Estudante da FURG participa de documentário sobre vivência de pessoas trans
Produzido por uma equipe formada por pessoas transgêneras, “Intransitivo” estreia nesta sexta, 24
Narrar a história de vida de oito pessoas trans de diferentes regiões do Rio Grande do Sul. Este é o ponto de partida do longa-metragem “Intransitivo: Um Documentário Sobre Narrativas Trans” (2021), que ganha pré-estreia virtual nesta sexta-feira, 24. Entre as pessoas entrevistadas está o artista visual Esteve Maris, estudante da FURG.
O lançamento do filme acontecerá na forma de um sarau artístico online, pela plataforma Zoom, a partir das 19h. Os ingressos podem ser adquiridos pelo Sympla, e parte da verba arrecadada será doada para projetos sociais diretamente ligados à produção.
As gravações das entrevistas aconteceram em locais escolhidos pelas pessoas entrevistadas, o que simboliza o objetivo maior do projeto: a identificação e reconhecimento do público com realidades diversas de pessoas trans.
Esteve, um homem trans de 27 anos, escolheu dar seu relato no Campus Carreiros, em Rio Grande, por ser o lugar onde reside e estuda. As gravações com o acadêmico de Artes Visuais foram realizadas em uma das salas da Diretoria de Extensão (Diex), no prédio da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), onde ele se sentiu “extremamente especial e acolhido”.
“Não são só narrativas trans, é um trabalho desenvolvido por uma equipe trans, então isso para mim tem um significado muito grande”, comenta o entrevistado. “A equipe foi super acolhedora. Tivemos ótimas conversas sobre a importância de o filme ser pensado, produzido e protagonizado por pessoas trans. Demos muitas risadas e surgiram reflexões que, sem dúvida, ampliaram as minhas percepções sobre arte e a realidade de pessoas trans. Todo o processo de captação de áudio e imagem foi regado a afeto e respeito. Eu me vi em cada ume delus, me identifiquei com muitas das suas histórias. Foi provavelmente um dos momentos mais felizes da minha vida adulta”, comemora Esteve.
No país que, pelo 13º ano consecutivo, mais mata pessoas trans no mundo, mostrar que existem possibilidades de vida fora dessa realidade é uma forma de resgatar a dignidade dessa população tão vulnerabilizada. A equipe de gravações formada por Gabz 404, Gustavo Deon, Lau Graef e Luka Machado enfatiza: “calar-se é contribuir com os dados de transfobia, não compartilhar nossas vitórias é contribuir com as taxas de suicídio entre os nossos”.
As entrevistas para o documentário foram conduzidas explorando diferentes recortes: identidades de gênero, sexualidade, raça, idade, classe social, corporalidades, experiências e vivências, entre outros.
“Intransitivo” foi aprovado pelo edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas, da Secretaria da Cultura do Estado em parceria com a Fundação Marcopolo. O filme será liberado em breve no YouTube. Mais informações e curiosidades sobre as gravações estão na página oficial do projeto no Instagram.
Assessoria de Comunicação Social da FURG
Foto: Jeidson Coradi