Pesquisadoras da FURG atuaram no processo de restauro de obras vandalizadas em 08/01
Peças voltaram ao Palácio do Planalto nesta quarta, 8, e incluem quadro de Di Cavalcanti e um relógio do século 17
Vinte peças do acervo da Presidência da República que foram vandalizadas nos ataques golpistas em janeiro de 2023 retornaram ao Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 8. Os trabalhos de restauro contaram com o apoio de pesquisadoras vinculadas ao Programa de Pós-graduação em Educação Ambiental (PPGEA) da FURG. A cerimônia em defesa da democracia ocorreu em Brasília no final da manhã, para lembrar os dois anos dos atos golpistas. O ato também marcou a reintegração das obras de arte ao Planalto.
A participação da antropóloga e doutora em Educação Ambiental pela FURG, Liza Bilhalva, e das arqueólogas e doutorandas do PPGEA, Marta Bonow Rodrigues e Leticia Nörnberg Maciel, se deu através de uma parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), da qual todas também são egressas. Na capital federal, elas participaram exclusivamente de um trabalho voltado à educação patrimonial.
Com o apoio do governo federal e financiamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi montada no Palácio da Alvorada uma espécie de QG do Laboratório Aberto de Conservação e Restauração de Pinturas (Lacorpi) da UFPel. Ao todo, foram restauradas 21 peças, enquanto um relógio de pêndulo do século 17 trazido ao Brasil por Dom João VI precisou ser recuperado na Suíça. O trabalho foi concluído sem retirar as obras de Brasília e contou com cerca de 50 especialistas, que atuaram no espaço por mais de um ano e meio.
A partir dos resultados das ações que integraram o projeto Lacorpi – Ação Brasília, o trio envolvido com o PPGEA/FURG produziu também a cartilha Educação Patrimonial. Lançado hoje, o material reúne dados históricos e informações sobre temas como patrimônio material e imaterial, além de detalhar as ações realizadas pelo projeto e todo o trabalho de restauro, obra a obra.
“Cada vez mais precisamos pensar o patrimônio cultural junto às questões ambientais, e o caminho que escolhemos para trilhar para o desenvolvimento desta meta foi o da construção conjunta de saberes, para, assim, fazer com que seus resultados ultrapassem os muros institucionais”, afirma a cartilha em sua apresentação.
Entre as obras restauradas, está uma tela de Di Cavalcanti, conhecida como “As Mulatas” (1962), rasgada com um objeto cortante. Outras peças precisaram passar por intervenções mais trabalhosas, como um vaso italiano de cerâmica que foi rompido em 180 pedaços.
Atividades lúdicas
Com o intuito de estimular a valorização, identificação e preservação do patrimônio cultural, as pesquisadoras ligadas à FURG também comandaram uma série de atividades de educação patrimonial com estudantes de escolas públicas do Distrito Federal, inspiradas no trabalho de reconstrução das obras de arte. Durante os encontros, houve diálogos abordando patrimônio e também sobre a destruição e restauração das obras, além de oficinas de atividades lúdicas.
A coordenação do projeto Lacorpi ficou a cargo de Andréa Lacerda Bachettini e da coordenadora adjunta Karen Velleda Caldas.
Secom FURG
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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