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Rio-grandina lança livro sobre o SUS, o romance ‘Ozzy e Johnny’

O livro ‘Ozzy e Johnny’, da escritora rio-grandina Daiane Chaves, foi lançado em junho deste ano pela editora Ases da Literatura, com o intuito de apresentar ao leitor como surgiu o conceito de saúde pública universal na década de 1970, no Brasil e nas Américas.

Para a autora, o manuscrito nos revela que “o SUS é, na verdade, a única alternativa viável e acessível a todos os cidadãos”. Segundo Daiane, antes da pandemia da COVID-19 era consenso entre os brasileiros que o Sistema Único de Saúde (SUS) aparentava ser ineficiente, quando, na verdade, dado o tamanho do País e o número de habitantes, o que falta são investimentos na área da saúde. A escritora destaca que se vende a narrativa falaciosa de que a solução é subsidiar planos de saúde privados para remediar o problema. “Só que não se pode entregar direitos básicos da população aos interesses do mercado, das corporações dos planos de saúde”, pondera ela.

A narrativa, que foi desenvolvida em dois anos e meio de pesquisa, é conduzida a partir do olhar do protagonista, Richard Osment – um médico norte-americano que foi convocado para uma missão humanitária na Nicarágua, por conta do grande terremoto de dezembro de 1972, onde sua vida transformou-se após envolver-se em saques capitaneados pelas milícias do país, opositoras do Ditador Somoza. Em virtude disso, aceita um emprego no Brasil, mais precisamente em Caravelas, litoral sul da Bahia, por intermédio de um amigo.

O enredo resgata a odisseia dos médicos sanitaristas na década de 70 que desbravavam o interior do país, aplicando a medicina preventiva e paliativa em uma população desamparada, uma vez que só quem contribuía para o antigo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência (INAMPS) tinha direito à assistência médica. Vários desses heróis anônimos acabaram exilados em países da América Latina, como Honduras, El Salvador e Colômbia, retornando ao Brasil com a Lei da Anistia de 1979. Quando retornam, articulam-se com o Congresso Nacional e, como resultado, temos a universalização da saúde como uma das cláusulas pétreas da Constituição.

A escritora relata que em tempos de romances que tentam resgatar a identidade nacional, a exemplo de “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório e “Torto Arado”, de Itamar Vieira Júnior, Ozzy e Johnny traz um recorte da história recente do País, com fatos concatenados que levam o leitor a compreender o contexto social durante a Ditadura Militar, bem como instruem a respeito de doenças neotropicais sem exceto de didatismo.

“Eu submeti o livro para aceitação em setembro do ano passado e ele foi aprovado. Foi surpreendente para mim, porque a temática não é popular, como um livro de autoajuda ou um romance adolescente”, pontuou Daiane.

Escritora

A escritora Daiane Carrasco Chaves nasceu na cidade do Rio Grande (RS), é oceanóloga e servidora pública da Universidade Federal do Rio Grande. Descobriu-se escritora após ter o financiamento de um projeto de pesquisa negado. Inicialmente, o livro serviria como um meio de popularização do conhecimento científico sobre doenças parasitárias e, por fim, transformou-se em um romance histórico.

Jornalista Gabriela Torales

Foto: Rodrigo Lopes/Assessoria de Comunicação

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