Laboratório de Micologia e HU-FURG participam de estudo pioneiro
Pesquisa, desenvolvida em seis centros de saúde, visa identificar fungos potencialmente resistentes em pacientes críticos e formar uma Rede de Vigilância no SUS
O Laboratório de Micologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande (FaMed/FURG) e o Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. (HU-FURG), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), integram um dos primeiros estudos nacionais de vigilância em leveduras (tipo de fungo) potencialmente resistentes. O projeto “Vigilância de Candida auris e outras leveduras multirresistentes a antifúngicos em hospitais do Sistema Único de Saúde” é coordenado pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e conta com a parceria de outras instituições de saúde, sendo que a FURG é a única instituição do Sul do Brasil, representada pelo HU e pelo Laboratório de Micologia (FaMed).
O estudo visa avaliar pacientes de hospitais de diferentes regiões brasileiras, ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS), quanto à colonização por leveduras potencialmente multirresistentes aos medicamentos antifúngicos, com ênfase na procura de Candida auris, bem como formar uma Rede de Vigilância, integrando uma parte importante de saúde pública, voltada para a Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS). O estudo, em andamento desde 2022, é coordenado pela pesquisadora da Fiocruz, Rosely Maria Zancopé Oliveira.
Para o desenvolvimento do projeto, o Laboratório de Micologia (FaMed/FURG) conta com a parceria do HU-FURG, especificamente com a equipe da UTI Adulto, coordenada pela enfermeira Lisa Carvalho. As pesquisadoras Melissa Orzechowski Xavier e Karine Ortiz Sanchotene coordenam o projeto localmente, com a busca ativa dos pacientes internados na UTI Adulto. As pesquisadoras entram em contato com os familiares e explicam a importância da pesquisa para o paciente e para a rede de saúde e, em caso afirmativo, o familiar assina o termo de consentimento que permite a coleta da amostra biológica do paciente internado.
Ao todo, cerca de 50 pacientes do HU-FURG serão incluídos no estudo, sendo que mais de 75% das amostras já foram coletadas. Os resultados preliminares permitem a identificação parcial das leveduras isoladas dos dois pontos coletados – axila e virilha. Até o final do primeiro trimestre de 2023, espera-se ter incluído o quantitativo total de amostras necessárias e, então, o material será enviado para a Fiocruz, no Rio de Janeiro, onde serão realizadas as análises mais detalhadas para identificar o tipo de levedura encontrada, bem como o perfil de resistência desses fungos. As pesquisadoras destacam que, nas análises preliminares, não foram encontrados fungos do tipo Candida auris, indicando um bom cenário para a assistência prestada no HU-FURG, tendo em vista que o superfungo representa uma grande ameaça à saúde pública mundial, exigindo vigilância em saúde.
Sobre o superfungo
A espécie Candida auris, conhecida como “superfungo” foi identificada pela primeira vez no Japão, em 2009. Desde então, já foi diagnosticada em mais de cinco mil pacientes em quase 50 países. No Brasil, os primeiros relatos de infecção por Candida auris ocorreram em dezembro de 2020, em surtos no nordeste do país (Bahia e Pernambuco). Desse modo, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e, mais recentemente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhecem a Candida auris, como um patógeno de prioridade crítica, pois é resistente aos principais medicamentos antifúngicos – mais difícil de tratar. Ela pode infectar qualquer parte do corpo (sendo mais comum nas axilas e virilha) e pode persistir e se espalhar com facilidade no ambiente hospitalar. Além disso, está associada com casos de surtos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), apresentando altas taxas de mortalidade dos pacientes. Assim, a vigilância e a rápida identificação desse fungo são fundamentais para que sejam adotadas medidas efetivas de prevenção e controle.
A infecção por Candida auris é considerada oportunista, ou seja, se aproveita da fragilidade do sistema imunológico dos pacientes, geralmente com muitos problemas de saúde, para instalar-se e causar mais danos, podendo provocar uma grave infecção. O diagnóstico é realizado com exame laboratorial, em que são coletadas amostras de material biológico dos pacientes internados, que passam por análises.
Unidade de Comunicação Social do HU-FURG/Ebserh
Foto: Divulgação