para limpeza geral, as pessoas podem usar uma mistura de 1 xícara de 200 ml de água sanitária (que possui concentração de 2,0 a 2,5%) em 10 litros de água, ou duas colheres de sopa para cada litro de água. Além da água sanitária, Débora Luiza destaca que, após a limpeza grossa com água e sabão, é possível aplicar álcool 70%. “O ideal é aplicar pelo menos duas vezes o álcool, pelo fato dele evaporar rapidamente”, explica.

É necessário lembrar que os objetos sem possibilidade de remoção de toda sujeira visível deverão ser descartados. Além deste detalhe, ter cuidado para não se contaminar com a lama usando calça comprida, botas e luvas e, se por acaso a pessoa não tenha todos esses equipamentos de proteção, pode usar sacos plásticos para proteger os pés e as mãos. Por último, a enfermeira enfatiza sobre ter cautela com receitas caseiras ou misturas de produtos de limpeza. “É preciso muito cuidado ao misturar produtos químicos, pois algumas substâncias quando misturadas podem gerar gases tóxicos quando inalados e causar intoxicação grave. A própria água sanitária não deve ser misturada com outros tipos de produtos de limpeza”, finaliza Débora.

Unidade de Imprensa e Informação Estratégica 2 Coordenadoria de Comunicação Social Ebserh

Foto: Maurício Tonetto/SECOM RS

 

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