Finalizado o restauro do telhado da Catedral de São Pedro em Rio Grande
Fundada em 1755, é a primeira igreja de alvenaria do sul do país e faz parte dos primeiros tombamentos nacionais no Brasil
A obra de restauro do telhado da Catedral de São Pedro, em Rio Grande, foi finalizada garantindo a permanência de sua preservação por mais longos anos. Construída em 1755, a primeira igreja de alvenaria do sul do país faz parte dos primeiros tombamentos nacionais no Brasil, junto com a Capela da Ordem Terceira de São Francisco. Na época tratava-se do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), com processo datado de maio de 1938. A arquiteta responsável pelo projeto, Jane Borghetti, relembra que a capela nasceu com o objetivo de criar e reforçar a primeira urbanização do sul do Brasil. “Junto com a primeira vila militar e as Missões, são marcos da colonização”, recorda.
O projeto de restauro da cobertura foi concretizado via Lei Rouanet, com aporte de R$ 670 mil em recursos, através de patrocínio da Bianchini/SA, Termasa – Terminal Marítimo Luiz Fogliatto S/A e apoio dos Supermercados Guanabara. Nos últimos tempos a igreja sofria com infiltrações, cupins e umidade, comprometendo assim todo acervo e preservação da sua estrutura. “A última restauração ocorreu há mais de duas décadas, quando também foi feito um trabalho de arqueologia onde foram descobertos restos mortais em frente ao altar-mor, hoje guardados em uma capela como acervo histórico Rio Grande do Sul”, conta.
A recuperação da cobertura foi possível com o patrocínio de empresas envolvidas com a comunidade. Uma delas, a Bianchini/SA, com mais de seis décadas de atuação na região. “Acreditamos na importância do cultivo da memória e investir na preservação de um prédio de tamanho simbolismo, que antecede a data de criação da cidade, é também construir referências para o futuro”, salienta o presidente da empresa, Arlindo Bianchini. Da mesma maneira o presidente Grupo Guanabara, Luiz Carlos Carvalho, destaca a relevância cultural da Catedral de São Pedro. “Apoiar o projeto do restauro desta importante edificação foi motivo de muito orgulho para nossa organização, por entendermos que contribuímos assim com a preservação de um local onde inseridos estão a fé, a arquitetura e a arte, que fazem parte da linha do tempo da história e da formação do estado do Rio Grande do Sul”, observa. Durante todo o período de obras a igreja esteve aberta à comunidade. Para o pároco da Catedral São Pedro, Gil Raul, esta decisão permitiu que todos participassem do processo e entendessem que também fazem parte dessa história. “É uma alegria termos de volta o esplendor original desse nosso patrimônio histórico e religioso”, finaliza.
EDIFICAÇÃO
Em 1794 foi construída uma capela para a Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em sua parte posterior, com acesso pela rua de trás. Estas igrejas geminadas pela parte dos fundos formam um conjunto exemplar e incomum, dando a impressão de ser um templo único. A Catedral de São Pedro é uma edificação pequena e sóbria, com duas torres e acesso central encimado por frontão. Com nave única e coro, possui retábulos trabalhados no altar e na capela-mor. Atualmente abriga a capela de São Francisco abriga o Museu de Arte Sacra da cidade.
HISTÓRICO
Rio Grande foi a primeira povoação oficial do sul do Brasil, fundada em 1737. Na ocasião, o Brigadeiro José da Silva Pais, a mando de D. João V, Rei de Portugal, construiu um presídio na foz do Rio Grande de São Pedro, considerado posto militar estratégico para dar apoio à Colônia do Sacramento – povoação fundada em 1680 por portugueses, em território espanhol. A partir de 1752, chegaram à região colonos açorianos, trazidos para garantir a posse daquele território para Portugal, mediante sua ocupação efetiva. O General Gomes Freire de Andrade traçou o plano da nova povoação determinando a construção de uma Igreja, a Matriz de São Pedro. Em 1751 o povoado foi elevado à condição de Vila e em 1760 à categoria de Capital Administrativa da Capitania do Rio Grande de São Pedro. Na disputa entre Portugal e Espanha pelas terras do extremo sul do país, em 1763, a vila foi ocupada pelos espanhóis por 13 anos. Reconquistada pelo governo português somente em 1776, quando a Capital foi transferida para Porto Alegre.
Satolep Press
Foto: Vinicius Conrad