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Mutirão e Remada Ambiental coleta 332 kg de lixo e 34 kg de materiais recicláveis em São Lourenço do Sul

Projeto da FURG-SLS aconteceu na água e na orla da Praia da Barrinha

O último “Mutirão e Remada Ambiental para a Limpeza e Conservação dos Ambientes Aquáticos na Terra de Todas as Paisagens: Por Terra e Água”, realizado pelo Campus da FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS) no último sábado, 19, retirou aproximadamente 332 kg de resíduos não recicláveis e 34 kg de recicláveis da Lagoa dos Patos e de sua orla.

Os materiais foram recolhidos em um percurso de menos de 100 metros na Praia da Barrinha.

O projeto, coordenado pela professora Patrícia Lovatto, durou cerca de 3h e envolveu estudantes dos cursos de Agroecologia, Educação do Campo e Letras, além de professores e membros da comunidade externa à Universidade, totalizando 16 participantes.

“A maioria dos resíduos retirados é plástico, de todas as formas possíveis, mas também se encontram muitos outros materiais. Na areia tem milhares de pedaços de plásticos, que, com o tempo, se tornam microplásticos, representando um risco enorme de contaminar toda a cadeia alimentar. A equipe do projeto agradece a todos que abraçaram esse e os outros mutirões e remadas, possibilitando a retirada de mais de 3 toneladas de lixo das águas da Terra de Todas as Paisagens”, declarou Jaqueline Fischer Verly, bolsista de EPEC Extensão.

Lovatto destacou a missão do projeto, a gravidade da situação e o impacto do lixo na região.

“A lagoa está uma sopa de lixo, os impactos à fauna local, à pesca e ao turismo são evidentes. Nossa ação busca chamar a atenção para está problemática. Faltam placas informativas sobre o impacto do lixo, fiscalização, lixeiras e, sobretudo, um trabalho forte e contínuo de educação ambiental que envolva as escolas, a população e os turistas. Além daquilo que vem com os ventos e com a água, muitos dos resíduos tem sido deixados ali por visitantes ou moradores, e isso precisa ser contido de uma vez por todas”, disse.

Entre outros participantes estava Marilete Gonçalves de Freitas, 38 anos, filha de pescadores artesanais e merendeira na rede pública de ensino do município. Marilete expressou sua gratidão por participar da ação e destacou a importância da preservação ambiental.

“Queria agradecer à professora Patrícia pelo convite para participar do projeto e a todos os envolvidos. Para mim, foi um privilégio poder contribuir com a preservação da nossa natureza, que passa por tantas mudanças, mas ainda tem belas paisagens. Quando entrei na água, lembrei de várias coisas que fazíamos naquele lugar quando criança: pegávamos vagalumes e pescávamos no trapiche. Meu pai nos deixou muitos ensinamentos, que levo comigo onde quer que eu vá, como o respeito pela água e pelo tempo”, relatou Freitas.

Eduardo Antunes Dias, docente que também participou da atividade, destacou a gravidade do problema ambiental e alertou para a dimensão do risco que o plástico espalhado representa à saúde e ao equilíbrio dos ecossistemas, afirmando que muitas pessoas só se conscientizam da seriedade da situação ao participar de ações como essa, onde a realidade da poluição se torna visível.

“Essas ações educativas são extremamente importantes para promoverem uma mudança de comportamento na sociedade”, afirmou.

Segundo o professor, a maior parte do lixo encontrado não é proveniente de sacolas de plástico fino, especialmente as transparentes usadas para frutas e carnes em supermercados, e não das sacolas mais resistentes, destinadas ao descarte de lixo.

“Provavelmente, essas sacolas que coletamos vêm das compras de supermercado. A separação desse tipo de sacola já auxiliaria bastante na despoluição da lagoa”, sugeriu.

Ele também relatou ter encontrado animais nativos mortos, presos em sacolas plásticas, evidenciando o impacto direto da poluição na fauna local.

“Esse lixo mata a vida de forma direta e indireta. Imaginem a quantidade de micro plástico que não enxergamos e que está espalhado na água. “Esse plástico minúsculo é tão perigoso para a nossa saúde quanto as sacolas que enxergamos”, alertou.

Por fim, Daniela Lessa, educadora ambiental e professora da rede municipal de ensino da cidade, demonstrou seu descontentamento ao ver a quantidade de resíduos na lagoa.

“Meu sentimento é de desolação. A gente vê o lixo, micro lixo de todo tipo, coisas que poderiam ter sido recicladas, e a lagoa devolveu. O que me chamou muita atenção foi que alguém tomou um long neck e jogou na calçada, no meio-fio, para ela explodir e voar cacos de vidro para a ciclovia, para a grama, para a areia onde qualquer pessoa, criança ou animal pode pisar e se machucar. É muito triste saber que o microplástico já está está até na corrente sanguínea, então estamos comendo plástico e os bichos. E esse mutirão traz uma luz sobre o que precisa ser feito, precisamos de muito mais gente para limpar a nossa praia. Num trecho pequeno e com poucas pessoas, não conseguimos limpar tudo. Há muito lixo ainda jogado, e precisamos de mais mutirões para limpar nossa lagoa”, concluiu.

Secom FURG

Foto: Divulgação

 

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