FURG-SLS leva conhecimento sobre Agroecologia e insetos para o 19º Dia de Campo da Embrapa
Coletivo de Entomologia participou da Ciranda Agroecológica na Estação Planeta dos Insetos, envolvendo cerca de 500 estudantes em Pelotas
Nos dias 4 e 5 de dezembro, o Coletivo de Entomologia Aplicada à Agroecologia da FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS) participou da Ciranda Agroecológica no 19º Dia de Campo sobre Agroecologia e Produção Orgânica, realizado na Estação Experimental Cascata da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas.
O evento foi promovido pela Embrapa Clima Temperado, Emater/RS-Ascar, Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa) e Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
As reuniões de planejamento do evento começaram em setembro, com a participação da docente e pesquisadora Patrícia Lovatto, e membros do coletivo, que, neste ano, organizaram e participaram pela segunda vez da programação na Estação Planeta dos Insetos.
A estação foi uma forma de aproximar as crianças da agroecologia, conciliando ciência e arte, fortalecendo a conexão com o ambiente e os processos biológicos.
A proposta buscou estimular vínculos que, frequentemente, se perdem na idade adulta devido à falta de estímulos e ao distanciamento de uma visão que vê o ser humano como parte integrante e cooperativa da natureza.
A dinâmica da Ciranda Agroecológica, que envolveu estações conectadas à agroecologia, foi inspirada na dança de roda da cultura popular brasileira, onde a interação de mãos dadas mobiliza canto e dança, com letras que abordam temas como campo, natureza, agricultura e amor.
Aproximadamente 500 estudantes do ensino fundamental de escolas rurais e urbanas de Pelotas e Canguçu participaram da programação.
Lovatto explicou que a atividade foi incluída no Dia de Campo com o objetivo de oferecer às crianças a oportunidade de ampliar seus conhecimentos sobre o ambiente, a produção de alimentos e os recursos naturais, como terra, água, insetos e sementes.
“Por meio de brincadeiras, atividades lúdicas e artes, a Ciranda busca mobilizar os sentidos para a compreensão da ciência, ampliando e renovando as formas de habitar o Planeta Terra”, completou.
Rui Madruga, coordenador da Ciranda, destacou o diferencial da iniciativa foi reunir instituições com experiência no trabalho com crianças, oferecendo estações lúdicas sobre diversos temas.
“Elaboramos estações com informações variadas, como a FURG, que abordou os insetos. Outras estações trabalharam com solo, água, florestas, teatro, pintura, dança, música e alimentação”, explicou.
A missão da estação do coletivo, com o apoio dos laboratórios de entomologia e microscopia da Embrapa, foi encantar os estudantes sobre os insetos, o grupo mais diverso e abundante de organismos vivos da Terra, essenciais para a manutenção da vida.
Segundo Patrícia, os insetos e a estética das sementes foram os destaques da estação, com uma provocação inicial sobre o desconhecimento ou negligência em relação ao impacto dos insetos na produção vegetal.
“Os insetos são imprescindíveis para termos comida boa e abundante na mesa. A Natureza sabe disso. Um exemplo é a estética de muitas sementes. A anatomia de algumas sementes é fruto de um processo de coevolução com os insetos, a mais antiga amizade do Planeta Terra. Um exemplo disso é uma estrutura carnuda, chamada elaiossoma, que as sementes possuem para atrair formigas, que as levam ao ninho e alimentam suas larvas, ao passo que contribuem para a dispersão”, disse.
A partir dessa ideia, a temática sobre a urgência de conhecer, respeitar, conservar e aprender com os insetos foi desenvolvida, incluindo a interação com os estudantes, mediada por estratégias lúdicas, como a peça de teatro “Joana das Alfaces”, acompanhada da música autoral “Guardiões da Terra”.
A peça foi uma adaptação da animação “João das Alfaces”, produzida pela Embrapa Agrobiologia, no Rio de Janeiro, e contou com a participação de 17 estudantes dos cursos de Agroecologia e Educação do Campo da FURG-SLS.
Os figurinos foram criados pela estudante de agroecologia e bolsista da Concessão de Bolsas de Cultura (Epec Cultura), Diana Bongalhardo, com apoio da costureira lourenciana Landa Heiden, além de recursos da Embrapa e da Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento Edmundo Gastal (Fapeg). A música da peça foi composta pela estudante de agroecologia Alana Torre, com apoio de Giovani Ghiggi, também estudante de agroecologia.
Além disso, a formiga gigante, personagem da estação, foi criada pelo artesão e estudante de agroecologia Ronaldo Augusto Gomes da Silva, que usou materiais descartados de forma inadequada no meio ambiente para a construção.
“Essa obra levou um mês para concluir e foi toda confeccionada com material residual descartado em locais inadequados em São Lourenço do Sul. Fibra ótica de cabeamento encontrada pelas vias, bem como tiras de material plástico que são utilizadas como amarração de paletes de calçamento (utilizei na cobertura da formiga). Penso que a arte é uma via que pode expressar de forma lúdica nossa consciência ecológica, despertando esse estado crítico e sensibilizando através do aparentemente subjetivo. Então, por que não o fazer agroecológico possa ser também uma expressão de arte que cria e recria sobre aquilo que se diz perdido? Transformar, moldar, dar forma e um novo sentido ao que se julgou perdido”, informou Ronaldo.
Para Aline Cristina Mello Til, estudante de agroecologia e estagiária do coletivo, que interpretou a personagem Joana, a experiência de participar pela primeira vez de uma ação que une arte, cultura e agroecologia foi muito positiva.
“Joana é uma mulher agricultora que sofre uma contaminação e vive estressada, cheia de trabalho, querendo se livrar das pragas e dos insetos. Ela passa por essa contaminação e, com a ajuda da pesquisadora, resolve mudar sua forma de manejo. Passamos essa ideia de maneira muito simples e compreensível para as crianças, de forma didática e lúdica. Foi fundamental, porque no Dia de Campo, conseguimos romper um pouco a bolha da agroecologia. É através das crianças, que ainda não têm nenhum contato com a produção agroecológica e com essa nova forma de produzir e manejar, que conseguimos despertar a conscientização. É importante que as crianças já tenham essa conscientização desde o processo escolar, para que compreendam também os perigos dos agrotóxicos, que afetam não apenas os insetos, mas também a saúde delas, que estão inseridas nesse agroecossistema”, contou.
Ao final da visita, as escolas receberam material didático pedagógico para aprofundar o trabalho sobre a temática, além do livro “Amigos Naturais: insetos e plantas como parceir@s no manejo agroecológico dos cultivos”, disponível gratuitamente em formato digital, em parceria com a editora da UFPel.
Elenco da peça teatral Joana das Alfaces:
- Alline Mello como Dona Joana
- Geisa Ferreira como Pesquisadora Dra. Quilombola
- Mariéla Centeno como Joaninha
- Sara Evangelista como Abelha
- Laila Dreemurr como Libélula
- Jéssica Moraine como Percevejo Fitófago
- Thais Prudente como Rola-Bosta
- Jaqueline Fischer como Lagarta/Borboleta
- Julia Lolis como Pulgão
- Patrícia Lovatto e Leticia Hellwig como Formigas dispersoras de sementes e predadoras
Figurinos:
- Diana Bongalhardo e Laila Dreemurr (Bolsista EPEC Cultura/FURG) e Landa Heiden
Banda dos Insetos:
- Giovani Gighi e Alana Julia
Música/Letra “Insetos Guardiões da Terra”:
- Alana Julia (Disciplina Manejo Agroecológico de Artrópodes – Agroecologia Bacharelado/FURG)
Apoio:
- Embrapa/FAPEG
Fotos:
- Paulo Lanzetta (Embrapa Clima Temperado)
Letra de Guardiões da Terra:
Sabe os insetos, eles são legais,
Todos os insetos têm os seus papéis,
Tem os que vivem voando por aí,
E os que fazem túneis abaixo dos nossos pés.
Cada um dos insetos é importante,
Todos na natureza são relevantes,
Alguns se vestem estranhos, outros elegantes,
Alguns picam o dedo, muitos curam a gente.
Polinização, dispersão de sementes,
Florindo a terra, nos dando um presente,
Degradando a matéria, ciclando nutrientes,
Cuidar dos insetos, é cuidar da gente.
Comendo de tudo, não são exigentes,
Só não jogue veneno, que eles ficam doentes,
Só não jogue veneno, que eles ficam doentes. (2x)
Sabe, os insetos são vida sem fim,
Guardiões da terra, eles são sim,
Pequenos heróis com grande missão,
Cuidar deles é a nossa obrigação.
Autoria: Alana Torres
Secom FURG
Foto: FURG
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