Violência contra mulher: ações de combate são desenvolvidas na FURG
Comitê HeForShe na universidade trabalha realizando atividades sobre o assunto mesmo durante pandemia
Em tempos de pandemia de Covid-19, a recomendação dos órgãos de saúde é manter-se em casa. Com o isolamento social, os números de violência contra mulher que antes já eram alarmantes aumentaram. Dados da Delegacia Especializada para a Mulher (Deam) de Rio Grande indicam que até abril de 2020, os registros no município cresceram 17,56% comparados ao ano anterior.
Com o objetivo de minimizar qualquer tipo de violência contra mulheres e meninas, a FURG e o Comitê Impulsor do Movimento HeForShe fomentam, durante todo o ano, ações de combate. As atividades são realizadas em parceria com as pró-reitorias e a Ouvidoria da universidade.
Março Lilás
No âmbito da campanha Março Lilás, a FURG promoveu diversos projetos que abordaram o tema e levantaram discussões sobre a violência contra mulher.
O projeto “Traços e Versos de Resistência – Março Lilás 2020”, realizado pelo Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola (Gese), produziu materiais informativos com desenhos e poesias feitas por crianças e adolescentes das escolas públicas de Rio Grande com discussões sobre a violência contra as mulheres.
Também promovido pelo Gese, o grupo realizou uma palestra na empresa Yara Fertilizantes com a pauta “Gese e Yara juntos no combate a violência contra mulher”. O objetivo foi debater o tema com os colaboradores da empresa.
Em 11 de março, ocorreu a mesa redonda “Em pauta: violência e assédio”, com as docentes Daniele Acosta e Elisa Celmer, da FURG, Ana Cláudia Lucas, da UFPel, e a assistente social Fernanda Pereira (Caic/FURG).
Juntamente com a Acolhida Cidadã, da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), foram realizadas orientações para testes rápidos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) para mulheres da comunidade universitária.
A exposição “Até que a morte nos separe”, da artista plástica gaúcha Graça Craidy, apresentava pinturas retratando mulheres que foram vítimas de violência, mortas pelos maridos ou ex-companheiros. As pinturas têm como base fotos publicadas na internet de cenas de crimes em várias partes do país.
Também como exposição, a atividade “Vozes de Mulheres – Existências e (Re)existências” foi promovida por estudantes de graduação, mestrado e doutorado em Letras, envolvendo peças autorais femininas marcadas pela opressão de gênero e etnia. A ação teve a coordenação da docente Luciana Coronel.
Na campanha Março Lilás, foram realizados atendimentos multidisciplinares com foco nos direitos das mulheres no Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH) da FURG.
Covid-19 e pandemia
Com a pandemia de Coronavírus, o isolamento social e a suspensão das atividades na FURG, as ações que utilizavam espaços físicos na universidade e envolviam aglomeração de pessoas foram canceladas. De acordo com Juliana Lapa e Daniele Acosta, representantes do Comitê HeForShe na FURG, foi possível manter apenas as atividades que aconteciam com a utilização de ferramentas online.
Entre elas, ações propostas com a parceria entre Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) da FURG, a Diretoria de Arte e Cultura (DAC), os institutos de Educação (IE) e Letras e Artes (ILA), o Serviço Social do Caic, o comitê HeForShe, a Prefeitura Municipal do Rio Grande e o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). As ações contemplaram inúmeras mulheres e meninas que tiveram acesso à orientação de direitos sociais, garantia de acesso ao direito assistencial e educação em saúde.
Em um trabalho articulado com o Serviço Social do Caic, a Pró-reitoria de Extensão e Cultura da FURG realiza ações voltadas a mulheres e meninas da comunidade no entorno da universidade, especialmente as residentes nos bairros da zona oeste do município.
Setores da Proexc como a DAC e o Birô das Artes Gráficas, com o apoio do coletivo HeForShe na FURG, bem como de outros setores da universidade e de instituições públicas de Rio Grande, distribuíram cartazes e cards numa campanha contra a violência de meninas e mulheres. O objetivo da ação foi divulgar os serviços de proteção social em que as vítimas podem recorrer, mesmo em período de isolamento.
O serviço de Teleacolhimento Social do Caic, implementado no período de isolamento social, realiza atendimentos e orientações de direitos sociais. Cerca de 300 famílias já foram atendidas, a maioria, 98,7%, representadas por mulheres. Durante o período de isolamento, em parceria com a Prefeitura Municipal do Rio Grande, foram realizadas 425 visitas domiciliares e entregues mais de 380 cestas básicas.
Uma parceria entre os coletivos “Máscaras para a Comunidade”, coordenado pela professora Suzane Gonçalves, do Instituto de Educação (IE), “Matola”, com a coordenação das docentes Viviane Kwecko e Rita Rache, do Instituto de Letras e Artes (ILA), e “Mãos de Bem”, sob responsabilidade do professor Serguei da Silva, do Instituto Federa do Rio Grande (IFRS), distribuiu 1.580 máscaras para famílias do Caic e outras residentes no entorno do Campus Carreiros.
O Observatório de Políticas Públicas de Promoção da Equidade de Gêneros e Cidadania busca manter o espaço atualizado com produções científicas, documentos, relatórios, leis e decretos que tratem sobre gêneros, a fim de informar a população sobre a temática.
Propostas pré-pandemia
Para combater a violência contra mulheres e meninas, foram pensadas ações para realização ao longo do ano. Com a pandemia, muitas das atividades tiveram que ser repensadas. Como por exemplo as ações do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Enfermagem, Gênero e Sociedade (Gepergs), da Escola de Enfermagem (EEnf) sobre violência doméstica contra a mulher.
O projeto de extensão “Violência contra mulher e o empoderamento de pessoas usuárias da atenção básica” é realizado nas 25 Unidas Básicas de Saúde da Família (UBSF) de Rio Grande. São realizadas apresentações, momentos de reflexão, discussão e sensibilização das usuárias da atenção básica com relação a temas como gênero, patriarcado, saúde, a Lei 11.340 – Maria da Penha – e os tipos de violência.
“Representações sociais de universitários moradores da casa do estudante: violência nas relações afetivo-sexuais” é um projeto de pesquisa com o objetivo de analisar essas representações dos moradores das CEUs da FURG. Os participantes responderam a entrevistas que serviram para análises. A partir desses materiais, ações estão sendo planejadas para retornar os dados aos estudantes e promover o debate.
O projeto de ensino “Violência contra a mulher: uma reflexão necessária” tem o objetivo de levar até a sala de aula reflexões referentes à violência contra mulher. De caráter contínuo, o projeto ocorre a partir da participação na disciplina de Saúde da Mulher, do curso de Enfermagem, a fim de promover a reflexão sobre o tema e chamar atenção para o cuidado dessas mulheres.
Além de todas as ações descritas acima, a FURG promove atividades vinculadas aos comitês gaúcho e nacional do HeForShe, que tem focado nas ações desenvolvidas e/ou pensadas durante o isolamento social.
Assessoria de Comunicação Social da FURG
Foto: Divulgação