FURG celebra Mês da Consciência Negra com série de ações afirmativas
Ciclo de palestras, oficinas e exibição de documentários integram a programação
O 20 de novembro é dedicado ao Dia Nacional da Consciência Negra, e os núcleos do movimento negro da FURG prepararam uma série de ações alusivas à passagem da data. A Agenda Social da universidade também incluiu recentes atividades no seu calendário que ajudam a ressaltar a existência dessa data tão importante quanto combativa.
Para Elina Rodrigues de Oliveira, que atua como técnica em Assuntos Educacionais junto à Coordenação de Ações Afirmativas, Inclusão e Diversidades (Caid) da universidade, o Dia da Consciência Negra traz “a necessidade da consciência para a nossa comunidade universitária, para que se engajem verdadeiramente no compromisso de modificar as relações desiguais as quais vivemos. Todas as pessoas que fazem parte da universidade têm essa obrigação”. Para ela, não é mais possível deixar de pôr em prática as ações afirmativas e uma educação antirracista, ou relegar a terceiros essas responsabilidades. “Cada um tem de fazer a sua parte para que o racismo seja combatido. Ele é um sistema extremamente sofisticado, que se reinventa para a manutenção de privilégios da branquitude, como coloca a intelectual negra Cida Bento. Todas as pessoas têm um lugar de fala e devem usá-lo para, em conjunto, caminharmos na direção de uma sociedade mais igualitária”, completa Elina.
O Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física e Relações Etnicorraciais da FURG (Efrer) organizou uma programação especial para o dia. A partir das 19h, o saguão do Centro Esportivo da Educação Física concentra atividades como a palestra “O Racismo Estrutural e as Visões de Mundo de Estudantes Cotistas Raciais da FURG”, com a professora Elina Rodrigues de Oliveira, a exibição de um documentário sobre a ativista, escritora e filósofa Angela Davis e a exposição de escritas de estudantes do Ensino Médio sobre o tema “O que é ser negro e negra no Brasil?”, além de degustação de gastronomia afro-brasileira.
O Efrer foi criado em abril de 2023, mas as ações vêm ocorrendo desde o ano passado no prédio do Centro Esportivo, no campus Carreiros. “Somos pautados pela necessidade de entender e problematizar como a Educação Física observa o movimento negro, e como podemos formar os nossos alunos atentos às discussões étnico-raciais”, explica a professora Leila Finoqueto. “É o momento de fortalecimento das pequenas conquistas as quais foram fortemente atacadas nos últimos anos, e também de focar na necessidade de manter a presença de pesquisadores e pesquisadoras e estudantes negros e negras dentro da universidade”.
O card abaixo traz toda a programação do Efrer para o dia.
Biblioteca Central
O Sistema de Bibliotecas (SiB) preparou o Mês da Consciência Negra na Biblioteca Central, que inclui uma programação com roda de conversa, oficina de turbantes e exposição de lambes. Confira o card ao final do texto.
Lélia Gonzalez
O Grupo de Estudos e Pesquisa Interdisciplinar Lélia Gonzalez realiza nos dias 16, 23 e 30, o Ciclo de Palestra Novembro Negro. O coletivo tem como objetivo principal criar, desenvolver e compartilhar pesquisas, estudos e escrevivências, conceito criado pela escritora e linguista Conceição Evaristo. Mais informações podem ser acessadas no card do grupo, abaixo.
Patrono e festival de dança
Os últimos meses foram pautados por uma série de atividades que reforçam a presença marcante do movimento negro no dia a dia da FURG.
Em fevereiro, a comissão organizadora da 49ª Feira do Livro anunciava o seu patrono: Alisson Affonso, ilustrador, cartunista e bacharel em Artes Visuais pela FURG, premiado em salões de humor internacionais com suas obras. Com o tema “Escritas, Presenças e Existências Negras”, o evento foi construído em parceria com representantes do movimento, visando o envolvimento direto da comunidade externa à universidade desde a concepção do tema até o efetivo início das atividades. Para a construção da sua identidade visual, a Feira adotou como símbolo gráfico os Adinkras, sistema de escrita pictográfica e de ideias comprometidas com a preservação e transmissão de valores fundamentais da cultura africana.
A notícia da escolha do patrono negro foi recebida com festa pela comunidade e a cerimônia do anúncio oficial, no prédio da reitoria, reuniu entidades representativas da cidade como o Instituto Cultural Filhos de Aruanda, Projeto Vasquinho do BGV, Instituto Mães Negras, Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), Conselho Municipal dos Povos de Terreira, Conselho Municipal de Desenvolvimento Social e Cultural da Comunidade Negra (Comdesccon), Autores Riograndinos Negros e suas Produções Literárias nas Bibliotecas Públicas da Cidade do Rio Grande na Biblioteca Rio-grandense, Movimento Hip-Hop Rap Contra o Frio, União de Negros e Negras de Rio Grande (Unegro) e Movimento Popular de Cultura Afro (MPCA).
Affonso cedeu gentilmente uma série de ilustrações para adicionar a esta matéria; confira ao final do texto.
Em julho, o Festival de Dança Enegrecer foi uma das atrações da programação do Festival de Artes Corporais do Rio Grande e também do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. A Companhia de Dança Afro Daniel Amaro levou ao Cidec-Sul o espetáculo “A Arqueologia Também Dança – A Dança de Ogum”.
Ainda dentro da programação julina, a exposição Seio Brasileiro, Ventre Africano chegava à Galeria Espaço InComum, onde permaneceria até o final de agosto. Entre as expositoras esteve Gabi Assusção, estudante de Artes Visuais, que ressalta a importância de celebrar o aspecto combativo do Dia da Consciência Negra. “Este é um dia não só de celebrar nossa existência, nossa resistência e nossa luta, mas também de lembrar as lutas que ainda temos que travar por melhores condições enquanto pessoas pretas no nosso país”, diz ela. “A universidade ainda carece de negros ocupando espaços de poder, e trans e travestis ainda mais. A FURG teve um grande avanço na questão da luta trans ao inserir as cotas de gênero, mas o ingresso de trans e travestis pretas ainda é muito baixo; penso que essa cota para pessoas trans deveria vir com um recorte de raça”, aponta a artista.
Leitura coletiva
Em São Lourenço do Sul, o Kilombo Literário é um projeto cultural vinculado à universidade, onde são realizadas práticas de leitura coletiva de produções de autoria negra.
Quilombo dos Palmares
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra foi instituído pela Lei 12.519/2011. A data faz referência ao dia em que Zumbi teria sido capturado e morto em 1695. Zumbi foi líder do Quilombo dos Palmares, o maior da história do Brasil.
→ Programação – Lélia Gonzalez
Secom FURG
Foto: Alisson Affonso/Acervo
Clique aqui e participe do nosso Canal de Notícias no WhatsApp