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HU-Furg realiza primeira cirurgia de redesignação sexual do interior do estado

São atendidos pacientes que passaram por outros serviços especializados do estado e encaminhados para a realização de cirurgia de afirmação de gênero pelo SUS

O Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), fez história, no início de julho, ao realizar sua primeira cirurgia de redesignação sexual. Foi a primeira cirurgia desse tipo realizada pelo Hospital e, também, a primeira no interior do estado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Hospital segue a legislação vigente que regulamenta o processo transexualizador no Brasil, garantindo acompanhamento pré e pós-operatório adequado, além de oferecer atenção especializada por meio de equipe multidisciplinar.

Segundo a chefe da Unidade da Saúde da Mulher, Tânia Fonseca, “Esse é um marco para a inclusão e o respeito à identidade de gênero. Após anos de capacitações e preparo da equipe multidisciplinar, finalmente o serviço transexualizador – modalidade cirúrgica realizou a primeira cirurgia de redesignação”. 

A cirurgia de redesignação sexual ou transgenitalização, conhecida como “cirurgia de mudança de sexo”, visa alterar as características físicas dos órgãos genitais para que a pessoa possa ter um corpo que corresponda à sua identidade de gênero. Seguindo as normativas brasileiras, tais procedimentos podem ser realizados dos 18 aos 75 anos, respeitando a autonomia e a decisão da pessoa em relação à identidade de gênero. Para ter acesso ao serviço e chegar à etapa cirúrgica, os pacientes devem realizar acompanhamento em Ambulatório Multidisciplinar Especializado em Transexualização, conforme portaria vigente. Todo o processo é feito via sistema de regulação do Rio Grande do Sul.

O professor de Urologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e chefe do Serviço de Urologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Tiago Rosito, acompanhou de perto o procedimento: “Estamos nos preparando para essa cirurgia com os médicos do HU-Furg, Hsu Yuan Ting e a Karen Carlotto, já há vários meses. Esse Hospital vai ser um dos poucos centros no Brasil a fazer essa cirurgia pelo SUS e, para nós, é muito gratificante ter ajudado e participado desse momento. Estamos sempre à disposição para trabalhar juntos”. Tiago é cirurgião do Programa Transdisciplinar de Identidade de Gênero (Protig) – um projeto que presta assistência a pessoas transexuais no estado e “é o mais antigo do Brasil em atividades relacionadas à identidade de gênero”, afirmou.

O urologista do HU-Furg, Hsu Yuan Ting, um dos cirurgiões que realizou o procedimento, destacou: “Agradecemos muito a colaboração do professor Rosito. E esta vai ser primeira de várias cirurgias”. O especialista destacou a atuação da equipe multiprofissional do Ambulatório que trabalhou para organizar o fluxo de atendimento, estabelecer protocolos, realizar capacitações e atender aos critérios necessários para garantir cuidados qualificados à população trans. A equipe é composta por profissionais de diversas áreas, incluindo urologistas, ginecologistas, obstetras, endocrinologistas, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais.

A ginecologista Karen Carlotto, também cirurgiã que acompanhou a cirurgia, expressou: “Estou muito feliz de termos o SUS para poder conferir esse direito a essa população tão segregada, uma minoria que precisa de tanto cuidado. Estou imensamente feliz em participar e estamos trabalhando para realizar a próxima cirurgia ainda no mês de julho”.

O HU-Furg realiza a etapa cirúrgica do processo transexualizador, atendendo pacientes que passaram por outros serviços especializados do estado e encaminhados para a realização de cirurgias específicas. O tempo de acompanhamento pré e pós-operatório pode variar de paciente para paciente, sendo, no mínimo, um ano no pós-operatório antes do retorno ao serviço de origem. O credenciamento do Ambulatório de Atenção Especializada no Processo Transexualizador do HU-Furg, inaugurado em janeiro de 2024 e único no interior do estado, deverá gerar um impacto significativo na redução da fila de espera no estado, que pode chegar a cinco anos.

Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh

Foto: Alan Bastos

 

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