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Tua voz no vento

É bem provável que não tenhas ideia disto, mas eu ainda guardo com todo o carinho aquela nossa foto, tirada naquela cabine tantos anos atrás. Nossos sorrisos em meio a echarpes de plumas e chapéus coloridos demonstram o brilho daquele Momento Precioso e Inesquecível, naqueles dias em que sentíamos na pele o prazer de estarmos vivos e, felizmente, ao lado um do outro. Talvez não te cruze à mente o pensamento de que, volta e meia, releio as mensagens que trocávamos, e observo com um calor gostoso no peito, “como nos divertíamos!”. Mas algo me diz que você tem saudade daquelas nossas horas compartilhadas tanto quanto eu.

Claro que sinto falta. Óbvio que queria que tivesse sido diferente, quem não quer afinal?, mas não consigo nem mesmo entender o que aconteceu. Sei o que tu dirias se eu falasse disso pra ti: simples, o tempo aconteceu, e em condições normais de temperatura e pressão eu reviraria os olhos e mudaria de assunto. Porém hoje eu assinto comigo mesma e fecho os olhos pra ouvir tua voz no vento. Vez ou outra ela vem.

Presta atenção, por favor, e não pensa bobagem, meu bem: lógico que não guardo mágoa. A vida foi acontecendo na gente do jeito que ela faz; partes de nós viraram pedra e outras ficaram macias demais. Chegou um momento em que o nosso Sentido não existia mais. E sabe de uma coisa? Tudo bem.

Porque ainda estamos rindo juntos das coisas que a vida faz na minha estante. No meu coração também.

Autora: Valentina Pinheiro/Inspira

Foto: Pixabay

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