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FURG divulga edital para seleção musical do 6º Musiurg

Confira os detalhes do regulamento desta nova edição do Festival

Na tarde desta quinta-feira, 10, a Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), por meio da Diretoria de Arte e Cultura (DAC) e do Núcleo de Extensão em Música (Nemus), divulgou o edital de seleção de produções musicais e regulamento do 6º Festival Universitário de Música do Rio Grande (Musiurg), que será realizado nos dias 4 e 5 de dezembro, no Cidec-Sul. As inscrições iniciam a partir da próxima segunda-feira, 14, exclusivamente via Sistema de Inscrições da FURG (Sinsc).

O festival visa estimular, reconhecer e valorizar a produção musical na Universidade e região, oportunizando espaço para a criação, fruição e reflexão estética no campo da música. Esta é uma ação institucional que integra o Programa Institucional de Apoio a Música (Pró-música), tendo sua primeira edição ocorrido em 1984; a quinta e última edição realizada até então aconteceu em 2013.

Ao todo serão selecionadas 12 produções musicais, compreendidas como obras inéditas e autorais. O processo acontece em duas categorias: livre e temática. Na primeira serão aceitas composições musicais autorais e inéditas, abrangendo os mais diversos estilos e gêneros musicais sem limitação estética quanto às formas de expressão musical propostas. Na segunda serão aceitas composições musicais autorais e inéditas que abordem temáticas relacionadas ao meio ambiente e contribuam para a reflexão sobre questões ambientais contemporâneas, promovendo a conscientização social e o diálogo a partir da arte. As obras podem explorar assuntos como sustentabilidade, mudanças climáticas, preservação dos recursos naturais, biodiversidade e as diversas formas de manifestações dos territórios.

Como parte do festival, serão promovidas oficinas, publicação de um livro e a produção de um álbum musical contendo as faixas participantes do 6ª Musiurg. O objetivo deste conjunto de ações é contribuir para a formação e qualificação técnico-artística, preservação da memória artístico-cultural e a difusão cultural de autores, intérpretes e compositores da região, cumprindo assim o seu papel como um festival realizado por uma Universidade pública, gratuita e de qualidade.

Ainda em tempo, serão realizadas também premiações individuais para cada uma das duas categorias do Festival, sendo Melhor Canção/Música – R$ 2.500,00 e troféu; Melhor Arranjo – R$ 500,00 e troféu. Melhor Letra – R$ 500,00 e troféu. O Musiurg também disporá de Ajuda de Custo, entregue ao responsável legal de cada uma das 12 músicas classificadas para a mostra geral e mostra temática, no valor de R$ 250,00; o montante é referente ao custeio parcial das despesas de transporte para participação no evento. Confira o edital completo ao final deste texto

Carta aberta de um Patrono da Feira do Livro

Em manifestação emocionada, enviada à Proexc, o compositor e patrono da 48ª Feira do Livro, Sérgio Carvalho Pereira, compartilhou um pouco do seu sentimento ao saber do retorno do festival para sua 6ª edição, destacando a relevância dessa ação para o desenvolvimento da cultura e da arte na região. Leia em seguida a carta aberta na íntegra:

Musiurg, um festival afinado com seu tempo

“Ao ler hoje a notícia do retorno do Musiurg, festival de canções promovido pela Furg, fiquei emocionado por poder viver mais uma vez este evento para mim tão significativo e que tem grande importância na história musical e poética de Rio Grande.

A sua edição inaugural, ainda na primeira metade dos anos 80, iniciativa da nossa universidade, impactou a vida musical, poética, interpretativa na cidade. Isso foi tão marcante que compositores, intérpretes instrumentistas e cantores, arranjadores e toda cadeia atuante nessa campo da arte sonora em Rio Grande, naquele tempo, foi tocada, instigada e chamada ao movimento criativo. A força desta energia despertada pôde ser sentida ao longo das próximas décadas.

O Brasil naqueles dias do primeiro Musiurg vivia esperançoso o tempo derradeiro da censura. O controle do ato compositivo, do fazer poético e musical, as restrições impostas sobre a expressão da performance, da interpretação no palco, tudo que representava décadas de limitações impostas à arte e aos artistas estava terminando. O Musiurg em Rio Grande, foi um marco de retomada.

Lembro-me perfeitamente de três momentos impactantes que marcaram minha vida e seguramente a de tantos riograndinos e que são frutos deste evento, o primeiro Festival Universitário da Música do Rio Grande, o Musiurg:

Quando surgiu a notícia do festival, o alvoroço, a agitação, a inquietação foi enorme entre os músicos e poetas da cidade. Nos anos imediatamente anteriores ao nascimento do Musiurg, o DCE da Furg promovia no anfiteatro da Universidade (hoje IF) mostras de arte que reuniam grupos musicais, teatrais, recitadores, solistas do canto e dos instrumentos, enfim, todo tipo de manifestação artística desenvolvida no âmbito universitário e com abertura àquelas vindas da comunidade.

Isso, na minha forma de ver, foi o dínamo impulsionador para que alguns professores e gestores da época, entusiasmados com a produção artística e cultural entregues nestes recitais, tão espontaneamente surgidos da iniciativa dos estudantes, criassem o festival. Os dias que se sucederam após o lançamento do edital que colocava nas nossas vidas o Musiurg foram dias inesquecíveis de efervescência, de alegria, de criação, de esperança.

O segundo momento impactante, para mim e certamente para tantos músicos, poetas, compositores da cidade e da região, aconteceu quando foram anunciadas, após seleção feita por júri especializado, as canções classificadas para a etapa de palco do festival. Eram essas então as composições que subiriam ao cenário e teriam a primazia de serem apresentadas ao público.

Elas foram anunciadas nos jornais impressos, nas rádios e nas paredes dos prédios da universidade. E esse foi um dia encantador! É importante contextualizar este momento. Naqueles tempos era muito difícil a um grupo amador, iniciante, chegar a um palco do tamanho e da importância daquele que se anunciava. A Universidade colocava toda sua força e empenho na realização do evento e ele tomou, principalmente em nós, uma proporção incrível. Ter uma canção autoral veiculada para tanta gente, divulgada em rádio, a letra impressa e publicada, tudo isso que hoje nos é tão próximo e relativamente acessível, naquele tempo de tantas limitações e proibições não o era.

Essas possibilidades nos envolveram em uma atmosfera de alegria que nos conduziu por aqueles dias, em meio a grande ansiedade. Os ensaios, as conversas com outros grupos e músicos, reuniões com os organizadores, preparação de torcidas, tudo nos levou até a primeira noite do festival neste estado maravilhoso de crer na música, no verso, no som e na palavra. Naquilo que, encantados por esses mantras, buscávamos fazer como ponte para a expressão mais pura. Tudo isso era inexplicável para nós naqueles dias, pelo turbilhão de sentimentos que nos tocou viver.

A terceira lembrança marcante que quero recordar aqui vem do entardecer do dia de abertura do festival, quando eu e meu irmão, parceiro de composição, saímos da minha casa na rua Vinte e Quatro de Maio em direção ao estádio do Ipiranga Atlético Clube. Já na Vinte e Quatro, longe ainda do local do evento, chamou-nos a atenção aquela quantidade de gente na rua, àquela hora do sábado. Nós carregávamos os instrumentos musicais e andávamos a pé pelas calçadas.

Conforme íamos vencendo as quadras do caminho mais gente aparecia. As ruas, quanto mais próximas do IAC se tornavam rios de pessoas, rios convergentes a um ponto comum. Alguns conversavam alto, sorriam, outros cantavam e outros ainda nos saudavam a nos verem com um violão e um bombo legüero às costas. Ao chegarmos no lugar havia um enorme aglomerado de pessoas ao redor da porta de acesso do ginásio e a entrada para assistir ao festival já era muito difícil.

Acessamos por uma outra entrada e os organizadores nos disseram não haver mais lugar para o público. O ingresso de uma pessoa dependia da saída de alguém, estava superlotado. Quando olhei para as arquibancadas e para a quadra esportiva tive uma visão que ficou em mim como um cartão postal gravado na memória. Creio que me impactou a quantidade de gente, a multidão, mas hoje pensando, acredito que o que mais me marcou foi a alegria, a euforia, o contentamento daquele povo por estar participando, vivendo um ato público de arte e cultura, sem medo de estar juntos, sem restrição à criação, ao pensamento e aos sentimentos.

Por essas lembranças e outras tantas é que hoje emociona-me ver o regresso deste nome, desta marca. O Musiurg teve outras edições nos anos seguintes e, a seu tempo, cada uma cumpriu o papel de valorizar, impulsionar e defender aqui na nossa cidade, a expressão através da arte e, sobretudo, a liberdade de criar.

Bem vindo o 6º Musiurg, uma iniciativa que recupera e atualiza a ação da Furg como protagonista neste afã há quatro décadas.

Um festival de canções que é parte da história ainda mais longeva da nossa Universidade, história marcada por andar com a comunidade, suas potencialidades e sua busca de caminhos pelo tempo.”

→ Edital

Secom FURG

Foto: FURG

 

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