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Estado assina primeiro contrato de suprimento de biometano no RS

Iniciativa assinada no Piratini conclui primeira etapa de trabalho da Sulgás para viabilizar o biometano como opção energética

O governo do Estado, por meio da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), e a empresa SebigasCótica firmaram, nesta segunda-feira (20/12), o primeiro contrato de suprimento de biometano do Rio Grande do Sul. A assinatura no Palácio Piratini teve a presença do governador Eduardo Leite e dos secretários Artur Lemos (Casa Civil) e Luiz Henrique Viana (Meio Ambiente e Infraestrutura).

“Essa assinatura é extremamente importante para nós, e vem ao encontro do que já temos trabalhado no RS. Além de ser uma oportunidade do ponto de vista sustentável, também tem benefícios econômicos. Resolvendo passivos ambientais, é possível expandir a possibilidade de atividade rural, na medida em damos outro fim aos resíduos. Estamos comprometidos com a redução de emissões de carbono no âmbito do Race to Zero, e esse é mais um passo dado nessa direção”, disse o governador.

O contrato é um marco na história do Estado, na medida em que é o ponto de partida para a inserção dessa fonte de energia renovável na matriz energética gaúcha. A iniciativa também representa a conclusão da primeira etapa de um trabalho de longa data realizado pela Sulgás para viabilizar o biometano como opção energética.

O acordo entre as duas empresas é resultado da chamada pública para aquisição de biometano, lançada pela Sulgás em 2020. A proposta prevê a instalação de uma central de tratamento integrado de resíduos (CTIR) em grande escala no município de Triunfo, com capacidade para receber resíduos da agroindústria, que serão transformados em biocombustíveis.

A planta da CTIR incluirá uma usina de produção de biometano originado a partir da transformação de resíduos da atividade agrossilvopastoril. O volume inicial para os cinco primeiros anos do contrato de suprimento com a Sulgás é de 15 mil m³/dia, a contar de 2024, ano em que está previsto o início da entrega. A capacidade poderá ser ampliada para 30 mil m³/dia a partir do sexto ano, conforme previsão contratual.

Para o presidente da Sulgás, Carlos Camargo de Colón, esse será o primeiro passo para inserir na matriz energética um novo produto, que traz muitos benefícios. “Em primeiro lugar, a pegada ambiental do biometano é muito positiva, pois vem de fonte 100% renovável e não de origem fóssil. Além disso, diversificar a fonte de suprimento, ainda mais neste momento de alta de preço do petróleo e gás, é um movimento importante para o mercado de energia. O biometano é uma fonte de gás local, que gera emprego e renda, desenvolvendo economicamente as regiões. Esse projeto também poderá incentivar a instalação de novos empreendimentos semelhantes em outros locais, ampliando o acesso dos consumidores a um combustível com as mesmas especificidades e aplicações do gás natural”, ressaltou.

Em relação ao ambiente, Camargo destaca que a produção e comercialização do biometano contribui na solução para o passivo ambiental gerado pela atividade agropecuária e da agroindústria, além de reduzir as emissões de poluentes ao substituir outros combustíveis. “Ganha também o agronegócio, que pode ampliar a produção, pois terá um lugar adequado para destinação de resíduos e ainda transformar o que era um custo em uma nova fonte de renda”, acrescentou o presidente da Sulgás.

Com o trabalho realizado pela companhia nos últimos anos, em parceria com empresas e universidades, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) emitiu duas resoluções que possibilitam a comercialização de biometano no Brasil.

O projeto em Triunfo irá beneficiar, inicialmente, os clientes da Sulgás do Polo Petroquímico de Triunfo. Quando o produto for lançado no mercado gaúcho, será chamado GNVerde, marca registrada pela Sulgás para o biometano.

“A assinatura desse contrato de energia limpa é um novo marco para o mercado de gás, além de ser um passo importante rumo à sustentabilidade. Estamos atuando firmemente para garantir um abastecimento de energia com mais qualidade a todos os gaúchos e para contribuir para a consolidação de uma gama de investimentos em diversas fontes renováveis”, disse o secretário do Meio Ambiente e Infraestrutura, Luiz Henrique Viana, lembrando que, no RS, existe a Política Estadual do Biometano e o Programa Gaúcho de Incentivo à Geração e Utilização de Biometano para incorporar biodigestores.

O ato de assinatura também contou com a presença da deputada estadual Zilá Breitenbach e do prefeito de Triunfo, Luciano Fernando de Sousa.

Economia circular

Diferentemente de outros combustíveis renováveis derivados da biomassa, que dependem do plantio para produção do combustível, o biometano que será produzido no Estado será oriundo de resíduos, o que contribui ainda mais com o meio ambiente.

O empresário Maurício Silveira Cótica disse que a atividade a ser desenvolvida é uma plataforma de economia circular para tratamento de resíduos e geração de gás e energia renovável e que este é o primeiro de outros projetos em desenvolvimento pela empresa com esse formato.

“O projeto traz soluções e tecnologias inéditas no país e funcionará como uma central de recebimento de resíduos de diversas empresas, que serão tratados e deles será gerado o biogás, que depois de passar por um processo de purificação, se transforma em biometano, que será injetado na rede canalizada da Sulgás, se misturando ao gás natural. É um negócio em que todos os substratos e subprodutos são aproveitados e valorizados, primando pela economia circular e pela sustentabilidade”, explicou Cótica.

O investimento no projeto será de R$ 150 milhões. A Sulgás investirá cerca de R$ 9 milhões em obras e equipamentos para a interligação da usina com a rede canalizada de distribuição de gás.

A SebigasCótica desenvolve negócios e projetos em biogás, sendo o resultado da joint venture entre a italiana Sebigas e a gaúcha Cótica, e traz a experiência de mais de 80 unidades realizadas. A empresa atua de ponta a ponta, desenvolvendo tecnologias e processos próprios, implementando e operando plantas de biogás.

A SebigasCótica tem no portfolio a realização da maior planta de biodigestão das Américas, realizada para a Raízen no estado de São Paulo, um projeto pioneiro no país e que utiliza tecnologia proprietária da empresa para a biodigestão de vinhaça, subproduto da produção do etanol e açúcar. Também atuante em outros países da América Latina, a empresa está concluindo a realização de uma planta em Buenos Aires, na Argentina.

  • Período de vigência contratual previsto: 10 anos a partir do início do fornecimento
  • Previsão de início de fornecimento: outubro de 2024
  • Capacidades: 15 mil m³/dia (2024) e 30 mil m³/dia (2029)

Transporte e origem da biomassa

Os resíduos serão entregues na CTIR Triunfo por caminhão, conforme logística atual de destinação de resíduos das empresas geradoras. Na formatação atual do projeto, estão considerados os resíduos encontrados em um raio de 100 quilômetros desde a localização do CTIR. Com a entrada em operação da planta e também em suas fases de expansão, outras empresas do Estado podem vir a ser incluídas na carteira ao longo da operação do CTIR.

BENEFÍCIOS DA PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO BIOMETANO

  • Gás 100% renovável, capaz de reduzir a pegada de carbono
  • Energético com as mesmas aplicações, vantagens e benefícios do gás natural
  • Possibilidade de injeção em rede, juntamente com o gás natural
  • Interiorização de um energético ambientalmente favorável
  • Redução de passivo ambiental pelo tratamento adequado dos resíduos
  • Possibilidade de expansão da produção agropecuária, em função da redução do passivo ambiental e aumento da disponibilidade de área
  • Redução da emissão de poluentes durante a queima
  • Promoção de atividade econômica local, com geração de emprego e renda e oferta de energia renovável para a cidade e produtores rurais.

Mercado em potencial

De acordo com estudos da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o Brasil apresenta potencial de produção de 120 milhões de m³/dia de biogás. Esse volume poderia suprir 40% da demanda por energia elétrica e 70% do consumo de diesel.

Em relação à realidade gaúcha, conforme o Atlas das Biomassas, estudo encomendado pela Sulgás à Universidade do Vale do Taquari (Univates) e concluído em 2016, o RS tem capacidade de produzir 2,7 milhões m³/dia de biogás, 1,5 milhão m³/dia de biometano e gerar 2,4GW de energia elétrica a partir de biomassa agrossilvopastoril.

Ascom Sulgás

Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

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