Rio Grande e Pelotas têm acelerações com relação à curva de crescimento do número de casos da covid-19
Boletim sobre a epidemia por COVID-19 nos dois municípios é elaborado e divulgado semanalmente por professores da FURG e do IFRS
Professores da FURG-IMEF e do IFRS divulgam semanalmente boletins informativos sobre a evolução da epidemia por COVID-19, especificamente para as cidades de Pelotas e Rio Grande, incluindo previsões para o crescimento do número de casos. Segundo os professores responsáveis, Sebastião Gomes e Igor Monteiro, do Instituto de Matemática, Estatística e Física (IMEF) da FURG, Carlos Rocha, do IFRS, com relação à curva de crescimento do número acumulado de casos, Rio Grande e Pelotas apresentavam em 29/12 pequenas acelerações positivas.
Os professores informam que a realização de simulações para uma determinada cidade envolve os seguintes processos: os dados reais da epidemia na cidade passam por uma fase inicial de processamento; posteriormente estes dados processados são inseridos no sistema de identificação paramétrica; uma vez os parâmetros do modelo identificados, estes são atualizados no modelo e, posteriormente, realizam-se simulações e análises de cenários. Nas figuras a seguir são mostrados resultados para Pelotas e Rio Grande, com os dados reais destas cidades obtidos no dia 29/12/2020.
Os pontos em vermelho correspondem ao número acumulado de casos reais, enquanto a curva em azul é a simulação com o modelo. A continuação da curva em azul para além dos pontos em vermelho corresponde à previsão para os próximos 20 dias. O modelo prevê que Pelotas passará de 15.294 casos confirmados em 29/12/2020 para 18.699 em 18/01/2021, enquanto Rio Grande passará de 7.791 casos confirmados em 29/12/2020 para 9.478 em 18/01/2021. Estas previsões poderão se confirmar se não houver mudanças nas situações atuais dos municípios, principalmente correlatas ao isolamento social. O parâmetro mais significativo de uma epidemia é o Índice de Reprodução Basal (R0). No dia 29/12 Pelotas estava com R0=1,02 (significa que 100 novos infectados infectam 102 outros indivíduos, ou seja, a contaminação estava com uma pequena aceleração positiva). No dia 29/12 Rio Grande estava com R0=1,07 (significa que 100 novos infectados infectam 107 outros indivíduos, ou seja, a contaminação estava também com uma pequena aceleração positiva). O ideal é que o índice R0 esteja inferior a 1, provocando assim desaceleração no crescimento do número de casos e, para que isso ocorra, são necessárias medidas de prevenção, sendo a principal delas a ampliação do isolamento social. O distanciamento social em lugares públicos, o uso obrigatório de máscaras e atitudes frequentes de higienização das mãos também contribuem para a diminuição do índice R0.
Os professores informam sobre os erros relativos obtidos com os resultados das previsões disponibilizadas nos quatro últimos boletins, cujo objetivo era prever a situação das cidades no Natal. Em Pelotas houve um decreto municipal que fechou por 5 dias todas as atividades não essenciais. Esta restrição de circulação (associada ao grande impacto da bandeira preta) fez com que previsões realizadas em datas anteriores ao decreto tivessem grandes erros relativos, em torno de 20%. A previsão realizada após o decreto de restrição apresentou erro relativo equivalente a 4%. Em Rio Grande, os erros nas previsões para 30, 22, 15 e 8 dias antes do Natal foram, respectivamente: 12%; 7%; 1,5% e 0,9%. Conforme já esperado, os erros diminuem à medida que o tempo de previsão também diminui. Porém, se um determinado município adota uma medida restritiva da circulação do tipo lockdown, a dinâmica epidêmica muda radicalmente, de forma que previsões efetuadas em datas anteriores à medida de restrição apresentarão maiores erros relativos.
Um aplicativo desenvolvido pelos pesquisadores das duas instituições está disponível gratuitamente para download, o Simcovid 2.0, com o qual o usuário não precisa ser especialista em matemática ou computação para realizar suas próprias simulações e análises de cenários. Este aplicativo pode ser baixado aqui.
Os professores informam ainda que os boletins sobre as situações de Pelotas e Rio Grande são atualizados semanalmente e disponibilizados no espaço COVID-19, da página do Imef. Neste espaço encontram-se um livro e dois artigos científicos já publicados sobre a modelagem matemática que dá origem aos resultados apresentados nos referidos aplicativo e boletins informativos. O professor Sebastião também ressalta o trabalho da aluna da Engenharia de Computação da FURG, Marina Zanotta Rocha, pelo auxílio na obtenção dos dados reais para as cidades de Rio Grande e Pelotas.
Assessoria de Comunicação Social da FURG
Foto: Divulgação FURG