Especialistas discutem em simpósio técnicas do parto humanizado
Especialistas participantes do 5º Simpósio Internacional de Assistência ao Parto ressaltaram a importância de os profissionais brasileiros da área acompanharem os processos fisiológicos normais, sem deixar de reconhecer sinais para ajudar mãe e bebê durante o processo do parto e nascimento.
O Brasil lidera partos cesárias do mundo, com 55% dos nascimentos via cesariana no Sistema Único de Saúde (SUS) e 84% na saúde privada, enquanto a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece apenas 15% dos nascimentos por via cirúrgica.
A quinta edição do simpósio, que acontece na capital paulista, reúne palestrantes com práticas cientificamente comprovadas para o protagonismo da mulher durante a gestação, parto e puerpério.
E em um dos temas em debate, Paciência Ativa, foi defendida a necessidade de os profissionais serem capazes de escutar e esperar para acompanhar os processos fisiológicos normais. O spinning babies (girar bebês) é o nome de uma técnica criada pela parteira americana Gail Tully, que propõe sequências de movimentos para que durante o trabalho de parto a mulher consiga encontrar posições que ajudem o bebê a se encaixar corretamente na pelve, facilitando o parto e reduzindo a dor.
“A ideia do parto humanizado é a de que dentro de uma determinada instituição todas as mulheres sejam tratadas com respeito, todas tenham direito à privacidade, que não sejam vítimas de nenhum tipo de abuso, que não sejam usadas como cobaias para estudos ou aprendizagem de alunos em hospital escola, com uso de forceps para treinar. O parto humanizado idealmente implica em uma mulher bem informada com direito a escolha, analgesia do jeito que ela desejar”, disse a obstetriz e idealizadora do Siaparto, Ana Cristina Duarte.
Segundo a médica, embora haja a ideia generalizada de que parto humanizado é um parto alternativo, isso não é verdade. Ela explicou que essa modalidade de parto é baseada em evidências e traz as melhores práticas e o melhor uso da tecnologia, às vezes envolvendo analgesia de parto, uso de medicamentos, intervenções, mas sempre de forma racional e não para todas as mulheres que escolhem o parto humanizado.
Ana Cristina ressaltou que a ideia de que é necessário ter o parto no hospital é cultural e atinge o mundo todo, “mas quando estudamos os países em que o parto em casa faz parte do sistema de saúde, os números são muito positivos”.
“Na prática, a ideia de que o parto em casa não é seguro, não é real. O que traz segurança é ter um sistema obstétrico integrado, com um ótimo pré-natal, uma ótima assistência onde quer que ela esteja e a possibilidade de um atendimento emergencial cirúrgico de rápido acesso”.
A obstetriz destacou que a recomendação para que a mulher opte para o parto humanizado é o entendimento de que essa mulher tenha uma gravidez que não seja de risco e que ela não precisará de nada no parto, a não ser vigilância de seus sinais vitais. Segundo Ana Cristina, deve-se levar em conta que eventualmente algumas mulheres podem precisar de ajuda emergencial, por isso o conceito é usar esse tipo de intervenção racionalmente.
Agência Brasil