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Há dois anos a vacinação contra a covid-19 iniciava um novo tempo no Rio Grande do Sul

Dois anos depois de receberem as primeiras doses de vacina contra covid no RS, Eloina e Hoher se reencontraram

Há dois anos, em uma solenidade simbólica que se iniciou nos últimos minutos de 18 de janeiro de 2021 e adentrou a madrugada de 19, a vacina contra a covid-19 chegava aos braços de cinco gaúchos, os primeiros imunizados no Estado.

Naquele momento, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Eloina Gonçalves Born, moradora de um lar geriátrico e na época com 99 anos; Jorge Amilton Hoher, médico-chefe do serviço de Medicina Intensiva da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; Carla Ribeiro, da etnia kaingang e residente da aldeia Fag Nhin, na Lomba do Pinheiro; Joelma Kazimirski, auxiliar de higienização do Grupo Hospitalar Conceição; e Aline Marques da Silva, técnica de Enfermagem do HCPA, receberam as primeiras doses de um lote de 341,6 mil unidades do imunizante Coronavac que desembarcou momentos antes no Aeroporto Salgado Filho.

Eles representavam os grupos de risco prioritários, previstos na primeira etapa do Plano Nacional de Imunização. Passados dois anos, eles relembram aquela noite com nostalgia, felicidade e, principalmente, saúde. Todos se tornaram símbolos da esperança que surgia naquele momento e hoje são a prova de que vacinas salvam vidas.

Eloina rememorou a ansiedade e a alegria daquela noite. A vacina permitiu que ela comemorasse o seu centenário, em segurança, ainda em 2021. Ela não teve covid-19 e hoje, com 101 anos e já imunizada com quatro doses, garante que pretende tomar quantas forem necessárias. “Se tiver que me vacinar de novo, vou fazer. E aos que não fizeram ainda, aconselho que façam”, alertou. “Além do mais, não dói nada. E nem me gripar eu me gripei.”

As imagens de Eloina recebendo a vacina e os cumprimentos do governador Eduardo Leite se tornaram uma memória especial para a idosa. Naquela madrugada, o horário já havia passado em muito daquele em que costuma ir para a cama, mas nem o sono e o cansaço atrapalharam a emoção do momento, que relembra com carinho: “Tenho saudade daquele dia, é uma lembrança que vou ter para sempre”.

O médico intensivista Jorge Hoher, na época com 68 anos, lembra da cerimônia em que recebeu a vacina como uma “celebração da esperança e da imunização”. Foi escolhido para representar, naquele momento, os médicos que, como ele, tinham mais de 60 anos e atuavam na linha de frente do combate à pandemia.

Dois anos depois, Hoher e Eloina se reencontraram, na casa geriátrica onde vive a aposentada, para celebrar a saúde e a vacina e relembrar a noite em que o Rio Grande do Sul começou a caminhada na direção da imunização, como recordou o médico.

“Foi uma noite muito intensa e de muita emoção por estarmos recebendo a vacina, que era a única esperança que tínhamos naquele momento em que ainda morriam muitas pessoas. A partir daquele dia, as coisas começaram a acontecer e se iniciou o controle da pandemia até o que vemos hoje, dois anos depois. Tudo graças à vacina, não tenho dúvida”, afirmou Hoher.

O médico já recebeu quatro doses, seguiu trabalhando na Santa Casa e não foi contaminado pelo coronavírus. “Sou a prova viva de que a vacina funciona. Para as pessoas que estão com algum medo de se vacinar ou de buscar as doses de reforço, peço que reflitam, vejam os exemplos e entendam o que significa a imunologia no mundo todo. É por meio da imunização e da vacinação que obtemos nossas defesas. Não há motivo para não se vacinar”, pontuou.

Outras duas vacinadas naquele primeiro momento e que também atuavam na linha de frente da pandemia, a técnica de enfermagem Aline Marques e a auxiliar de higienização Joelma Kazimirski, chegaram a se contaminar, mas a imunização garantiu que enfrentassem a doença sem dificuldades. As duas tomaram todas as doses recomendadas. “Peguei covid ainda em 2021, mas os sintomas foram leves e me recuperei rapidamente”, contou Aline.

Joelma contraiu o vírus em outubro de 2022, quando já estava imunizada com a terceira dose. Não apresentou nenhum sintoma grave. “Nem febre tive”, lembrou. Ela continua trabalhando na higienização da UTI do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. Logo depois de ser imunizada, em janeiro de 2021, os seus colegas de trabalho também receberam a vacina. “Todos ficaram bem”, disse.

Ela testemunhou as mudanças que a vacina provocou. Em 2021, a ala da UTI em que trabalhava era totalmente destinada aos pacientes com covid. Hoje, o quadro é bem diferente. A mudança se intensificou após o começo da aplicação da segunda dose na população. “Depois da vacina, foi diminuindo cada vez mais o número de pacientes internados e principalmente o número de óbitos. A vacina veio para nos salvar. Antes, a situação era muito triste”, observou.

Na noite em que recebeu a vacina, Joelma se emocionou ao pensar nos pacientes que via todos os dias em sua rotina na UTI e na dor das famílias que perdiam seus entes queridos. Por isso, é uma defensora da imunização. “Para os que ainda não fizeram as doses necessárias, digo que façam, porque a vacina é segura e eficaz. Muita gente deixou de morrer, eu pude ver isso”, garantiu.

Carla, a primeira indígena a receber a vacina no Estado, não teve covid até o momento. “Me sinto orgulhosa por ter representado meu povo naquele momento e muito feliz em saber que, por conta da vacina, muitas vidas indígenas, assim como as demais, foram salvas.”

Hoje, 27,4 milhões de doses já foram aplicadas no Rio Grande do Sul. A secretária da Saúde, Arita Bergmann, ressaltou a importância da vacinação ao lembrar da cerimônia que inaugurou o processo de imunização no Estado. “Foi um dia inesquecível e de muita emoção. Naquela época, estávamos diante do desconhecido. A covid estava assolando muitos países e ceifando muitas vidas. Ali, a vacina representou a esperança, a luz no fim do túnel. Estávamos todos confiantes na ciência”, disse Arita.

A secretária reforçou o apelo para que a população não deixe de completar o esquema vacinal e de buscar as doses de reforço. Quase 90% dos gaúchos já foram vacinados ao menos uma vez (mais de 9,8 milhões de pessoas receberam a primeira dose, conforme dados de 19 de janeiro), mas a conscientização sobre a importância das doses de reforço ainda é um desafio. Hoje, 642.012 pessoas estão com a segunda dose em atraso no Estado. No caso da terceira, são 2.977.692 e, da quarta, 2.128.676.

As vacinas, que há dois anos eram aguardadas com tanta ansiedade, hoje estão ao alcance de todos. As histórias de Eloina, Jorge, Aline, Joelma e Carla, que para sempre estarão ligadas por uma noite histórica, comprovam que a ciência construiu o caminho para que o Rio Grande, o Brasil e o mundo pudessem voltar a respirar sem medo.

SECOM RS

Foto: Gustavo Mansur/SECOM RS

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