Ospa abre a série Quinta Clássica com obras-primas do século 19
O maestro Mateus Araujo e o trompetista Diogo Gomes se juntam à orquestra como convidados pela primeira vez
Nos últimos anos, as tardes de sábado se consolidaram como o momento de encontro do público com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) na sua Sala Sinfônica. A temporada 2023 da Ospa, fundação vinculada à Secretaria da Cultura (Sedac), oferece uma nova possibilidade para desfrutar de música também durante a semana – a Quinta Clássica, série de quatro concertos que serão realizados sempre às quintas-feiras à noite. O maestro Mateus Araujo e o trompetista Diogo Gomes são os convidados da orquestra na primeira apresentação, marcada para 20 de abril, às 20h, na Casa da Ospa. Os ingressos podem ser adquiridos via Sympla, por valores entre R$ 10 e R$ 50.
Como o nome indica, o repertório da nova série é dedicado, principalmente, aos compositores do período Clássico ou Classicismo, um estilo marcado pela elegância que despontou entre 1730 e 1820, por meio de nomes como Mozart, Haydn e Beethoven. Na primeira Quinta Clássica, a Ospa executa obras de Johann N. Hummel, uma das principais personalidades do período, e Franz Berwald, um romântico muito influenciado por esse estilo.
Mateus Araujo, que já regeu importantes orquestras brasileiras, como a Filarmônica de Minas Gerais e as sinfônicas do Theatro Municipal de São Paulo e do Rio de Janeiro, comanda a Ospa pela primeira vez. “A Ospa foi dirigida pelos meus primeiros professores, Eleazar de Carvalho e David Machado. Sempre acompanhei a orquestra com muita torcida e orgulho”, disse o regente, que também celebra o reencontro com o trompetista Diogo Gomes. “É meu colega de mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e também estivemos juntos quando regi a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem, há 11 anos, quando ele já era um músico excepcional.”
A apresentação de quinta-feira inicia com Concerto para Trompete em Mi Bemol Maior, do austríaco Johann Nepomuk Hummel (1778-1837). Escrita em 1804, a obra homenageia mestres do Classicismo, citando Mozart e Cherubini, e foi dedicada ao mais celebrado trompetista da época, Anton Weidinger. “Dentro dos concertos do período Clássico para o trompete, é o mais grandioso, tanto em relação à beleza quanto em relação ao aspecto técnico de virtuosidade”, explica Diogo Gomes, que fará os solos da obra. O músico de 31 anos equilibra a trajetória na música de concerto com o trabalho de trompetista e arranjador de Gilberto Gil e com o mestrado na UFRJ.
Após o intervalo, a Ospa executa Sinfonia n° 3 em Dó Maior, de Franz Berwald (1796-1868), considerado o principal compositor da música escandinava no início do período romântico. Sua terceira sinfonia, chamada de Singular, foi escrita em 1845 e estreada somente em 1904, décadas após a morte do compositor, mas em tempo de influenciar outros grandes escandinavos, como Jean Sibelius e Carl Nielsen.
Mateus Araujo afirma que a música escolhida proporciona uma experiência clássica, romântica e moderna ao mesmo tempo. “Em 2000, no Festival de Aspen, eu pude reger essa sinfonia. Fico feliz que ela continua sendo gravada e apresentada pelas maiores orquestras”, disse. “Essa sinfonia é extremamente exigente para a orquestra e está sendo apresentada pela primeira vez no Estado, o que representa a persistência da grande arte.”
Mateus Araujo (regente)
Mateus Araujo ingressou aos 19 anos como violinista na Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo e na Orquestra Jazz Sinfônica, onde também iniciou sua carreira como regente e compositor. Estudou regência com David Machado e Eleazar de Carvalho, David Zinman e Jorma Panula, entre outros. Após participar do concurso mundial Maazel, em 2002, esteve à frente de importantes orquestras brasileiras. Atuou como regente titular das orquestras Jazz Sinfônica de São Paulo, Sinfônica de Ribeirão Preto, Sinfônica do Theatro da Paz (Belém), Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem e Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro. Como convidado, atuou nas orquestras sinfônicas do Theatro Municipal de São Paulo e do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, do Paraná, do Teatro Nacional Cláudio Santoro (de Brasília) e do Municipal de Campinas, além de orquestras no Chile, Espanha, Inglaterra e Suíça. Graduado pelo Conservatório Brasileiro de Música (RJ), atualmente conclui seu mestrado na UFRJ com pesquisa de desenvolvimento a partir de sua obra 88 Prelúdios para 88 Notas, apresentada em 2018, em Paris.
Diogo Gomes (trompete)
Diogo Gomes iniciou seus estudos musicais aos dez anos de idade com seu pai, o trombonista Cesario Constancio Gomes. Sua formação musical inclui o Conservatório Brasileiro de Música e o curso de Bacharelado em Trompete da UFRJ. Foi 1° trompete da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem. Foi contratado na Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e atuou como convidado na Orquestra Petrobras Sinfônica. Em 2021, foi aprovado no concurso de professor substituto de trompete da Universidade de Brasília (UnB), onde lecionou até 2022. Nesse mesmo ano, ganhou o concurso de jovens talentos do jazz, no Savassi Festival. Atualmente, cursa mestrado na UFRJ, trabalha como trompetista e arranjador de Gilberto Gil e é constantemente convidado a integrar o naipe de trompetes da Orquestra Sinfônica Brasileira. Em 2022, lançou seu primeiro álbum solo, intitulado Transcendental.
Concerto da Série Quinta Clássica – I
- Quando: 20 de abril, às 20h
- Onde: Casa da Ospa (Caff – Av. Borges de Medeiros, 1.501, Porto Alegre)
- Ingressos: de R$ 10 a R$ 50. Descontos: ingresso solidário (com doação de 1kg de alimento) para clientes
- Banrisul, Amigo Ospa, associado do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, idoso, doador de sangue, pessoa com deficiência e acompanhante, estudante, jovem até 15 anos e ID Jovem.
- Bilheteria: via Sympla ou na Casa da Ospa no dia do concerto, das 15h às 20h.
- Estacionamento: gratuito, no local.
- Classificação indicativa: não recomendado para menores de 6 anos.
- Transmissão ao vivo: Canal da Ospa no YouTube.
Esse concerto disponibiliza medidas de acessibilidade.
Programa
Johann N. Hummel:
- Concerto para Trompete em Mi Bemol Maior
- I. Allegro con spirito
- II. Andante
- III. Rondó: Allegro
Intervalo
Franz Berwald:
- Sinfonia n° 3 em Dó Maior – Singular
- I. Allegro fuocoso
- II. Adagio – Scherzo – Adagio
- III. Finale: Presto
Ascom Ospa
Foto: Divulgação Ospa