Número de novos casos de covid-19 apresenta desaceleração em Rio Grande e Pelotas
Ritmo da vacinação e a manutenção das medidas de prevenção diminuem a circulação do vírus
Dados reais coletados até 29 de março por pesquisadores do Projeto Exactum, do Instituto de Matemática, Estatística e Física (Imef) da FURG, indica que a contaminação por covid-19 está atualmente em um período de desaceleração em Rio Grande e em Pelotas. A última onda causada pela variante Ômicron foi a mais forte em termos da aceleração da contaminação. Após o pico, quando o número de infectados simultâneos chega ao máximo, há a desaceleração.
Em Pelotas, a desaceleração começou em meados de fevereiro, assim como na maioria das cidades do Rio Grande do Sul, conforme também havia sido previsto no último boletim. Porém, em Rio Grande, o instante de pico aconteceu com um retardo no tempo de aproximadamente 25 dias.
A presente análise foi extraída dos resultados recentes divulgados na modelagem Simcovid, realizada pelos professores Sebastião Gomes e Igor Monteiro, do Imef, além do professor Carlos Rocha (IFRS). A modelagem Simcovid é um dos dois módulos do projeto que gerou o site Exactum projeto este integrado por diversos professores do Imef.
Análise
Os dados reais das cidades de Rio Grande, Pelotas e mais dez cidades do Estado (coletados até 29 de março) possibilitaram identificações paramétricas e posteriores previsões para os próximos 20 dias, cujos resultados detalhados estão no módulo Simcovid do site Exactum.
O modelo prevê que Pelotas passará de 82093 casos confirmados em 29 de março para 82980 em 18 de abril, enquanto Rio Grande passará de 33831 casos confirmados para 34222, nas mesmas datas. Estas previsões poderão se confirmar se não houver mudanças nas situações atuais dos municípios, principalmente correlatas às atuais medidas de prevenção e ao ritmo da vacinação.
Reprodução Basal
O parâmetro mais significativo de uma epidemia é o Índice de Reprodução Basal (R0). No dia 29, Rio Grande estava com R0=0,52 (significa que 100 novos infectados infectam 52 outros indivíduos, caracterizando forte desaceleração). Na mesma data, Pelotas estava com R0=0,8 (significa que 100 novos infectados infectam 80 outros indivíduos, caracterizando uma significativa desaceleração). O ideal é que o índice R0 esteja inferior a 1, provocando assim desaceleração no crescimento do número de casos e, para que isso ocorra, são necessárias medidas de prevenção, sendo as principais a vacinação da população, o distanciamento social em lugares públicos, o uso obrigatório de máscaras e atitudes frequentes de higienização das mãos também contribuem para a diminuição do índice R0.
Uma média ponderada, com relação à população, do índice R0 das doze cidades pesquisadas (Bagé, Canoas, Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, Santa Maria, Santa Rosa, Santana do Livramento, São Borja, Uruguaiana) permitiu identificar em 28 de março uma aproximação para esse índice no RS, equivalente a 0,83. Historicamente, este é o menor índice desde que a equipe de pesquisadores começou a sua identificação, em fevereiro de 2021. Entretanto, a equipe lembra que os países europeus que recentemente promoveram um relaxamento excessivo das medidas de prevenção passaram por novos aumentos em termos de aceleração da contaminação. Esse é um indicativo de que seria importante a manutenção dos cuidados mínimos, como por exemplo, o uso de máscaras em ambientes fechados ou com grandes aglomerações.
Acesso aos boletins
Boletins sobre as situações de Rio Grande e Pelotas são disponibilizados periodicamente no espaço covid-19, da página do Imef. Neste espaço encontram-se um livro e dois artigos científicos já publicados sobre a modelagem matemática que dá origem aos resultados apresentados nos referidos aplicativo e boletins informativos.
O professor Sebastião agradece a colaboração dos médicos Paulo Victor Lisbôa e Joice Chaves Marques que atuam nas atualizações do site. E ressalta também o trabalho dos alunos da FURG: Marina Zanotta Rocha (Engenharia de Automação), Ana Luíza Arcanjo (Matemática Aplicada) e Lucas Rosa (Engenharia Mecânica), que auxiliam na obtenção e organização dos dados reais utilizados na pesquisa.
SECOM FURG
Foto: FURG