Pesquisadores da UFRGS identificam alterações moleculares na covid-19 associadas a doenças neuropsiquiátricas
Autores identificaram, em amostras de pacientes com covid-19, alterações na expressão de genes que estão associadas a alcoolismo, autismo, depressão, distúrbios do sono, esquizofrenia, síndrome do pânico e transtorno bipolar
Pesquisadores da Faculdade de Farmácia e do Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da UFRGS e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre identificaram na covid-19 alterações moleculares associadas a doenças neuropsiquiátricas, como depressão, alcoolismo e transtorno bipolar. Coordenado pelos professores Walter Beys da Silva e Lucélia Santi, da Faculdade de Farmácia, e André dos Santos, do ICBS, o estudo foi publicado no final de dezembro na revista Brain, Behavior & Immunity – Health.
Os autores identificaram, em amostras de pacientes com covid-19, alterações na expressão de genes que estão associadas a alcoolismo, autismo, depressão, distúrbios do sono, esquizofrenia, síndrome do pânico e transtorno bipolar. Os pesquisadores disponibilizaram, no trabalho, uma lista desses genes considerados marcadores para essas condições – vários deles considerados causadores dessas doenças.
Segundo um dos autores do estudo, o professor Walter da Silva, de acordo com os dados obtidos, é possível dizer que as pessoas que tiveram covid-19 podem ter um risco maior para desenvolver essas doenças neuropsiquiátricas. Da mesma forma, também há o risco de pacientes que tenham essas condições previamente, ao contrair o novo coronavírus, apresentem um agravamento dessas doenças.
Os autores também realizaram uma ampla revisão de dados epidemiológicos e clínicos, que confirmam a associação de doenças neuropsiquiátricas à covid-19 e também a aspectos sociais resultantes da pandemia. Ou seja, os fatores psicossociais relacionados à pandemia, tais como o distanciamento social, o impacto econômico e a quarentena, podem afetar os pacientes de forma adicional às condições associadas ao quadro molecular descritas no trabalho.
Os cientistas reforçam que, além de um aprofundamento no entendimento molecular destes dados durante a doença, também é necessário acompanhar pessoas recuperadas, para prevenção das condições neuropsiquiátricas. O estudo publicado pode contribuir para um maior entendimento da covid-19 e servir de base para futuras abordagens de estudo e terapia específicas aos quadros neuropsiquiátricos relacionados.
Acesse o artigo na íntegra em http://bit.ly/3nn037F.
SECOM UFRGS
Foto: Nick S CC BY-SA