Pesquisa SulCovid divulga dados parciais sobre saúde dos rio-grandinos que tiveram a doença
Projeto já entrevistou mais de duas mil pessoas, alcançando metade de seu público alvo
A pesquisa SulCovid – um estudo inédito de monitoramento da saúde de adultos e idosos na região Sul do Estado após infecção por Covid-19 – chegou na metade da sua coleta de dados, alcançando a marca de mais de duas mil pessoas entrevistadas. A iniciativa é coordenada pela professora da Faculdade de Medicina (Famed) da FURG, Mirelle Saes, com coordenação adjunta da docente Suele Manjourany Silva Duro, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e conta com financiamento da Fundação de amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).
Dados parciais
O projeto tem o objetivo de acompanhar a saúde de rio-grandinos que tiveram Covid-19 entre dezembro de 2020 e março de 2021, que foram sintomáticos à doença, diagnosticados por RT-PCR e registrados na vigilância epidemiológica. As entrevistas por telefone iniciaram no mês de junho, e através dos dados coletados, já é possível traçar um perfil dos entrevistados: 59,7% são mulheres; média de idade de 41 anos; 43,6% possuem ensino médio e 59,4% são casados (as) ou vivem com companheiro (a).
Ainda de acordo com o levantamento da pesquisa, 91,5% dos entrevistados ficaram em isolamento durante a infecção e 94,5% buscaram atendimento no início dos sintomas. Segundo o estudo, dois entre 10 entrevistados precisou buscar algum serviço de saúde novamente por que os sintomas da covid-19 não melhoraram ou até pioraram.
Covid longa
O ineditismo do estudo está no levantamento de dados científicos a respeito da saúde das pessoas após a infecção, no monitoramento de uma grande parcela de participantes – contatando todas as pessoas diagnosticadas via teste RT-PCR presentes na lista compartilhada pela vigilância epidemiológica, independente da gravidade dos sintomas. “A maioria das outras pesquisas foca nas pessoas que foram internadas e que tiveram quadros mais graves de covid. No entanto, sabe-se que quem teve o tipo leve da doença também fica com sintomas residuais, mas isso está sendo pouco pesquisado”, explicou a coordenadora na época da divulgação da pesquisa.
Assim, comprovando o previsto, os resultados parciais do estudo mostram que os infectados pelo coronavírus ainda apresentam pelo menos um sintoma após a infecção, situação conhecida como a covid longa. “Das 2 mil pessoas entrevistadas, metade (52,2%) ainda apresenta algum sintoma residual da covid-19 mesmo passadas 12 a 20 semanas da infecção”, ressalta a coordenadora do estudo. Os sintomas mais persistentes são: perda de memória (71,5%); perda de atenção (66,5%); alterações cutâneas (39,9%); dor de cabeça (29,9%) e fadiga (27,9%).
Outros sintomas foram relatados pelos entrevistados conforme o levantamento parcial, que pode ser conferido no link abaixo.
Próximos passos
De acordo com a coordenadora da pesquisa, as coletas continuarão até alcançar o mais próximo do total da população alvo, que são 4 mil adultos. “Após, em dezembro, faremos contato novamente com as mesmas pessoas, e depois, no meio do ano que vem. Pois nosso objetivo é monitorar a saúde das pessoas após 12 meses e 18 meses da infecção”, explica Mirelle Saes.
Contato telefônico
Apesar de ter alcançado a metade do público-alvo dois meses após o início das entrevistas por telefone, Mirelle ressalta a dificuldade enfrentada pelos entrevistadores. “Muitas pessoas não atendem ao telefone, outras não aceitam participar porque têm medo de que seja golpe, e alguns marcam a entrevista para outro horário e não atendem mais”.
As entrevistas telefônicas formam o corpo do estudo, garantindo a criação de uma base de dados que servirá como base para as ações de monitoramento e avaliação programadas. O questionário desenvolvido é composto por questões sociodemográficas e econômicas (sexo, idade, cor da pele, situação conjugal, escolaridade, renda e assim por diante); características da infecção por covid; suporte social e orientações sobre a doença; medidas de isolamento e quarentena; hábitos de vida; saúde; condições alimentares; saúde musculoesquelética; atividades de vida diária; fadiga; e uso de serviços de saúde. O contato dura, em média, 20 minutos.
A equipe envolvida no estudo é composta por nove entrevistadores – responsáveis pelo contato telefônico -, dos quais cinco são estudantes de pós-graduação que, utilizarão as informações obtidas pela pesquisa para embasar suas teses e dissertações.
→ Pesquisa SulCovid – Resultados Parciais
Assessoria de Comunicação Social da FURG
Foto: Divulgação