Previsões apontam possibilidade do aumento de casos de Covid-19 em Rio Grande e Pelotas
Professores da FURG e do IFRS divulgam boletins semanais sobre a situação da epidemia nos dois municípios
Professores da FURG e do IFRS estão divulgando semanalmente boletins informativos sobre a evolução da epidemia por Covid-19, especificamente para as cidades de Pelotas e Rio Grande, incluindo previsões para o crescimento do número de casos. Segundo os professores responsáveis (Sebastião Gomes e Igor Monteiro, do Instituto de Matemática, Estatística e Física da FURG, e Carlos Rocha, do IFRS), o recente agravamento da situação epidêmica na zona sul do estado os levou à decisão de divulgação dos boletins informativos. Ressaltam que o modelo matemático (dinâmico) que serviu de base para as análises foi desenvolvido nos meses iniciais da pandemia, envolvendo estudos com dados reais da região de Hubei (China), de várias regiões da Espanha, Nova York e mais onze cidades brasileiras, sendo nove grandes capitais e duas cidades menores (Pelotas e Rio Grande).
Após essa fase inicial de desenvolvimento, o modelo foi finalizado e ainda passou por uma grande bateria de testes e refinamentos, quando enfim ficou operacional para a realização de previsões e análises de cenários. Os professores informam que a realização de simulações para uma determinada cidade envolve os seguintes processos: os dados reais da epidemia na cidade passam por uma fase inicial de processamento; posteriormente estes dados processados são inseridos no sistema de identificação paramétrica; uma vez os parâmetros do modelo identificados, estes são atualizados no modelo e, posteriormente, realizam-se simulações e análises de cenários. Nas figuras a seguir são mostrados resultados para Pelotas e Rio Grande, com os dados reais destas cidades obtidos no dia 26/11/2020.
Nos gráficos, os pontos em vermelho correspondem ao número acumulado de casos reais, enquanto a curva em azul é a simulação com o modelo. A continuação da curva em azul para além dos pontos em vermelho corresponde à previsão para os próximos 30 dias. O modelo prevê que Pelotas passará de 8.371 casos confirmados em 26/11/2020 para 18.360 em 25/12/2020, enquanto Rio Grande passará de 5.639 casos confirmados em 26/11/2020 para 8.554 em 25/12/2020. Estas previsões poderão se confirmar se não houver mudanças nas situações atuais dos municípios, principalmente correlatas ao isolamento social.
O parâmetro mais significativo de uma epidemia é o Índice de Reprodução Basal (R0). No dia 26/11 Pelotas estava com R0=1,23 (significa que 100 novos infectados infectam 123 outros indivíduos, ou seja, a contaminação está com aceleração positiva). No dia 26/11 Rio Grande estava com R0=1,19 (significa que 100 novos infectados infectam 119 outros indivíduos, ou seja, a contaminação está também com aceleração positiva). O ideal é que o índice R0 esteja inferior a 1, provocando assim desaceleração no crescimento do número de casos e, para que isso ocorra, são necessárias medidas de prevenção, sendo a principal delas a ampliação do isolamento social. O distanciamento social em lugares públicos, o uso obrigatório de máscaras e atitudes frequentes de higienização das mãos também contribuem para a diminuição do índice R0.
Um aplicativo desenvolvido pelos pesquisadores das duas instituições está disponível gratuitamente para download, o Simcovid 2.0, com o qual o usuário não precisa ser especialista em matemática ou computação para realizar suas próprias simulações e análises de cenários. Este aplicativo pode ser baixado aqui.
Os professores informam ainda que os boletins sobre as situações de Pelotas e Rio Grande serão atualizados semanalmente, às sextas-feiras, disponibilizados no espaço COVID-19 da página do Imef. Neste espaço encontram-se um livro e dois artigos científicos já publicados sobre a modelagem matemática que dá origem aos resultados apresentados nos referidos aplicativo e boletins informativos. O professor Sebastião também ressalta o trabalho da aluna da Engenharia da Computação da Furg, Maria Zanotta Rocha, pelo auxílio na obtenção dos dados reais para as cidades de Rio Grande e Pelotas.
Assessoria de Comunicação Social da FURG
Foto: Arte/Furg