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RS aposta no hidrogênio verde como combustível do futuro

H₂V é considerado uma das soluções mais promissoras para a crise climática global

Veículos movidos a hidrogênio e postos de abastecimento de energia limpa em vez de postos de gasolina. Indústrias alimentadas por fontes sustentáveis. Tanques de hidrogênio verde no lugar de barris de petróleo. Este é um cenário novo que poderá revolucionar os setores energético, industrial e de transportes em todo o mundo.

O hidrogênio, que é o elemento químico mais abundante na natureza, é considerado o combustível do futuro no Rio Grande do Sul e em várias partes do Brasil e do mundo. Os grandes acordos internacionais preveem que o hidrogênio verde (H₂V) se tornará um importante recurso energético até 2050.

Em solenidade realizada nesta quinta-feira (16/2), no Instituto Ling, para divulgar as estratégias que serão adotadas a fim de desenvolver a cadeia de hidrogênio verde no Estado, o governador Eduardo Leite afirmou que uma das metas da gestão é fazer do Rio Grande do Sul um local destacado para esses investimentos.

“Realizamos um estudo técnico robusto e, agora, o Estado passa a ter condições de estabelecer políticas públicas que vão estimular ainda mais o setor, como financiar a substituição de transporte coletivo por veículos movidos a hidrogênio, entre outras frentes”, assinalou.

Como o hidrogênio não ocorre isoladamente na natureza, um dos principais métodos para a sua obtenção é decompor a molécula de água (H₂O). Esse processo, chamado eletrólise, usa uma corrente elétrica para quebrar a partícula de água, separando o hidrogênio (H₂) do oxigênio (O₂). O hidrogênio é considerado verde quando a eletricidade usada na “quebra” vem de fontes de energia limpas e renováveis, como a eólica e a solar.

Desse modo, o hidrogênio verde pode ser produzido, principalmente, a partir do aproveitamento da força dos ventos e da radiação solar. Nesse caso, sua obtenção requer a integração com a produção de energia eólica ou solar. Aerogeradores e placas solares são o primeiro passo para chegar ao H₂V.

A energia solar ou eólica é convertida em energia elétrica, que é conduzida a eletrolisadores, equipamentos que permitem a “quebra” da água, gerando H₂V. Em dispositivos denominados células a combustível, ocorre o processo inverso: o hidrogênio pode ser transformado em eletricidade, sem emissão de gás carbônico (CO₂).

É assim que o gás hidrogênio pode fornecer energia para impulsionar motores ou servir como matéria-prima para a produção siderúrgica, química e petroquímica, dentre outras aplicações. Além disso, derivados do H₂V, como a amônia verde e o hidrogênio líquido, poderão ser utilizados, no futuro, para abastecer navios de carga ou aviões de passageiros.

Grande aposta da transição energética

Atualmente, as três principais fontes de energia em todo o mundo são combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural). Juntas, essas fontes representam cerca de 80% do consumo mundial de energia.

Entretanto, a queima desses combustíveis gera gases poluentes, como o CO₂. O H₂V é 100% sustentável, ou seja, não emite CO2, nem durante o processo de produção nem durante a combustão, que libera apenas vapor de água, sem deixar resíduos negativos no ar, ao contrário dos combustíveis fósseis. Por isso, se diz que o hidrogênio verde é carbono zero.

O H₂V é visto como uma alternativa aos combustíveis fósseis. Também chamado de hidrogênio limpo, hidrogênio sustentável ou hidrogênio de baixo carbono, o novo energético tem o potencial de substituir grandes volumes de diesel e propiciar, no longo prazo, uma redução significativa das emissões de CO₂.

Descarbonização é meta mundial

A corrida para descarbonizar o planeta já começou. A ciência aponta a necessidade de neutralizar as emissões de CO2, e o H₂V tem sido considerado uma das soluções mais promissoras para a crise climática global. O novo combustível, que é uma energia totalmente limpa, pode ser a peça-chave para a descarbonização.

O H₂V está na agenda do combate às mudanças climáticas. O Acordo de Paris, adotado em 2015, estabelece que, até 2050, os países precisam neutralizar as emissões de gases de efeito estufa a fim de conter o aumento da temperatura média global.

O Rio Grande do Sul é signatário do Acordo de Paris e, no ano passado, aderiu também às campanhas Race to Zero (Corrida para o Zero) e Race to Resilience (Corrida para a Resiliência), das Nações Unidas, assumindo o compromisso de reduzir as emissões em 50% até 2030 e de neutralizá-las até 2050.

Estimular iniciativas para a produção de hidrogênio limpo é uma das diretrizes do governo gaúcho. Por meio do programa Avançar na Sustentabilidade, o Estado destinou R$ 5 milhões para o Projeto Hidrogênio Verde. A meta é reduzir o consumo de combustíveis fósseis.

“Além das razões econômicas, o investimento em hidrogênio verde se deve à nossa compreensão da necessidade de minimizar os efeitos das mudanças climáticas, acelerados pela ação humana. A partir dessa consciência, estamos buscando fazer a nossa parte para essa redução”, observou o governador Eduardo Leite.

Uma nova identidade produtiva no RS

Além de frear impactos ambientais, o desenvolvimento da cadeia de H₂V visa fomentar o desenvolvimento econômico regional e gerar empregos, renda e qualidade de vida. Para viabilizar a sua produção, o Estado vem formalizando parcerias com várias empresas reconhecidas internacionalmente.

Já foram firmados quatro memorandos de entendimento, com as empresas White Martins, Enerfín, Neoenergia e Ocean Winds, que estão interessadas em realizar estudos ou implementar projetos relacionados ao hidrogênio sustentável no Rio Grande do Sul. Boa parte desses projetos considera a integração com investimentos em usinas eólicas offshore, em alto-mar.

Em julho de 2022, o governo contratou a empresa de consultoria americana McKinsey & Company para estudar as perspectivas do mercado de H₂V no Estado. A empresa elaborou um plano detalhado para o desenvolvimento econômico do setor.

O Rio Grande do Sul apresenta diversas vantagens competitivas para a produção do H₂V, como o grande potencial para a geração de energia eólica e solar. Atualmente, 82% da matriz de energia elétrica do Estado é renovável. Além disso, os recursos naturais em abundância, a extensa costa marítima e a ocorrência de lagoas também podem favorecer esse novo mercado.

A estrutura portuária do Rio Grande do Sul é outro fator positivo, que poderá facilitar o escoamento da produção. O Estado dispõe de três portos públicos – de Rio Grande, Porto Alegre e Pelotas. Essa infraestrutura viabiliza a ligação da região sul com os demais mercados brasileiros, europeus e americanos. O Estado conta, ainda, com uma boa base logística e produtiva, linhas de transmissão, hidrovias, rodovias e ferrovias, além de universidades e centros de ciências e tecnologia.

Com o H₂V, o Estado pretende ter uma nova identidade produtiva e uma nova vocação econômica. “O Rio Grande do Sul tem capacidade de geração de energias renováveis para alimentar a produção desse hidrogênio e possui também demanda interna, a partir das refinarias, da agricultura e da nossa indústria química, de modo que a nossa produção conseguirá competir com outros locais do país e do mundo”, avaliou Leite.

SECOM RS

Foto: SECOM RS

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