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Iniciativas da FURG buscam fortalecer visibilidade trans

No início do ano, universidade foi a primeira do Estado a realizar processo seletivo específico para transgêneros

O mês de janeiro é dedicado a celebrar e reafirmar a importância da luta pela garantia dos direitos das pessoas trans. Ações da Coordenação de Ações Afirmativas, Inclusão e Diversidades (Caid) como o uso do nome social nos registros acadêmicos e um inédito processo seletivo específico para o público transgênero, além de uma exposição de arte, são algumas das iniciativas que compõem o Janeiro Lilás da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Há pouco menos de duas semanas, a FURG realizou o primeiro processo seletivo específico para ingresso de estudantes transgêneros no Estado do Rio Grande do Sul. O edital surgiu pela aprovação pelo Conselho Universitário da ampliação do programa de ações afirmativas da FURG.

Foram oferecidas dez vagas em cursos de graduação presenciais da universidade, eleitos pela população trans a partir de um trabalho desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola (Gese). Ao total, candidataram-se 45 pessoas.

O processo seletivo destinou-se, exclusivamente, a candidatos/as transgêneros: mulheres trans, travestis e homens trans. Consistiu em uma prova de Redação em Língua Portuguesa, aplicada no dia 15 de janeiro no campus Carreiros, no município do Rio Grande/RS. A lista de classificados será divulgada até o dia 27 de fevereiro.

De acordo com a coordenadora Simone Freire, a Caid agora trabalha para acolher esses estudantes e garantir sua permanência, consolidando assim o compromisso da atual gestão de ser plural, diversa, coletiva e democrática. “Para nós, na Caid, o dia 29 de janeiro acontece todos os dias, nos desafios cotidianos e no trabalho pela transformação”, afirma. “Esse tema é de extrema importância para a universidade mas também para a sociedade, visto que estamos falando de uma grande parcela da população que é invisibilizada, não consta nos censos oficiais e, por isso, fica à margem de políticas públicas. Pessoas com expectativas e esperanças de uma vida digna e plena. É nesse cenário que o movimento tem se mobilizado e lutado para transformar essa realidade. A universidade fica muito feliz de ser partícipe dessa luta”, completa a coordenadora.

Pelo 14º ano consecutivo, o Brasil é país que mais mata pessoas trans; 131 mortes foram registradas em 2022. México e Estados Unidos aparecem em segundo e terceiro lugares, respectivamente. O dossiê foi divulgado ontem, 26, pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e entregue ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

Para a presidente da Associação de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Mulheres de Rio Grande (ALGBT RG), Fabiula Weickamp, o processo de abertura das vagas junto à FURG “abriu espaço para a entrada dessas corpas no campo universitário”. Ela recorda que a ALGBT começou o diálogo sobre a proposta há alguns anos com a então reitora Cleuza Maria Sobral Dias, e as tratativas tiveram sequência com o atual reitor Danilo Giroldo, “que abraçou junto à Associação essa demanda, proporcionando ao Rio Grande do Sul o seu primeiro processo seletivo exclusivo a pessoas trans”.

“Ações como essa são importantes para os avanços sociais, humanos e econômicos das pessoas travestis e transexuais, que sofrem todo tipo de preconceito social nas suas vidas”, pontua Fabiula. Antes do início da prova, representantes da ALGBT distribuíram água mineral, chocolates, barrinhas de cereal e canetas próximo à entrada do prédio 1.

Ainda segundo a presidente da ALGBT RG, a data é “de extrema importância para que possamos refletir sobre a existência em comunidade de nossos corpos, que circulam há décadas e sempre foram estigmatizados, violados, violentados e excluídos do convívio social e comunitário”. Fabiula defende que pensar a data do dia 29 de janeiro como o dia da consciência é pensar “para fora de nossos corpos, é pensá-los no dia a dia, e estimular nossas vivências dentro da sociedade ao ponto em que eles sejam aceitos, compreendidos e até normalizados mesmo nas suas diversidades. Respeito é o instrumento que buscamos alcançar para todas, todos e todes”.

Considera-se pessoa transgênera aquela que não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento, cabendo-lhe autodeclarar essa condição.

Exposição Trajetos

Em exibição na Galeria Espaço INcomum, no Centro de Convivência do campus Carreiros, a exposição Trajetos reúne obras de Gabi Assusção e Paulo Ferreira (Afrokaliptico), ambos formandos do curso de Bacharelado em Artes Visuais.

Ancestralidade, migração, transição, arte e política são alguns fios que perpassam a exposição.

A mostra tem curadoria da professora Ana Maio e segue no espaço do CC até o dia 31 de janeiro. O horário de visitação é das 9h às 19h.

Secom FURG

Foto: Fernando Halal/Secom FURG

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