Safra 2022/2023 apresenta redução de 40,28% nas derivas de herbicidas hormonais
A Seapi recebeu 55 denúncias de deriva de agrotóxicos, que resultaram na coleta de 58 amostras nas propriedades atingidas
O número de propriedades atingidas por deriva de herbicidas hormonais reduziu em 40,28% na safra 2022/2023 em comparação com a safra anterior. É o que aponta o relatório elaborado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) a partir das análises realizadas durante a safra de verão no Rio Grande do Sul. A Secretaria recebeu 55 denúncias de deriva de agrotóxicos, que resultaram na coleta de 58 amostras nas propriedades atingidas.
As amostras analisadas foram divididas em combos de princípios ativos. Em algumas denúncias, os sinais não indicavam ação de herbicidas hormonais, levando à investigação de outros princípios ativos. Foram feitas análises de herbicidas hormonais em 53 amostras, incluindo o princípio ativo 2,4-D.
Dessas amostras, 45 apresentaram laudo positivo, totalizando 43 propriedades atingidas (houve duas coletas numa mesma propriedade). A deriva de 2,4-D atingiu as seguintes culturas: uva, com 26 ocorrências; noz-pecã, oliveira e morango, com duas ocorrências; e tabaco, maçã, tomate, trigo, pêssego, milho e laranja, com uma ocorrência.
“O número de propriedades rurais atingidas por deriva de 2,4-D vem reduzindo desde 2019, quando foram publicadas as primeiras instruções normativas da secretaria. Essas instruções trouxeram diversas ações de mitigação, como: treinamento de aplicadores; fiscalização direcionada para o uso, comércio e prescrição dos herbicidas hormonais; declaração de uso; registro de sistemas de cultivos sensíveis; entre outros aspectos”, detalha o diretor do Departamento de Defesa Vegetal da Seapi, Ricardo Felicetti.
Se for considerada a redução de 23,41% registrada na safra 2021/2022, houve uma diminuição de mais de 63% nos casos de deriva no Rio Grande do Sul nos últimos dois anos. “Isso foi possível graças ao trabalho de orientação e fiscalização da Seapi, com a colaboração do setor produtivo, sindicatos, empresas de extensão rural, escolas de capacitação e fabricantes de agrotóxicos”, complementa o chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários da Seapi, Rafael Lima.
Glifosato e outros princípios ativos
Uma novidade nesta safra foi a análise do glifosato, que está associado ao uso de herbicidas hormonais. Das 53 amostras avaliadas, 30 apresentaram resultado positivo para esse princípio ativo, atingindo 30 propriedades.
O princípio ativo clomazona foi investigado em 18 amostras, com 10 laudos positivos e oito propriedades distintas atingidas.
Outros princípios ativos identificados nas amostras foram: dicamba, uma ocorrência em lavoura de milho, em Três Arroios; quincloraque, uma ocorrência em noz-pecã, em Cachoeira do Sul; e fluroxipir-meptílico, uma ocorrência em oliveira, em São Sepé.
Para Rafael, os dados evidenciam um problema de tecnologia de aplicação, gerando deriva de outros princípios ativos que não são herbicidas hormonais. “É necessário capacitar os produtores, dar assistência, regular os pulverizadores e aplicar produtos somente quando as condições de vento, umidade relativa do ar e temperatura estiverem dentro das faixas de segurança preconizadas”, alerta.
Ascom Seapi
Foto: Luciane Rubim/Ascom Seapi