Parceria internacional que monitora animais e simula o espalhamento de febre aftosa no Estado é renovada
Modelo de monitoramento foi montado com base em dados reais de movimentação do rebanho e do cadastro de propriedades no Estado
Desde 2019, médicos veterinários da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) recebem suporte de análises de rede sobre a movimentação de animais no Rio Grande do Sul. Além disso, em 2022, foi construído um modelo matemático para simular virtualmente o espalhamento da febre aftosa no Estado e, com isso, traçar as melhores estratégias para controlar uma possível epidemia. Essa parceria é decorrente de um acordo de cooperação técnica – renovado recentemente por mais dois anos – entre a Seapi, o Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do RS (Fundesa) e a Universidade da Carolina do Norte (NCSU), dos Estados Unidos.
A ideia é continuar com a análise de redes de movimentação de animais e cruzamento de dados para permitir maior controle e atuação preventiva das equipes de fiscalização da Seapi. “O modelo matemático, chamado MHASpread, simula a dispersão do vírus de febre aftosa em uma emergência sanitária”, explica o diretor-adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi, Francisco Lopes.
O titular da secretaria, Giovani Feltes, destaca que esse é um trabalho inédito e histórico para a pasta. “É também uma forma de planejar e de se prevenir contra as adversidades que podem nos acometer no futuro. Buscando o conhecimento e as técnicas adequadas, é possível melhorar em agilidade e inteligência”, afirma Feltes.
O modelo matemático, elaborado pelos professores da NCSU Gustavo Machado e Nicolas Cespedes, utiliza métodos de transmissão multiespécies, envolvendo bovinos, suínos e pequenos ruminantes, prevendo a transmissão tanto por contato direto entre os animais quanto por disseminação pelo ar, em espalhamento espacial.
Segundo Lopes, o modelo foi montado em cima dos dados reais de movimentação do rebanho no Rio Grande do Sul e do cadastro das propriedades no Estado que são georreferenciadas. “Levar em conta não só a disseminação por contato direto entre os animais, mas também a dispersão espacial entre propriedades vizinhas e, além disso, a disseminação entre as espécies (bovinos, ovinos e suínos) é um diferencial muito importante do MHASpread. Esses aspectos colocam-no na concorrência com outros modelos mundiais de dispersão de febre aftosa”, destaca o diretor-adjunto.
Agora, na nova etapa, haverá a ampliação do escopo dos trabalhos. Entre eles, a verificação das propriedades cadastradas e a consistência dos dados informados nas declarações de rebanho. “São 290 mil propriedades cadastradas com atividades de pecuária, de modo que é impossível fazer o cruzamento manual das informações”, analisa o coordenador do projeto e professor da NCSU, Gustavo Machado.
A novidade, nessa etapa, é que o trabalho será integrado a outro convênio já existente com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A instituição, que desenvolveu a Plataforma de Defesa Sanitária Animal (PDSA), vai operacionalizar a inteligência produzida pela universidade americana, permitindo a redução dos custos com a informatização dos processos. O total investido nessa etapa renovada será de R$ 800 mil.
Para o presidente do Fundesa, Rogério Kerber, a NCSU contribui com instrumentos de última geração e capacita os técnicos do Serviço Veterinário Oficial Estadual para atuar com as ferramentas. “É um aprendizado, um ganho que a secretaria terá mesmo após o fim do convênio, pois estará agregado ao conhecimento dos técnicos”, afirma Kerber. Conforme o dirigente, os mercados exigem, além de informação e controle, “que se tenha à disposição ferramentas que permitam agir com celeridade e identificar, com presteza, situações de anormalidade”.
Ascom Seapi com informações do Fundesa
Foto: Fernando Dias/Ascom Seapi