Notícias

Primeiro livro infantil da Edgraf é marcado por empoderamento e aventura

Contar a história da menina negra que quer ser astronauta foi ideia de dois professores da Arqueologia

A história da Lulu e a Lua desenhada em lâminas de papel e contada a partir de uma televisão feita de papelão, a TV Coisa, ganha a atenção de seus telespectadores. Crianças e adultos, meninos e meninas.  Os professores do curso de Arqueologia, Artur Henrique Franco Barcelos e Adriana Fraga da Silva entram em palco como O Coisa e a Sucata Sucatinha da Silva. Entre a arqueologia e a literatura infantil, o casal encontrou um meio para realizar contações de histórias. Os patronos da 2ª Feirinha do Livro também estiveram presentes na programação da 46ª Feira do Livro da FURG.

A Trupe Bugigang de Contadores de História, como são conhecidos, levou para a feira do livro a história da Lulu contada no livro Lulu e a Lua, de uma menina negra cheia de dúvidas e sonhos, que adora o céu, as estrelas, os planetas. Mas não é só isso. A Lulu tem uma paixão especial, ela ama a lua. E todos os dias, ao anoitecer, ela fica admirando a lua e questionando ”Será que é muito longe? Será que dá pra ir até lá? Como será na lua?”. Ao longo da história, Lulu e seu melhor amigo, Caio, vivenciam diversas aventuras.

Mas a história da Lulu não fica só no primeiro livro infantil impresso pela Editora da FURG (Edgraf) com participação da Diretoria de Arte e Cultura (DAC) e lançado durante a II Feirinha do Livro da FURG em 2018. O projeto, que teve início em uma atividade escolar, ganhou vida a partir das inquietações dos dois professores, que buscaram provocar um empoderamento através da história de uma menina negra que quer ser astronauta. História essa contada pela primeira vez na escola das filhas do casal em outubro de 2017. “Na escola onde as nossas filhas estudavam havia umas quatro ou cinco crianças negras, se tanto. Então, a gente percebeu que mostrar um universo onde existem outras ‘cores’ de pele para aquelas crianças seria fundamental”, conta Adriana.

A partir da brincadeira, surgiu a trupe Bugigang, projeto pessoal dos professores, que utiliza a contação de histórias como ferramenta dentro do projeto Coisa Contada, vinculado ao curso de Arqueologia da FURG. O projeto tem como objetivo dar uma nova função social a objetos que não estão mais ativos na sociedade. No caso de Lulu e a Lua, latas de leite se tornam foguetes e o papelão se transforma em uma televisão, a TV coisa. “Não é simplesmente a ideia da reciclagem. É a ideia da vida social do objeto. O objeto tá ali, ele tá narrando, ele tem vida no palco. Tem tanta vida quanto nós, eles são tão atores quanto nós”, explica a professora. Sendo assim, no palco, a história ganha vida. A interação criada pelos objetos faz com que o público conheça a Lulu e o Caio através de bonecos confeccionados em parceria com a Cor da Flor Ateliê.

Os autores do livro Lulu e a Lua explicam que a obra busca trabalhar três ideias: a primeira é que meninos e meninas negras podem e que todo mundo precisa entender que elas podem. A segunda é que meninos e meninas podem ser só amigos. “Nós percebemos que os adultos sexualizam a relação das crianças. Num primeiro momento, a Lulu ia ter uma amiga. E nós pensamos ‘não, espera aí, se o objetivo é desafiar, então vamos colocar um amigo’”. A terceira ideia foi formada pensando no mundo neoliberal e competitivo, “Nós colocamos nesse livro a ideia de que ninguém faz nada sozinho. Então, não adianta ter uma ideia legal se tu não tiveres alguém pra realizar junto”, contam.

O próximo passo é dar continuidade à coleção chamada Sonhos de Lulu. Os professores pensam em produzir, ainda em 2019, um segundo volume em parceria com o Instituto de Oceanografia (IO). A ideia é trabalhar uma história com a Lulu sonhando em ser bióloga marinha e defensora dos oceanos. “A gente tá estudando essa história, não temos ainda uma narrativa. Mas já conseguimos construir um gancho. E o gancho entre uma história e outra é a Lulu vendo o reflexo da lua no oceano e ela se questionando ‘E no oceano, o que é que tem?’”.

Além das parcerias com a DAC, Edgraf e Cor da Flor Ateliê, o projeto conta com a participação da Cry Baby Store que confecciona as camisetas da história e do Tio Queijo cantando a música da Lulu.

Assessoria de Comunicação Social da FURG

Foto: Rafael Torino/SECOM FURG

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.