Sobre Janeiro, Cadernos e Recomeços
Não se pode dizer que eu seja a maior especialista em autoconhecimento do século XXI, e realmente existem poucas afirmações que eu posso fazer sobre mim mesma sem vacilar, mas uma coisa é tão inquestionável quanto o azul do céu: eu levo artigos de papelaria muito a sério. Sou a maníaca dos lápis, canetas, post-its… Mas especialmente dos cadernos.
Já comecei este ano com pelo menos três cadernos novos: dois literais e um figurado – o ano que começa. Janeiro, para mim, é como uma agendinha ainda intocada; as páginas em branco clamando por registros, como uma novíssima história prestes a ser escrita. O pensamento clichê é fruto da minha esperança de reinvenção anual. Todo ano eu crio novas e numerosas metas de transformações de comportamento, como o súbito desenvolvimento de uma maneira zen de encarar as adversidades e habilidades de organização dignas de orgulhar Marie Kondo e minha mãe. O problema é que eu geralmente desisto por volta de abril – em um ano de bastante persistência para cumprir minhas metas.
Isso não me impede de começar o ano com uma agenda em branco. Não gosto de mudanças, mas este recomeço em especial me enche de esperança. Se não uma chance de fazer tudo certo (isso nunca ninguém fez), gosto de pensar no primeiro mês do ano como o prólogo de um período de aprendizagens e crescimento. Por isso, a cada janeiro, eu sento à minha escrivaninha. Respiro fundo. Abro o caderno. E, sem vacilar, toco o papel com a ponta da caneta.
Autora: Valentina Pinheiro – Inspira
Foto: Pixabay