Projeto de Letramento Estatístico da FURG terá atuação na rede básica de ensino
Os números, dados e informações que são uma constante nos dias de hoje demandam dos cidadãos capacidade de análise. O LeME – Projeto de Letramento Multimídia Estatístico, desenvolvido pela FURG, busca justamente formar jovens do 6º ao 9º ano, os anos finais do Ensino Fundamental, para que possam transitar com autonomia nessa sociedade da informação, a partir do letramento estatístico.
O projeto existe desde 2012, em parceria com o Centro de Convívio de Meninos do Mar (CCMar). Mas a partir de agora estará presente também em oito escolas do município do Rio Grande. A ampliação será possível porque o projeto foi contemplado no edital Anos finais do ensino fundamental: adolescências, qualidade e equidade na escola pública, da Fundação Carlos Chagas e do Itaú Social.
Foram selecionados 14 projetos entre 492 inscritos em todo o país para fomentar, apoiar e disseminar projetos que ofereçam oportunidades para melhorar a aprendizagem de estudantes do 6º ao 9º ano e reduzir as desigualdades educacionais.
O projeto
O LeME é uma sigla e também uma metáfora ao controle de embarcações. Assim, se propõe a ser uma “embarcação imaginária”, que atraca em escolas e outras instituições, para promover o letramento estatístico. Os estudantes do ensino fundamental são a “tripulação”. Eles desenvolvem projetos de aprendizagem, em que buscam explorar, estatisticamente, temas de seu cotidiano. A partir de então, desenvolvem a função de pesquisadores. Coletam dados, recebem orientações sobre como se portar para entrevistar, analisam os dados obtidos e depois os apresentam.
Para isso, são orientados por acadêmicos de cursos de Licenciatura da FURG, que são os “comandantes” da embarcação. Hoje 14 estudantes participam do projeto. Todos eles são integrantes também do PET Conexões de Saberes Estatísticos (Sabest). A coordenação é da professora Mauren Porciúncula, idealizadora do projeto.
“A gente achava, no início, que estávamos fazendo um trabalho social, de letramento estatístico. Considerando o que se chamava há pouco tempo de sociedade da informação, que na verdade vira uma sociedade analítica – porque tanta informação começa a demandar nosso poder de síntese analítica – e então achávamos que estávamos fazendo isso, formando cidadãos para viver nesse mundo, para serem pesquisadores, para analisarem criticamente os mais diferentes dados. Mas aí descobrimos que fazemos mais do que isso, descobrimos que formamos professores para fazer isso”, reflete a professora Mauren, sobre os resultados observados nos sete anos de atuação.
Agora, contemplado pelo edital da Fundação Carlos Chagas e Itaú Cultural, o projeto mantém seu foco na extensão, para levar o letramento estatístico aos anos finais do ensino fundamental, mas também aprofunda o caráter de pesquisa, investigando justamente os saberes docentes envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
“O principal não é o letramento em si; é o direito humano, a emancipação do sujeito, o protagonismo. E os saberes docentes remetem a isso”, explica Mauren.
Para a pesquisa, o grupo terá o acompanhamento de um pesquisador da Fundação Carlos Chagas. E para a extensão, contará com dois parceiros: o CCMar e também a Secretaria Municipal de Educação de Rio Grande.
Reconhecimento
O trabalho do LeME já beneficiou 1950 jovens participantes do projeto. Além do CCMar, em que o projeto funciona com caráter permanente, também já houve incursões em escolas da região e de diferentes locais do país. Ao final do ano, a experiência será apresentada em Moçambique.
Enquanto o grupo de estudantes/docentes se prepara para iniciar o trabalho na rede básica de Rio Grande, o grupo é reconhecido como um dos cinco finalistas ao prêmio mundial de melhor projeto de letramento estatístico, promovido pela International Statistical Literacy Project.
Assessoria de Comunicação Social da FURG
Foto: Reprodução