Projeto Pinípedes do Sul coleta dados sobre a interação da pesca com pinípedes em embarque
Nas duas primeiras semanas de fevereiro, a observadora de bordo do Projeto Pinípedes do Sul, Suzana Paz embarcou em uma frota de arrasto com o propósito de coletar dados sobre a dinâmica e a interação dos pinípedes e das tartarugas marinhas com a pesca no litoral gaúcho. O embarcação zarpou do Porto Histórico de Rio Grande e navegou até as imediações da fronteira com o Uruguai.
O projeto, patrocinado pela Petrobras, tem dentre seus objetivos quantificar as interações e as capturas acidentais de leões-marinhos e de tartarugas marinhas na pescaria de arrasto no litoral sul do Brasil e identificar os padrões espaciais e temporais dessas interações. O projeto busca ainda valorizar as atividades pesqueiras, por meio de ações desenvolvidas em parceria com o setor e que possam gerar uma pesca mais responsável.
Até o final do Projeto, ainda serão realizados outros dois embarques em frotas de arrasto. Estas atividades são definidas a partir de contatos realizados pela equipe técnica do projeto na Sala do Pescador. Este é um espaço criado com o objetivo de promover a comunicação com pescadores industriais, abordando medidas de pesca responsável e a conservação da zona costeira e marinha. Trata-se de uma importante iniciativa, desenvolvida em parceria com a Superintendência do Porto de Rio Grande (SUPRG), que possibilita o diálogo com os pescadores provenientes de todo litoral brasileiro e que realizam sua atividade no sul do país.
Coleta de dados
No embarque, foram registrados 43 lances de pesca, dos quais 32 apresentaram interação de pinípedes com a pesca, o que representa um aumento de 38% na interação de pinípedes com a pesca, em relação ao quinto embarque realizado pelo Projeto na última quinzena de janeiro.
Registrou-se também nesta viagem a captura acidental de dois leões-marinhos, duas tartarugas-cabeçuda e uma tartaruga-de-couro. Além dessas espécies, também observou-se a ocorrência das seguintes aves: albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororhynchos), albatroz-de-sombrancelha (Thalassarche melanopris), pardela-preta (Procellaria aequinoctialis), pardela-de-óculos (Procellaria conspicillata), bobo-grande-de-sobre-branco (Puffinus gravis), bobo-de-cabo-verde (Calonectris edwardsii), mandrião-parasítico (Calonectris edwardsii) e mandrião-pomarino (Stercorarius parasiticus).
Os dados coletados nos embarques poderão embasar a elaboração de políticas públicas relacionadas à pescaria de arrasto no sul do Brasil, e propor medidas para a redução da mortalidade de mamíferos, aves e tartarugas marinhas, tornando a pesca uma atividade mais sustentável, o que garantiria a manutenção da profissão e a obtenção do pescado como alimento para as próximas gerações.
A observadora de bordo, Suzana Paz enfatiza que “os dados registrados ao longo do embarque são de importantes para o conhecimento da ecologia comportamental das espécies, e para entender como a variação climática influencia as pescarias e o ciclo natural dos vertebrados marinhos.”
Leões-marinhos
O leão-marinho-do-sul (Otaria flavescens) é uma espécie de pinípede que pode ser encontrada na região costeira da América do Sul, entre o sul do Brasil e o Peru. A população desta espécie está estimada em 275.000 indivíduos. A espécie, pode ser avistada principalmente nos Refúgios de Vida Silvestre (REVIS) do Molhe Leste (São José do Norte/RS) e Ilha dos Lobos (Torres/RS).
Esta espécie é caracterizada por um corpo robusto, uma juba ao redor da face, e focinho curto e largo. Possuem uma camada de pelos de coloração marrom, variando de marrom dourado (filhotes e fêmeas) a marrom escuro-quase preto (machos). Já foram registrados animais que atingiram 20 anos de idade. Já foram registrados animais que atingiram 20 anos de idade. Os maiores exemplares observados chegaram a 2,7 m de comprimento e 350 quilos (machos) e 2 m e 140 quilos (fêmeas). Sua alimentação é composta por diversas espécies de peixes, e seus predadores são orcas e tubarões.
Tartarugas-cabeçudas
As tartarugas cabeçudas são animais que ocorrem em mares tropicais e subtropicais de todo o mundo. Possuem cerca de 140 quilos, cabeça grande, uma mandíbula caracteristicamente forte e nadadeiras curtas e grossas. Sua alimentação é basicamente carnívora, composta por mexilhões, caranguejos e outros invertebrados.
Tartarugas-de-couro
As tartarugas-de-couro (Dermochelys coriacea) podem ser encontradas em todos os oceanos temperados e tropicais, atingindo cerca de 1,8 m e 400 quilos. A espécie alimenta-se principalmente por zooplâncton, celenterados e salpas. Sua estrutura é composta por uma cabeça pequena, uma camada de pele fina, milhares de placas ósseas, mandíbulas fortes e longas nadadeiras.
Os pinípedes e tartarugas marinhas possuem um papel destacado na cadeia alimentar de ecossistemas costeiros e marinhos, consumindo pescados e outros animais como: medusas, camarões, esponjas e águas-vivas representando uma fonte de alimento para outras espécies maiores.
Sobre o Projeto
O Projeto Pinípedes do Sul, que tem o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, tem o objetivo de reduzir as ameaças à conservação das espécies de Pinípedes, que constitui o grupo de mamíferos marinhos que inclui as focas, leões e lobos-marinhos. O projeto, que também atua na conservação das tartarugas marinhas no sul do Brasil, visa aumentar o nível de proteção de duas Unidades de Conservação onde há grande concentração desses animais (Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste, em São José do Norte e Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos, em Torres) e desenvolver atividades de educação ambiental junto às comunidades pesqueiras.
Texto e Foto: Assessoria de Comunicação Projeto Pinípedes do Sul