Mais de 30 pesquisadores da FURG figuram em ranking sobre produtividade e influência na América Latina
Levantamento é realizado pela organização AD Scientific Index
O sistema de ranqueamento AD Scientific Index, lançado em setembro de 2021 pelos pesquisadores turcos Alper & Doger, inclui 35 pesquisadores da FURG como integrantes do ranking que listou 10 mil cientistas da América Latina a partir de produtividade e influência acadêmica. O levantamento considera a produção científica local e dos últimos cinco anos pela base Google Scholar para produzir os indicadores bibliométricos.
A AD anuncia ser uma organização independente, que utilizou nove parâmetros considerando 12 grandes áreas do conhecimento (com 256 divisões). Para a edição de lançamento do ranking foram coletados dados de 708.703 pesquisadores de 11.940 instituições de 195 países, que são agrupados em 11 regiões do globo. O levantamento completo está disponível neste link. Os organizadores ressaltam que o índice possui limitações, pois pesquisadores que não possuem perfil público na base utilizada não são considerados.
O que, à primeira vista, parece um motivo de orgulho para a FURG, uma vez que aproximadamente 4% de seus pesquisadores aparecem nesta lista, após uma análise cuidadosa pela equipe da Diretoria de Pesquisa, da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Dipesq/Propesp), percebe-se que se trata de mais um índice para criar um ranking científico. “Neste caso, a forma como o ranking foi construído não é muito clara. Utiliza como base o ‘índice h’ e índice/citações Scholar (basicamente citações) mas não descreve os procedimentos de classificação ou se existe alguma ponderação que considere, por exemplo, o impacto da revista, as particularidades de cada área, ou a eliminação de autocitação”, argumenta o diretor de Pesquisa, Leandro Bugoni. “Chamou atenção também o fato deste ranking carecer de uma avaliação crítica e ser divulgado, fundamentalmente, por pesquisadores individuais, de universidades, em especial privadas, de países com pouca contribuição científica como Nigéria, Tailândia, Filipinas, entre outros”, completa ele.
Embora a AD se considere uma organização independente, seus criadores, dois cidadãos turcos, têm também fins lucrativos. Caso algum pesquisador individual demande uma consulta para sua posição no ranking ou verificação, deve pagar uma taxa de US$ 30 dólares americanos (ou 25 euros ou 22 libras esterlinas) se for de país de economia de alta renda, por exemplo. Desta forma, a ausência de critérios claros, a cobrança de taxas para inclusão de nomes de instituições ou pesquisadores na lista, e erros linguísticos na página dos proponentes do índice, demostrando certo descuido, são características de “revistas e editoras predatórias”; embora a existência de rankings predatórios seja uma novidade.
É importante salientar que existem outros rankings, cada um com suas limitações e fortalezas, que apontam para tendências semelhantes, especialmente no topo das suas listas. Isto significa que um ranking criterioso, com procedimentos rastreáveis e replicáveis, possivelmente chegaria a resultados similares.
“No caso do AD Scientific Index, entretanto, percebe-se tanto a inclusão de pesquisadores com produção científica relativamente menor, que por exemplo, não são pesquisadores de produtividade PQ2 e, por outro lado, a exclusão de pesquisadores com elevada produção científica, PQ1 do CNPq”, observa o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Eduardo Secchi. Por isso, a Dipesq/Propesp alerta que, apesar desta evidência de protagonismo por parte de alguns dos seus pesquisadores, é sempre importante manter a avaliação crítica dos diversos indicadores disponíveis, mesmo recebendo boas notícias.
Assessoria de Comunicação Social da FURG
Foto: Thuanny Cappellari