Estudantes da FURG conquistam pódio em “Copa do Mundo” da Robótica, na Tailândia
Equipe é a primeira fora do estado de São Paulo a competir na categoria @Home
A equipe Butiá Bots (FBOT), composta por estudantes de graduação e pós-graduação da FURG – com participação de alunos da UFSM e do IFRS -, conquistou o terceiro lugar em uma das categorias mais concorridas da RoboCup – conhecida popularmente como a Copa do Mundo da robótica. O evento itinerante, este ano foi realizado durante a última semana, em Bangkok, na Tailândia. A universidade foi a primeira fora do estado de São Paulo a conquistar uma das vagas para o mundial na categoria @Home, responsável por testar as respostas de um robô a tarefas domésticas.
“O resultado obtido foi excepcional, dado o alto grau de competitividade da categoria que participamos e o fato de ser a primeira vez que participamos em nível mundial. Por outro lado, a FURG tem um longo histórico de excelência no desenvolvimento e formação de recursos humanos na área de Robótica, atualmente sendo unidade Embrapii nessa área. Assim, ficamos contentes e orgulhosos com o resultado, mas sabíamos da dedicação e capacidade do nosso time que já vem há anos obtendo bons resultados em nível nacional e latino-americano”, comenta o coordenador da equipe, o professor Paulo Drews.
Para o professor Rodrigo Guerra, a dimensão do evento é o que transmite o tamanho da importância da conquista para a universidade e para o país. “Imagina algo como as Olimpíadas, por exemplo. Nas Olimpíadas há natação, corrida, e assim por diante; várias categorias. Se pegar corrida, há corrida com obstáculos, 100m rasos, maratona… O que fizemos foi ganhar o “bronze” numa dessas modalidades; e o primeiro lugar também é do Brasil, ficando com o Centro Universitário FEI, de São Paulo”, aponta o docente que também auxilia a equipe FBOT.
Nesta edição do mundial, três equipes brasileiras ganharam destaque no evento. A RoboCin, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ganhou primeiro lugar na categoria Small Size League Div. B de Futebol de Robôs, e a RoboFei (FEI-SP), ganhou o primeiro lugar na mesma categoria em que o time da FURG conquistou o terceiro lugar. “Duas das três melhores equipes do planeta em robótica doméstica são brasileiras, uma delas a FURG e a outra a FEI”, comenta Rodrigo.
Ainda segundo o professor, no último campeonato brasileiro, disputado em ambiente virtual, via simulação, a equipe da FURG competiu contra os times da FEI e da USP, esta última sagrou-se campeã; a diferença entre o primeiro e o segundo lugar – que ficou com a FURG -, foi “algo perto de uma diferença de 0,5%, algo como correr uma maratona e cruzar a linha de chegada 1 segundo depois do primeiro lugar”, recorda Rodrigo.
“Os atuais campeões do mundial (FEI), ficaram em terceiro lugar nesta ocasião; ou seja, nós já os derrotamos antes. Esse ano o campeonato brasileiro acontece em outubro, na sede da FEI, em São Paulo, possivelmente com a participação também da equipe da USP que foi primeiro lugar no campeonato brasileiro ano passado. Isso tudo torna interessante a competitividade; duas das melhores equipes do mundo competindo diretamente”, finalizou o professor.
A equipe
A FBOT é atualmente composta por cerca de 50 alunos, principalmente dos cursos de Engenharia de Automação, Engenharia de Computação e Sistemas de Informação, e compete em diversas modalidades. A equipe que representou a FURG na competição foi composta pelos estudantes Jardel Dyonisio, Pedro Corçaque, Igor Maurell e João Francisco Lemos. Outros membros – acadêmicos da FURG, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e do IFRS Passo Fundo – não acompanharam a delegação por falta de recursos, mas participaram ativamente, de forma remota auxiliando inclusive no desenvolvimento de códigos durante a competição.
Grande parte do suporte para a viagem é proveniente do projeto Programa de Formação de Recursos Humanos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (PRH-22), coordenado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Segundo Jardel Dyonisio – um dos estudantes presentes na competição -, durante o período de inscrições para o campeonato, a equipe não tinha tanta expectativa da aprovação imediata. “A gente queria subir um pouco o patamar dos materiais de envio, pois, no ato, é necessário anexar um artigo sobre o robô, um vídeo demonstrando suas capacidades e, ainda, compilar essas informações em um site. Para nossa surpresa, fomos aprovados de primeira, com apenas alguns pequenos ajustes”, complementou o competidor.
DoRIS, a robô
Medindo pouco mais de um metro e meio, DoRIS – acrônimo para “Domestic Robotic Intelligent System”, foi programada para expressar sentimentos e executar tarefas domésticas com o auxílio de um braço mecânico também projetado e construído pela equipe. O projeto do robô foi desenvolvido junto com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e possui um valor estimado para custeio de R$ 50 mil reais, financiado principalmente por um edital internacional de fomento da própria RoboCup vencido pela equipe em 2018, e utilizando materiais reciclados de projetos anteriores da FURG e da UFSM.
Durante a competição, os robôs competidores realizam tarefas e testes dentro de uma casa simulada, em um ambiente realista e não padronizado. As provas têm duração entre 5 e 15 minutos, nas quais é necessário identificar objetos, pessoas, manipular itens e detectar quando alguém pede algo falando e gesticulando ao robô. O robô também precisa responder perguntas pré-definidas e transitar em ambientes sem colidir com os obstáculos.
Segundo Jardel, em função da pandemia, o robô estava defasado em termos de hardware, já que os estudantes não tinham acesso a ele durante o período de isolamento social. “Desde a nossa confirmação, passamos a trabalhar intensamente para deixá-lo no nível da competição. Entrávamos na FURG às 8h e saíamos às 22h, trabalhando no laboratório para que o robô estivesse confiável e atendesse todas as demandas necessárias”, explicou o estudante.
Ainda segundo Jardel, em seguida, a equipe precisou lidar com outra dificuldade: o transporte. “Depois teve toda a aventura de desmontar o robô para a viagem. Viemos para a Tailândia com certa antecedência com medo de que algo pudesse acontecer com alguma peça, para que tivéssemos tempo de efetuar reparos se necessário. Dito e feito, chegando aqui notamos algumas avarias, inclusive a mala que transportava a base do robô acabou sendo extraviada, demorando quatro dias para chegar no local onde nos hospedamos”, contou.
Segundo a equipe, para melhorar a interação com humanos, DoRIS foi dotada de um banco de dados com perguntas pessoais como, por exemplo, “qual seu filme favorito?” ou “qual a pessoa mais importante para você”, conferindo uma “personalidade” amigável – tanto quanto o rosto expressivo, com movimentos de olhos e sobrancelhas. Além disso, a robô também é capaz de fazer pesquisas no Google para responder perguntas ou oferecer informações como clima, hora e assim por diante.
Secom FURG
Foto: Divulgação