Projeto Pinípedes do Sul realiza embarque para monitorar interações de animais marinhos com pesca de arrasto
Em janeiro, o observador de bordo do Projeto Pinípedes do Sul, Arian Larroque, realizou embarque na frota de pesca de arrasto, com o objetivo de quantificar as interações e as capturas acidentais de leões-marinhos e de tartarugas marinhas por esta arte de pesca, determinando padrões espaciais e temporais para estas interações. A jornada teve duração de 13 dias e ocorreu ao longo do litoral sul do estado.
O contato com a tripulação da embarcação foi realizado por meio da Sala do Pescador, espaço localizado no armazém A-5 do Porto Histórico do Rio Grande e que visa o diálogo com pescadores industriais sobre as medidas que promovem a pesca responsável e a conservação da zona costeira e marinha. Este espaço foi criado em parceria com a Superintendência do Porto de Rio Grande (SUPRG) e atende semanalmente dezenas de pescadores, provenientes de diversas cidades brasileiras e que atracam no porto pesqueiro do município.
Dentro dos objetivos deste projeto, patrocinado pela Petrobras, é prevista a realização de oito embarques em frotas de arrasto, provendo dados que poderão servir de subsídio para a implementação de medidas de gestão pesqueira destinadas à redução da mortalidade de mamíferos e tartarugas marinhas. Este foi o quinto embarque do projeto, os demais irão ocorrer ao longo de 2019.
Dados e perspectivas
No período do embarque, foram registrados 30 lances de pesca, sendo que em 11 destes houve interação com leões marinhos que comiam descarte da pesca ou retiravam peixes da rede no momento do recolhimento. Além disso, foram capturadas quatro tartarugas-cabeçuda de forma acidental e foram ainda registradas as seguintes espécies de aves: albatroz-de-nariz-amarelo, pardela-preta, pardela-de-óculos, bobo-de-cabo-verde, gaivota-maria-velha, gaivotão, trinta-réis-boreal, trinta-réis-real, mandriões e petréis.
De acordo com o observador de bordo, Arian Larroque, “foi possível estreitar a relação da pesquisa e conservação com os pescadores, registrando a interação da pesca com leões marinhos, tartarugas marinhas e espécies de aves. Além disso, o embarque foi extremamente importante para a coleta de dados sobre a interação da pesca com os pinípedes durante o período de reprodução desse grupo.”
Os dados coletados serão comparados com dados apurados pelo Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA) ao longo do Projeto Tartarugas do Mar. Esta pesquisa resultará em diagnóstico sobre a interação dos pinípedes e tartarugas marinhas com a pesca de arrasto nos últimos anos. Os resultados poderão embasar o desenvolvimento de políticas públicas em prol da pesca responsável e da conservação dos mamíferos marinhos no litoral do Brasil.
Tartarugas cabeçudas
As tartarugas cabeçudas são animais que ocorrem em mares tropicais e subtropicais de todo o mundo. Possuem cerca de 140 quilos, cabeça grande, uma mandíbula caracteristicamente forte e nadadeiras curtas e grossas. Sua alimentação é basicamente carnívora, composta por mexilhões, caranguejos e outros invertebrados.
A espécie vem sendo monitorada pelo Projeto Pinípedes do Sul pela necessidade de ações de conservação, pesquisa e coleta de dados que possam levar a caracterização de sua interação com as pescarias de arrasto realizadas no litoral gaúcho. Este trabalho poderá contribuir efetivamente para a conservação de uma espécie que atualmente está caracterizada como “Em Perigo de Extinção”.
As tartarugas marinhas possuem importante papel nos ecossistemas costeiros e marinhos, sendo consumidores de outros organismos marinhos e servindo de substrato para cerca de 100 espécies de plantas. Do mesmo modo, são relevantes para a cadeia alimentar, pois são predadas por outras espécies.
Aves em perigo de extinção
A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) apresenta o status de conservação para cada espécie. Neste embarque, registrou-se a presença do bobo-de-cabo-verde (que possui o status “Quase Ameaçado”, da pardela-preta e da pardela-de-óculos que constam na lista com o status de “Vulnerável” e do albatroz-de-nariz-amarelo classificado como “Em Perigo”.
Sobre o Projeto
O Projeto Pinípedes do Sul, que tem o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, tem o objetivo de reduzir as ameaças à conservação das espécies de Pinípedes, que constitui o grupo de mamíferos marinhos que inclui as focas, leões e lobos-marinhos. O projeto, que também atua na conservação das tartarugas marinhas no sul do Brasil, visa aumentar o nível de proteção de duas Unidades de Conservação onde há grande concentração desses animais (Refúgio de Vida Silvestre do Molhe Leste, em São José do Norte e Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos, em Torres) e desenvolver atividades de educação ambiental junto às comunidades pesqueiras.
Texto e Foto: Assessoria de Comunicação do Projeto Pinípedes do Sul