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Primeiro caso de covid-19 do RS foi confirmado há três anos

Em alusão à data, a Secretaria da Saúde (SES) produziu um vídeo com entrevistas que mostram os bastidores daquele momento

Em 9 de março de 2020, foi diagnosticado no Rio Grande do Sul o primeiro caso detectável para o novo coronavírus, causador da covid-19. Três anos depois, o Estado se aproxima do registro de 3 milhões de casos da doença, 42 mil mortes decorrentes dela e mais de 28 milhões de doses de imunizantes contra o vírus, naquela que foi a maior campanha de vacinação da sua história. O anúncio de que a covid havia chegado ocorreu em 10 de março, há exatos três anos.

Em alusão à data, a Assessoria de Comunicação Social da Secretaria da Saúde (SES) produziu um vídeo com entrevistas que mostram os bastidores daquele momento. O conteúdo está disponível no canal da SES no YouTube.

A história remonta ao final de 2019 e início de 2020. Na época, o rumor de uma pneumonia de origem desconhecida na China já entrava no radar da Secretaria da Saúde, por meio do Centro de Vigilância em Saúde (Cevs). “Na ocasião, eu trabalhava no Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, o Cievs, que compõe uma rede nacional e internacional para o monitoramento e detecção justamente de doenças inusitadas, de surtos, de epidemias”, lembra o atual diretor adjunto da Cevs, Marcelo Vallandro.

“As primeiras informações eram de uma doença possivelmente de transmissão viral. Aí, nós que trabalhamos com emergências há muitos anos, lembramos da época da gripe H1N1 e de outras doenças com esse potencial, que tem uma evolução bastante rápida no aumento de casos e da letalidade”, completa Vallandro.

Ações de vigilância e início de plano de contingência

Ainda em janeiro de 2020, a SES começou as ações de vigilância com um alerta para os serviços de saúde e uma minuta inicial de um plano de contingência, com o intuito de tentar captar oportunamente uma possível ocorrência de casos.

Em paralelo, o Laboratório Central do Estado (Lacen), vinculado à SES, também começava a se organizar. “Os primeiros casos investigados eram as pessoas que retornavam de viagem internacional. O protocolo do Ministério da Saúde era receber as amostras no Lacen e encaminhar para a Fiocruz, do Rio de Janeiro, para o exame ser feito lá. Para o Rio Grande do Sul, esses resultados eram liberados em até uma semana”, lembra a bióloga Tatiana Schaffer Gregianini, do Lacen.

Liberação de resultados mais rápida

“Como o Lacen do Rio Grande do Sul já contava com uma estrutura bem organizada em função da pandemia do H1N1 de 2009, a Fiocruz nos convidou para descentralizar o diagnóstico e fazer os exames. Fomos o primeiro laboratório a receber o treinamento”, recorda Tatiana.

Com os diagnósticos sendo realizados no Estado, o tempo de liberação para os resultados foi encurtado de uma semana para um prazo de um a dois dias. “Com essa resposta mais rápida, as autoridades de saúde conseguiram se organizar para conter o avanço da doença, fazer os bloqueios necessários e melhor conduzir as medidas de enfrentamento”, completa.

Em 6 de março de 2020, o Lacen começou a fazer o exame oficial para identificar o vírus da covid-19, o SARS-CoV-2, por meio da PCR — técnica que identifica o material genético do vírus. Três dias depois, foi identificado o primeiro caso detectável do Estado, em um residente de Campo Bom. No dia 10, ocorreu o anúncio do primeiro caso no Rio Grande do Sul.

“Chegou para nós a suspeita de um paciente do sexo masculino, com um histórico de viagem para a Itália, que retornou apresentando sintomas gripais. Ele procurou o atendimento, fez a coleta e entrou em isolamento”, lembra a responsável pela Vigilância Epidemiológica de Campo Bom, Luana Letícia da Silva, que informou o resultado ao residente. O homem apresentou sintomas leves, não precisou de internação e foi liberado do isolamento dentro do período preconizado.

Como o homem conseguiu se isolar, a cadeia de transmissão foi quebrada. “Mesmo depois da alta, a gente monitorou os contatos domiciliares e as pessoas que tiveram contato com ele, mas que não moravam na mesma residência, e nenhuma apresentou sintoma. Depois, também testaram negativo. Foi um sucesso muito grande, porque se conseguiu quebrar essa cadeia de transmissão”, avalia.

Investimento, capacitação e imunização

Vallandro ressalta a importância desse momento na época. “Aquilo mostrou: chegou ao nosso território. O que desenhamos ali atrás estava acontecendo, mas não se esperava que tivesse a magnitude que teve a covid no mundo”, destaca. “Ter investido em profissionais na secretaria, em treinamento, capacitação e estruturação dessa rede mostrou que era extremamente importante ela estar atuante quando isso aconteceu, e com a magnitude que aconteceu.”

Após aquele 9 de março de 2020, foram identificados outros casos de pessoas que tiveram sintomas antes do morador de Campo Bom. Porém, elas tiveram o resultado do teste depois dele. Essas ocorrências aconteceram em residentes de Caxias do Sul, Viamão, São Leopoldo e Cachoeira do Sul.

Em janeiro de 2021, o Rio Grande do Sul iniciou a maior campanha de vacinação de sua história. Quase 28 milhões de doses aplicadas depois, as mortes pela covid-19, que chegaram a ser mais de 300 por dia, hoje estão com média diária de 1,5.

Mais leitos criados e mantidos

Conforme os casos foram se multiplicando, a rede hospitalar precisou ser ampliada para atender à crescente demanda. Entre os quase 3 milhões de casos de covid-19 confirmados ao longo desses anos, mais de 130 mil necessitaram de hospitalização. As Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) adultos chegaram, no auge da pandemia, a contar extraordinariamente com 1.598 novos leitos, alcançando um total de mais de 3,4 mil vagas. Desses, mais de 315 foram mantidos permanentemente.

Transparência nos dados da pandemia

A área da Tecnologia da Informação na SES teve um importante papel ao democratizar as informações durante a pandemia. Em março em 2020, a secretaria lançou um painel (ti.saude.rs.gov.br/covid19) alimentado diariamente com os números de casos e óbitos registrados no Estado, que segue com atualizações até agora.

Monitoramento em tempo real

Na sequência, a ocupação hospitalar passou a contar com um painel de monitoramento em tempo real (covid.saude.rs.gov.br), pelo qual foi possível acompanhar o número de leitos de UTI e clínicos ocupados por pacientes confirmados e suspeitos para covid-19 e outras causas. Na época, esses painéis da SES foram reconhecidos como destaque em rankings nacionais de transparência entre os estados.

Em 2021, a vacinação da covid-19 no Estado ganhou um painel para a contabilização das doses aplicadas, cobertura entre os grupos e faixas etárias, assim como o número de pessoas com alguma dose em atraso.

Ascom SES RS

Foto: SECOM RS

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